Apareces com frases curtase dizes qualquer coisa viciado.Pesa-te o mundo inteiro,pesa-te que eu coma assim e que não coma assado,falas mal da minha barriga, que está tão bem,tenho sempre algo de censurável para ti,nem que seja estar constipadoe eu nunca constipo.Atacas, contra-atacase tens um argumentário sôfrego em defesa seja do que absurdo for, mesmo em defesa de que é nada e sem dignidade para ti,um Homem semeado ou um enchido defumado.Ah, o cansaço que mora em ti rio riste,espada que brandas, sono, gume, estrada,riqueza morta de sonhos, picada de pulga em pêlo de cão. Pêlo de gato.Dêem-me algo com que me enfureça,algo com que esperneie, estrebuche, espume,a adrenalina da palavra, dêem-ma!Já que me não vejo agora mesmo extático em pleno Museo del Prado,parando e pasmando a meu bel-prazer,já que ainda não voei nem estou onde quero,dêem-me a palavra e o pretexto,que explodirei verbonuclear,farei uma hecatombe,amplificarei, contagioso, uma gripe vocabularcom vírgulas, pontos e acentos a apontar à esquerda-febre e à febre-direita.Pensei que caminhávamos noutra direcção.Por séculos, imensos, séculos de mais, a mulher não valia nada,sem direitos, desigual, ainda mais carregada de trabalhos domésticos e de outros trabalhos,sempre fodida a gosto e a contragosto,menos importante que um filho, mais assassinável por maridos cabrões por estar gorda e ser adúltera,por estar feia e ser adúltera.E assim é em tantos sítios ainda.Como não valha nada e use burkas e oclusivos lençosé como se nós, nesta despovoada e pedante Europa, todos nós,quiséssemos exercer o direito a uma quota-parte de barbárie,entre matar crianças, coisa em que Portugal se destaca todos os anos,e poupá-las ao pavor de existir,não haja dúvidas,que não haja dúvidas!
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Apareces com frases curtase dizes qualquer coisa viciado.Pesa-te o mundo inteiro,pesa-te que eu coma assim e que não coma assado,falas mal da minha barriga, que está tão bem,tenho sempre algo de censurável para ti,nem que seja estar constipadoe eu nunca constipo.Atacas, contra-atacase tens um argumentário sôfrego em defesa seja do que absurdo for, mesmo em defesa de que é nada e sem dignidade para ti,um Homem semeado ou um enchido defumado.Ah, o cansaço que mora em ti rio riste,espada que brandas, sono, gume, estrada,riqueza morta de sonhos, picada de pulga em pêlo de cão. Pêlo de gato.Dêem-me algo com que me enfureça,algo com que esperneie, estrebuche, espume,a adrenalina da palavra, dêem-ma!Já que me não vejo agora mesmo extático em pleno Museo del Prado,parando e pasmando a meu bel-prazer,já que ainda não voei nem estou onde quero,dêem-me a palavra e o pretexto,que explodirei verbonuclear,farei uma hecatombe,amplificarei, contagioso, uma gripe vocabularcom vírgulas, pontos e acentos a apontar à esquerda-febre e à febre-direita.Pensei que caminhávamos noutra direcção.Por séculos, imensos, séculos de mais, a mulher não valia nada,sem direitos, desigual, ainda mais carregada de trabalhos domésticos e de outros trabalhos,sempre fodida a gosto e a contragosto,menos importante que um filho, mais assassinável por maridos cabrões por estar gorda e ser adúltera,por estar feia e ser adúltera.E assim é em tantos sítios ainda.Como não valha nada e use burkas e oclusivos lençosé como se nós, nesta despovoada e pedante Europa, todos nós,quiséssemos exercer o direito a uma quota-parte de barbárie,entre matar crianças, coisa em que Portugal se destaca todos os anos,e poupá-las ao pavor de existir,não haja dúvidas,que não haja dúvidas!