PALAVROSSAVRVS REX: Verde Acrídio

23-05-2009
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Uma brisa de leste, onde se mistura pinho e eucalípto incinerados numa indefinível secura sã e odorosa,deixa-nos, nestes dias, as portadas do quarto em suaves partos de lua, e o acesso franqueado ao sereno ventre da noite.Ondulam cortinas em arrancos doidos (estremecimentos, espasmos,como quando se rompem águas), e o drapejante som delas ouve-se, velas pandas às visões visionárias,competindo com o deflagrar longínquo de motores em trânsito,ou o rodar cadenciado, binário, em lentos carris, de metálicos longes.Por vezes, algo em nós ousa ter ouvido um remoto campanário, afagando a longa densidade de uma memória.Subitamente, um ortóptero errante, verde, delicado, invadindo o quarto,vem beijar-me, macio, manso, sonoro, o flanco,asas de seda apressada me roçaram.Despido, estava eu de bruços e falava-te, despida, com um entusiasmo de menino, sobre um sonho qualquer acordadoe tinha o teu olhar no meu em flamas vivas de atenção cravado.Chamaste-lhe esperança. Chamei-lhe gafanhoto.(Era toda uma meiguice feita insecto juvenil, tão delgado).Mas concordamos na mensagem que nos trazia:fosse o que fosse, era coisa boa... E foi.Porque, numa fulguração de essencial,me apareceste tão reaparecida,que pude ver-te ainda melhorna explosão de doçura, ventura resumida, da tua mãoardendo na minha.Joaquim Santos


Uma brisa de leste, onde se mistura pinho e eucalípto incinerados numa indefinível secura sã e odorosa,deixa-nos, nestes dias, as portadas do quarto em suaves partos de lua, e o acesso franqueado ao sereno ventre da noite.Ondulam cortinas em arrancos doidos (estremecimentos, espasmos,como quando se rompem águas), e o drapejante som delas ouve-se, velas pandas às visões visionárias,competindo com o deflagrar longínquo de motores em trânsito,ou o rodar cadenciado, binário, em lentos carris, de metálicos longes.Por vezes, algo em nós ousa ter ouvido um remoto campanário, afagando a longa densidade de uma memória.Subitamente, um ortóptero errante, verde, delicado, invadindo o quarto,vem beijar-me, macio, manso, sonoro, o flanco,asas de seda apressada me roçaram.Despido, estava eu de bruços e falava-te, despida, com um entusiasmo de menino, sobre um sonho qualquer acordadoe tinha o teu olhar no meu em flamas vivas de atenção cravado.Chamaste-lhe esperança. Chamei-lhe gafanhoto.(Era toda uma meiguice feita insecto juvenil, tão delgado).Mas concordamos na mensagem que nos trazia:fosse o que fosse, era coisa boa... E foi.Porque, numa fulguração de essencial,me apareceste tão reaparecida,que pude ver-te ainda melhorna explosão de doçura, ventura resumida, da tua mãoardendo na minha.Joaquim Santos

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