PALAVROSSAVRVS REX: MAUTHAUSEN

30-09-2009
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Quando os livros mataram Deus,nem assim puderam os homens dar a morte aos homens mais desesperada e completamente.Sobrevivia a vontade de ser, ficara ainda assim a esperança.Existir era mais forte, mesmo dando o electrossuicidário passo redentor.Mauthausen: nunca mais acabarás de reduzir a cinza a abominável opressão em ti havida.E não mais se calará o grito que em ti ecoa multiplicado e insepulto depois do crime mais metódico e asqueroso.Filamento de nada-seda é agora respirarmos, nós, os obesos da liberdade e do Ainda Aqui,beneficiários de respiração democrática e tão provisória.Eles, porém, sofreram o matadouro,rezes desmanchadas na mais imunda impiedade,foram processados-coisa,infra-coisa,órgãos,pele, cabelo,recorte tatuado de carnes,dentes, cáries em ouro resolvidas,corpórea pilhagem.Mas entre diarreias,o frio, a lama e o lodo, estive Eu Todo,nessa Mauthausen que não passa.Estive Eu.Manso, chorando a cinza,manso, cheio de além-amor, além-amor que só se pode ter,que somente pode haver, assim inabalável, assim inquebrável,quando se suspeita, como quem vê, o Outro Lado.Meu olhar perdoador provindo do Outro Lado!Meu Coração batendo passarinho e doce, materno e manso,cheio de além-amor, mesmo em face de este completo Inferno,de este Abismo Negro,além-amor (ó palavra custosa e pouca, amor!) tão grandee tão manso, espargindo Sentido a partir do Outro Ladono lado de cá-dor.Onde estava Eu quando houve Mauthausen?Que pergunta tão sem Fé, filhos?Estava Eu precisamente aqui, nas mesmas câmaras de gás,comprimido e sufocado,na mesma morte retardada e lenta e esquecida, impontual,sob as mesmas botas, agonizando todos os dias,em cada amado filho, em cada amada filha.Não Me entreguei uma vez e inteiramente, por absoluto e irredutível amor à Criatura Homem,para depois deixar de o fazer sempre, partilhando com cada um dos meus filhos as consequências do caos,quando o aquém-amor se rarefaz mais ainda.Ó espesso absurdo,ó dor que ainda dói igual e virgem,que não podes ser aceite ou compreendidanem em milhões de séculos,cadáver indesfeito e inconsumível que nunca cinzifica,terás somente Portona luz absolutamente mansa e feliz do Outro Lado,verás aí como serei Eu a enxugar todas as lágrimasverás então de que mansidão impensável, de que impensável delicadeza,sou feito e é feito o Céu,teu Descanso, Matéria Vivade que te visto de CORPO.


Quando os livros mataram Deus,nem assim puderam os homens dar a morte aos homens mais desesperada e completamente.Sobrevivia a vontade de ser, ficara ainda assim a esperança.Existir era mais forte, mesmo dando o electrossuicidário passo redentor.Mauthausen: nunca mais acabarás de reduzir a cinza a abominável opressão em ti havida.E não mais se calará o grito que em ti ecoa multiplicado e insepulto depois do crime mais metódico e asqueroso.Filamento de nada-seda é agora respirarmos, nós, os obesos da liberdade e do Ainda Aqui,beneficiários de respiração democrática e tão provisória.Eles, porém, sofreram o matadouro,rezes desmanchadas na mais imunda impiedade,foram processados-coisa,infra-coisa,órgãos,pele, cabelo,recorte tatuado de carnes,dentes, cáries em ouro resolvidas,corpórea pilhagem.Mas entre diarreias,o frio, a lama e o lodo, estive Eu Todo,nessa Mauthausen que não passa.Estive Eu.Manso, chorando a cinza,manso, cheio de além-amor, além-amor que só se pode ter,que somente pode haver, assim inabalável, assim inquebrável,quando se suspeita, como quem vê, o Outro Lado.Meu olhar perdoador provindo do Outro Lado!Meu Coração batendo passarinho e doce, materno e manso,cheio de além-amor, mesmo em face de este completo Inferno,de este Abismo Negro,além-amor (ó palavra custosa e pouca, amor!) tão grandee tão manso, espargindo Sentido a partir do Outro Ladono lado de cá-dor.Onde estava Eu quando houve Mauthausen?Que pergunta tão sem Fé, filhos?Estava Eu precisamente aqui, nas mesmas câmaras de gás,comprimido e sufocado,na mesma morte retardada e lenta e esquecida, impontual,sob as mesmas botas, agonizando todos os dias,em cada amado filho, em cada amada filha.Não Me entreguei uma vez e inteiramente, por absoluto e irredutível amor à Criatura Homem,para depois deixar de o fazer sempre, partilhando com cada um dos meus filhos as consequências do caos,quando o aquém-amor se rarefaz mais ainda.Ó espesso absurdo,ó dor que ainda dói igual e virgem,que não podes ser aceite ou compreendidanem em milhões de séculos,cadáver indesfeito e inconsumível que nunca cinzifica,terás somente Portona luz absolutamente mansa e feliz do Outro Lado,verás aí como serei Eu a enxugar todas as lágrimasverás então de que mansidão impensável, de que impensável delicadeza,sou feito e é feito o Céu,teu Descanso, Matéria Vivade que te visto de CORPO.

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