Os Congressos do PSD, hoje como sempre, são pequenas amostras, reflexos da sociedade portuguesa, com toda a sua teia de anseios, preocupações e aspirações. Dos modos de geração de rupturas à criação de consensos, da veneração do poder à construção de projectos pessoais e de grupo, do mito dos homens providenciais às "lutas de classes" (numa versão muito própria e por vezes insólita), cada uma destas reuniões daria para várias teses na área da psicossociologia.As eleições directas tiraram parte da adrenalina do evento, mas a tensão e a emoção mantêm-se nas expectativas sobre os posicionamentos das figuras-chave do partido que, naturalmente, condicionarão as lideranças já eleitas.Neste âmbito, o Congresso hoje finalizado trouxe-me algumas evidências que marcarão os próximos tempos e que aqui deixo de forma solta:- A cada vez maior diversidade de correntes e tendências que o novo líder, obrigatoriamente terá de gerir (e, se possível, tentar federar) - até porque se percebe que os indefectíveis da nova direcção não são assim tão maioritários;- A noção de que, afinal, muitos dos "notáveis" se afastarão ou esperarão para ver, não se ligando por agora à nova liderança; - A percepção que, afinal, a "renovação" se fez repescando figuras com provas dadas no passado (Couto dos Santos, Arlindo de Carvalho, Duarte Lima e outros) e não com novos valores que tragam verdadeiramente a inovação nas projectos e nas práticas;- A preocupação de Luís Filipe Meneses em apresentar conteúdos programáticos aprofundados para contrariar o estigma do populismo, sem linha de rumo e sem coerência - preocupação patente no seu longuíssimo discurso final, que se justifica e foi bem sucedida;- A sensação de virá aí um posicionamento do novo PSD "à esquerda" do Governo em muitas das matérias (opção claramente errada, na minha óptica); - A aposta no lançamento para cima da mesa (oportuno, a meu ver) da construção de uma nova Constituição, que não seja apenas um remendo da actual e que responda claramente aos desafios de um sistema político para o séc. XXI;- O regresso (ou verdadeira emergência) de um protagonista, de seu nome Pedro Passos Coelho, que, aferindo pela sua excelente intervenção, promete marcação crítica e escrutinadora do desempenho da nova liderança - prenúncio de uma nova geração?Um novo Congresso do PSD seguirá dentro de momentos...
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Os Congressos do PSD, hoje como sempre, são pequenas amostras, reflexos da sociedade portuguesa, com toda a sua teia de anseios, preocupações e aspirações. Dos modos de geração de rupturas à criação de consensos, da veneração do poder à construção de projectos pessoais e de grupo, do mito dos homens providenciais às "lutas de classes" (numa versão muito própria e por vezes insólita), cada uma destas reuniões daria para várias teses na área da psicossociologia.As eleições directas tiraram parte da adrenalina do evento, mas a tensão e a emoção mantêm-se nas expectativas sobre os posicionamentos das figuras-chave do partido que, naturalmente, condicionarão as lideranças já eleitas.Neste âmbito, o Congresso hoje finalizado trouxe-me algumas evidências que marcarão os próximos tempos e que aqui deixo de forma solta:- A cada vez maior diversidade de correntes e tendências que o novo líder, obrigatoriamente terá de gerir (e, se possível, tentar federar) - até porque se percebe que os indefectíveis da nova direcção não são assim tão maioritários;- A noção de que, afinal, muitos dos "notáveis" se afastarão ou esperarão para ver, não se ligando por agora à nova liderança; - A percepção que, afinal, a "renovação" se fez repescando figuras com provas dadas no passado (Couto dos Santos, Arlindo de Carvalho, Duarte Lima e outros) e não com novos valores que tragam verdadeiramente a inovação nas projectos e nas práticas;- A preocupação de Luís Filipe Meneses em apresentar conteúdos programáticos aprofundados para contrariar o estigma do populismo, sem linha de rumo e sem coerência - preocupação patente no seu longuíssimo discurso final, que se justifica e foi bem sucedida;- A sensação de virá aí um posicionamento do novo PSD "à esquerda" do Governo em muitas das matérias (opção claramente errada, na minha óptica); - A aposta no lançamento para cima da mesa (oportuno, a meu ver) da construção de uma nova Constituição, que não seja apenas um remendo da actual e que responda claramente aos desafios de um sistema político para o séc. XXI;- O regresso (ou verdadeira emergência) de um protagonista, de seu nome Pedro Passos Coelho, que, aferindo pela sua excelente intervenção, promete marcação crítica e escrutinadora do desempenho da nova liderança - prenúncio de uma nova geração?Um novo Congresso do PSD seguirá dentro de momentos...