VERITAS FILIA TEMPORIS: POLÍTICA DA CULTURA DE SANTANA LOPES E CARRILHO (MAIO 1996)

25-05-2009
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Sob a égide de Malraux e de Lang, o que é copiado como "estratégia" deste Ministério de "esquerda", não é sequer o intervencionismo do Estado, é em primeiro lugar o papel da "cultura" como instrumento de propaganda e legitimação política dos governos e dos ministros. O intervencionismo decorre daí. Foi aliás o mesmo Jacques Lang que inspirou o Dr. Santana Lopes, como ele expressamente admitiu... e que mostra que há mais continuidades do que diferenças. Aliás o intervencionismo cultural é muito semelhante nos seus resultados, mesmo quando difere nos métodos.
O Secretário de Estado Santana Lopes percebeu que na área da cultura para se sobreviver era preciso "intervir", ou seja "subsidiar". Foi o que ele fez com habilidade, começando por "subsidiar" extensivamente o teatro, criando logo de imediato uma clientela e colocando contra si, todos os outros grupos que desejavam idênticas benesses. Depois, contando com a natural inércia dos "subsidiados", mudou para outra área cultural, onde certamente, se tivesse tempo, recolheria idênticos apoios. A seguir passaria para outra área e assim sucessivamente, sempre no mesmo ciclo de dador de benesses do Estado e de recebedor do apoio político dos intelectuais beneficiados. Em todos os sítios onde deu, recebeu. Mas como os recursos eram escassos, esta política gera sempre a prazos mais fome do que fartura.
Esta política era desordenada, caótica e pontual? É verdade. O Ministro da Cultura hoje deseja-a ordenada e "institucionalizada" administrativamente? Deseja. Esta política era feita com base nas preferências pessoais dos governantes e nos seus "gostos" e "desgostos" nem sempre muito "informados culturalmente"? Era. Mas o Ministro da Cultura, tendo a vantagem de ser do meio, logo ser mais "informado", e conhecer melhor os mecanismos de legitimidade estética hoje circulantes, não deixa de fazer a mesma coisa só que com maior cobertura "cultural". Mas a política é rigorosamente a mesma como uma análise estrutural às despesas do Ministério, às suas prioridades e ao seu modus operandi revela.
(Maio de 1996)

Sob a égide de Malraux e de Lang, o que é copiado como "estratégia" deste Ministério de "esquerda", não é sequer o intervencionismo do Estado, é em primeiro lugar o papel da "cultura" como instrumento de propaganda e legitimação política dos governos e dos ministros. O intervencionismo decorre daí. Foi aliás o mesmo Jacques Lang que inspirou o Dr. Santana Lopes, como ele expressamente admitiu... e que mostra que há mais continuidades do que diferenças. Aliás o intervencionismo cultural é muito semelhante nos seus resultados, mesmo quando difere nos métodos.
O Secretário de Estado Santana Lopes percebeu que na área da cultura para se sobreviver era preciso "intervir", ou seja "subsidiar". Foi o que ele fez com habilidade, começando por "subsidiar" extensivamente o teatro, criando logo de imediato uma clientela e colocando contra si, todos os outros grupos que desejavam idênticas benesses. Depois, contando com a natural inércia dos "subsidiados", mudou para outra área cultural, onde certamente, se tivesse tempo, recolheria idênticos apoios. A seguir passaria para outra área e assim sucessivamente, sempre no mesmo ciclo de dador de benesses do Estado e de recebedor do apoio político dos intelectuais beneficiados. Em todos os sítios onde deu, recebeu. Mas como os recursos eram escassos, esta política gera sempre a prazos mais fome do que fartura.
Esta política era desordenada, caótica e pontual? É verdade. O Ministro da Cultura hoje deseja-a ordenada e "institucionalizada" administrativamente? Deseja. Esta política era feita com base nas preferências pessoais dos governantes e nos seus "gostos" e "desgostos" nem sempre muito "informados culturalmente"? Era. Mas o Ministro da Cultura, tendo a vantagem de ser do meio, logo ser mais "informado", e conhecer melhor os mecanismos de legitimidade estética hoje circulantes, não deixa de fazer a mesma coisa só que com maior cobertura "cultural". Mas a política é rigorosamente a mesma como uma análise estrutural às despesas do Ministério, às suas prioridades e ao seu modus operandi revela.
(Maio de 1996)

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