Enguia Fresca: I NEED A HERO

02-10-2009
marcar artigo


Em tempos que já lá vão, um herói era alguém de uma coragem fisica extraordinária, capaz de ultrapassar todos os obstáculos e transpor todos os limites. Heroís eram guerreiros, exploradores, aventureiros e até mesmo santos que se martirizavam em nome da fé.O heroísmo advinha da humildade e da constatação que existem causas mais importantes do que a sobrevivência pessoal. Ao esquecerem-se de si próprios tornavam-se superiores a si mesmos e superiores a cada um de nós. Na actualidade não faltam heroís, o problema é que ninguém se interessa por eles.Os grandes desafios e as grandes descobertas já não captam a imaginação do público. O historiador Simon Sebag Montefiore, no seu livro 101 World Heroes: Great Men and Women for an Unheroic Age, diz que ao não sermos capazes de identificar os verdadeiros heróis perdemos a oportunidade de moldar a nossa sociedade.Mais do que nunca, é muito importante que o heroísmo tenha um impacto na sociedade. Numa cultura de baixa atenção, assente na veneração da riqueza, na procura da celebridade, as pessoas são incapazes de reconhecer um herói quando o vêem. “Então, quem são hoje os nosso heróis?O que é que eles dizem sobre a nossa sociedade?Se perguntarmos, aos jovens de hoje, quem são os seus heroís certamente darão como exemplo músicos, actores, desportistas…. Os heroís de hoje são ídolos. Os valores que movem a sua admiração não são a perseverança, a resiliência, o altruismo ou a coragem; são a celebridade, o sucesso e o dinheiro.Estes “super-heróis” do pós-modernismo são tão efémeros quanto os mecanismos que os seus agentes criaram para os vender. São mercadorias que entram no circuito económico e são velozmente consumidas. Numa época em que as pessoas choram por alguém que é expulso do Big Brother, como podem os nossos jovens perceber o que é o estoicismo e a motivação por trás de heróis como o explorador Edmund Hillary, ou políticos como Martin Luther King e Nelson Mandela e mulheres de fé como Madre Teresa de Calcutá.Mas, o mais nefasto desta heroicidade pós-moderna é elevarem-se à categoria de heroís pessoas que se tornaram célebres por cometerem actos intrinsecamente maus e contrários a todos os valores que devem orientar um crescimento sadio dos jovens. Veja-se o caso do francês Jerôme Kerviel, que roubou 4,9 milhões de euros ao banco Société Générale. Na internet existem clubes de fãs e inúmeros sites que lhe são dedicados.Será que ainda existem heroís?Acredito que sim. Mas, os heroís de hoje não são os dos grandes feitos mas os das pequenas acções; pessoas comuns que no seu dia-a-dia fazem coisas extraordinárias pela humanidade.A característica fundamental do herói contemporâneo é a recusa da sociedade massificada e a luta por mudanças profundas no tecido social.Sintomático destes novos tempos, sem Super-Heroís, é o filme Heroí Acidental de 1992, realizado por Stephen Frears.Neste, o inesquecível personagem interpretado por Dustin Hoffman, não se cansa de dizer ao seu filho: “ Always keep a Low profile”.


Em tempos que já lá vão, um herói era alguém de uma coragem fisica extraordinária, capaz de ultrapassar todos os obstáculos e transpor todos os limites. Heroís eram guerreiros, exploradores, aventureiros e até mesmo santos que se martirizavam em nome da fé.O heroísmo advinha da humildade e da constatação que existem causas mais importantes do que a sobrevivência pessoal. Ao esquecerem-se de si próprios tornavam-se superiores a si mesmos e superiores a cada um de nós. Na actualidade não faltam heroís, o problema é que ninguém se interessa por eles.Os grandes desafios e as grandes descobertas já não captam a imaginação do público. O historiador Simon Sebag Montefiore, no seu livro 101 World Heroes: Great Men and Women for an Unheroic Age, diz que ao não sermos capazes de identificar os verdadeiros heróis perdemos a oportunidade de moldar a nossa sociedade.Mais do que nunca, é muito importante que o heroísmo tenha um impacto na sociedade. Numa cultura de baixa atenção, assente na veneração da riqueza, na procura da celebridade, as pessoas são incapazes de reconhecer um herói quando o vêem. “Então, quem são hoje os nosso heróis?O que é que eles dizem sobre a nossa sociedade?Se perguntarmos, aos jovens de hoje, quem são os seus heroís certamente darão como exemplo músicos, actores, desportistas…. Os heroís de hoje são ídolos. Os valores que movem a sua admiração não são a perseverança, a resiliência, o altruismo ou a coragem; são a celebridade, o sucesso e o dinheiro.Estes “super-heróis” do pós-modernismo são tão efémeros quanto os mecanismos que os seus agentes criaram para os vender. São mercadorias que entram no circuito económico e são velozmente consumidas. Numa época em que as pessoas choram por alguém que é expulso do Big Brother, como podem os nossos jovens perceber o que é o estoicismo e a motivação por trás de heróis como o explorador Edmund Hillary, ou políticos como Martin Luther King e Nelson Mandela e mulheres de fé como Madre Teresa de Calcutá.Mas, o mais nefasto desta heroicidade pós-moderna é elevarem-se à categoria de heroís pessoas que se tornaram célebres por cometerem actos intrinsecamente maus e contrários a todos os valores que devem orientar um crescimento sadio dos jovens. Veja-se o caso do francês Jerôme Kerviel, que roubou 4,9 milhões de euros ao banco Société Générale. Na internet existem clubes de fãs e inúmeros sites que lhe são dedicados.Será que ainda existem heroís?Acredito que sim. Mas, os heroís de hoje não são os dos grandes feitos mas os das pequenas acções; pessoas comuns que no seu dia-a-dia fazem coisas extraordinárias pela humanidade.A característica fundamental do herói contemporâneo é a recusa da sociedade massificada e a luta por mudanças profundas no tecido social.Sintomático destes novos tempos, sem Super-Heroís, é o filme Heroí Acidental de 1992, realizado por Stephen Frears.Neste, o inesquecível personagem interpretado por Dustin Hoffman, não se cansa de dizer ao seu filho: “ Always keep a Low profile”.

marcar artigo