PROmova: Aproveitamento político q.b., ingenuidade a mais ou Sol a menos?

05-10-2009
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Fonte: Sol, 3 Janeiro 2009ProfessoresBelém recebe mal reacção do GovernoCavaco Silva não gostou da forma como o Governo de José Sócrates se aproveitou, esta semana, da promulgação presidencial do decreto regulamentar que simplifica a avaliação dos professores, procurando co-responsabilizar a Presidência da República nesta matéria.«Foi muito mal recebida a utilização feita pelo Governo do acto de promulgação de um diploma de carácter meramente regulamentar e transitório referente à simplificação da avaliação dos professores», revelou ao SOL fonte de Belém, considerando que se trata «de um acto de rotina que não envolve qualquer novidade política».O secretário de Estado adjunto da Educação, Jorge Pedreira, congratulou-se com a promulgação, poucas horas antes da mensagem presidencial de Ano Novo, afirmando que «vai permitir resolver os problemas identificados por professores e escolas».PROmova dixit:Esta notícia merece-nos os três seguintes comentários:1) Confirma-se o desespero desta equipa ministerial que procura remediar o seu isolamento e solidão (é bem verdade que, como afirmou, recentemente, o PM, estão sozinhos), procurando encontrar bengalas que os ajudem a aguentar-se em pé, mesmo que para tal tenham que, de forma abusiva e pouco leal, ver apoios, onde apenas existe o cumprimento de um mero acto e obrigação formal.2) Conhecendo o Sr. Presidente da República a vocação propagandística e nada escrupulosa deste Governo (como compreendemos os seus superiores apelos à "verdade" a propósito da situação do país e à "lealdade", no caso do Estatuto dos Açores) e tendo presente que os professores e as suas organizações representativas continuam, em uníssono, a rejeitar este modelo de avaliação, talvez tivesse sido avisado fazer acompanhar a promulgação de uma pequena nota à comunicação social a sublinhar a normalidade e imparcialidade do acto, restringindo as tentadoras leituras abusivas. Os professores já não tinham a expectativa de ver o Sr. Presidente da República (seja por concordância com o Governo, seja por se querer manter equidistante ou acima do conflito, seja, mesmo, para não ser acusado de afronta a Sócrates) a ter uma palavra, qualquer que fosse, para com os professores, classe a quem está confiada a nobre missão da educação e da instrução das gerações futuras (coisa de somenos!). Mas, tendo em conta a suposta reacção de Belém, perguntamo-nos se não terá havido ingenuidade!...3) À semelhança do ocorrido com a notícia sobre os pretensos entraves que o Presidente da República iria colocar à promulgação do Orçamento, podemos estar perante mais um episódio de Sol a menos, isto é, mais uma notícia infundada, com Belém nada incomodado com o aproveitamento político que foi feito da promulgação. Assim, cairia por terra a hipótese da ingenuidade. Uma democracia adulta também é feita de clareza e de frontalidade, pelo que uma Instituição como a Presidência da República não deveria reagir por fontes anónimas. Os professores também dão a cara!Por último, um comentário às declarações do SE Jorge Pedreira que acompanham a notícia.Os professores são, por força do ofício, persistentes e pacientes, pelo que não desistem de repetir, pela milionésima vez se for necessário, que o SE Jorge Pedreira continua a não revelar seriedade na abordagem que faz aos "problemas identificados por professores e escolas", pois a esmagadora maioria das escolas e dos professores há muito que referenciou as três principais inconsistências do modelo de avaliação e que apenas são resolúveis com a inevitável substituição do modelo. E essas inconsistências são: a burocratização e a folclorização da função docente com manifesto prejuízo para o investimento prioritário na relação pedagógica com os alunos e na dimensão didáctico-científica (domínios ainda mais arruinados na versão simplex, que mandou às urtigas a componente pedagógico-científica); o não reconhecimento do avaliador, tanto pelo facto de muitos professores se recusarem a ver o seu investimento e desempenho entregue ao arbítrio e à motivação de um único colega, cujos saberes e competências não foram aferidos, como, sobretudo, em virtude da rejeição de uma divisão arbitrária e injusta da carreira que ninguém decente consegue defender; a certeza que a submissão do processo de avaliação do desempenho a um mecanismo rígido de progressão, como configurado numa distribuição pré-fixada de quotas, será geradora de injustiças e de desmotivação entre os melhores professores.Acabe o SE Jorge Pedreira com estas irracionalidades e, então sim, pode afirmar que solucionou os problemas identificados pelas escolas e pelos professores.É caso para adaptar, soi-disant, o ditado popular: poderá isto arrastar-se até às eleições, mas água mole em "Pedreira" dura, tanto bate, até que fura!


Fonte: Sol, 3 Janeiro 2009ProfessoresBelém recebe mal reacção do GovernoCavaco Silva não gostou da forma como o Governo de José Sócrates se aproveitou, esta semana, da promulgação presidencial do decreto regulamentar que simplifica a avaliação dos professores, procurando co-responsabilizar a Presidência da República nesta matéria.«Foi muito mal recebida a utilização feita pelo Governo do acto de promulgação de um diploma de carácter meramente regulamentar e transitório referente à simplificação da avaliação dos professores», revelou ao SOL fonte de Belém, considerando que se trata «de um acto de rotina que não envolve qualquer novidade política».O secretário de Estado adjunto da Educação, Jorge Pedreira, congratulou-se com a promulgação, poucas horas antes da mensagem presidencial de Ano Novo, afirmando que «vai permitir resolver os problemas identificados por professores e escolas».PROmova dixit:Esta notícia merece-nos os três seguintes comentários:1) Confirma-se o desespero desta equipa ministerial que procura remediar o seu isolamento e solidão (é bem verdade que, como afirmou, recentemente, o PM, estão sozinhos), procurando encontrar bengalas que os ajudem a aguentar-se em pé, mesmo que para tal tenham que, de forma abusiva e pouco leal, ver apoios, onde apenas existe o cumprimento de um mero acto e obrigação formal.2) Conhecendo o Sr. Presidente da República a vocação propagandística e nada escrupulosa deste Governo (como compreendemos os seus superiores apelos à "verdade" a propósito da situação do país e à "lealdade", no caso do Estatuto dos Açores) e tendo presente que os professores e as suas organizações representativas continuam, em uníssono, a rejeitar este modelo de avaliação, talvez tivesse sido avisado fazer acompanhar a promulgação de uma pequena nota à comunicação social a sublinhar a normalidade e imparcialidade do acto, restringindo as tentadoras leituras abusivas. Os professores já não tinham a expectativa de ver o Sr. Presidente da República (seja por concordância com o Governo, seja por se querer manter equidistante ou acima do conflito, seja, mesmo, para não ser acusado de afronta a Sócrates) a ter uma palavra, qualquer que fosse, para com os professores, classe a quem está confiada a nobre missão da educação e da instrução das gerações futuras (coisa de somenos!). Mas, tendo em conta a suposta reacção de Belém, perguntamo-nos se não terá havido ingenuidade!...3) À semelhança do ocorrido com a notícia sobre os pretensos entraves que o Presidente da República iria colocar à promulgação do Orçamento, podemos estar perante mais um episódio de Sol a menos, isto é, mais uma notícia infundada, com Belém nada incomodado com o aproveitamento político que foi feito da promulgação. Assim, cairia por terra a hipótese da ingenuidade. Uma democracia adulta também é feita de clareza e de frontalidade, pelo que uma Instituição como a Presidência da República não deveria reagir por fontes anónimas. Os professores também dão a cara!Por último, um comentário às declarações do SE Jorge Pedreira que acompanham a notícia.Os professores são, por força do ofício, persistentes e pacientes, pelo que não desistem de repetir, pela milionésima vez se for necessário, que o SE Jorge Pedreira continua a não revelar seriedade na abordagem que faz aos "problemas identificados por professores e escolas", pois a esmagadora maioria das escolas e dos professores há muito que referenciou as três principais inconsistências do modelo de avaliação e que apenas são resolúveis com a inevitável substituição do modelo. E essas inconsistências são: a burocratização e a folclorização da função docente com manifesto prejuízo para o investimento prioritário na relação pedagógica com os alunos e na dimensão didáctico-científica (domínios ainda mais arruinados na versão simplex, que mandou às urtigas a componente pedagógico-científica); o não reconhecimento do avaliador, tanto pelo facto de muitos professores se recusarem a ver o seu investimento e desempenho entregue ao arbítrio e à motivação de um único colega, cujos saberes e competências não foram aferidos, como, sobretudo, em virtude da rejeição de uma divisão arbitrária e injusta da carreira que ninguém decente consegue defender; a certeza que a submissão do processo de avaliação do desempenho a um mecanismo rígido de progressão, como configurado numa distribuição pré-fixada de quotas, será geradora de injustiças e de desmotivação entre os melhores professores.Acabe o SE Jorge Pedreira com estas irracionalidades e, então sim, pode afirmar que solucionou os problemas identificados pelas escolas e pelos professores.É caso para adaptar, soi-disant, o ditado popular: poderá isto arrastar-se até às eleições, mas água mole em "Pedreira" dura, tanto bate, até que fura!

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