Bastidores da campanha

25-06-2009
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Europeias 2009

O que aconteceu atrás das câmaras

Por:SÁBADO

7 JUNHO 2009

Cinco jornalistas da SÁBADO acompanharam tudo o que se passou nas sedes das principais campanhas. Bem junto das equipas dos candidatos. Saiba o que as câmaras de televisão não mostraram.

PS, Hotel Altis

por António José Vilela

22h15 Vital Moreira abandona a base da noite eleitoral socialista. Sem glória, só ouve as vozes dos jornalistas até chegar ao carro.

21h58 Agora, que já se sabem os resultados e todos discursaram, Mário Lino regressa ao Altis.

Mas antes também se perdeu e tentou entrar pela porta do Altis Suites, que estava fechada, e depois pela garagem, que também não tem acesso à sala de conferências.

21h45 Ainda José Sócrates não acabou o discurso da derrota e já os candidatos a eurodeputados, Correia de Campos e Sérgio Sousa Pinto, abandonaram a sala...

21h35 Os socialistas andam nervosos. A ministra da Educação acabou de se perder à procura da sala onde Sócrates ia discursar. Há poucos segundos, Maria de Lurdes Rodrigues estava na cozinha do hotel a perguntar aos cozinheiros para onde se devia dirigir.

21h33 Pedro Silva Pereira mal saiu do elevador para ouvir José Sócrates deixou cair a mala preta. Há dezenas de papéis espalhados no chão enquanto o ministro da Presidência os vai apanhando.

21h29 Sócrates está a descer para falar. Começa-se a compor a sala com as dezenas de jovens socialistas que foram chegando.

PSD, São Caetano à Lapa

CDS, Largo do Caldas

Bloco de Esquerda, Fórum Lisboa

PCP, Soeiro Pereira Gomes

Chegou a primeira bandeira do PS ao Altis. Um sujeito gorducho, trintão, camisola branca do PS vestida por cima da camisa, traz a bandeira enrolada. Dois simpatizantes do partido conversam no átrio sobre as razões da derrota: “Como é que isto aconteceu?”. E o outro diz: “Foi o Gepeto”. Pelos vistos a alcunha de Vital Moreira chegou mesmo ao PS.Vieira da Silva fala para as câmaras. Na televisão está tudo bem. Ao vivo, nem por isso. O ministro tem o casaco todo amarrotado nas costas e os atacadores dos sapatos desapertados.A guerra entre os jornalistas da TVI e da SIC assume uma dimensão cada vez maior. Assim que Pedro Coelho, da SIC, soube que o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, tinha uma declaração marcada com a estação rival, começou a correr em direcção ao colega José Manuel Mestre aos gritos: "Pega nele, pega nele. A TVI já combinou uma entrevista."Há pelo menos duas equipas de cada uma das estações no Altis.O ministro das Obras Públicas, Mário Lino, abandona o Altis. Ouve-se um dos pouquíssimos socialistas presentes no hotel: "Olha, o 'jamais' já se vai embora".Poder-se-ia falar em desânimo se houvesse militantes. Mas não há. Vitalino Canas, o porta-voz do partido, acaba de comentar as sondagens das televisões que dão a vitória ao PSD sem ter um único camarada a ouvi-lo.A comissão política está reunida numa sala a que se tem acesso pelo 12º andar para discutir as sondagens que as televisões irão divulgar às 20h e a que os socialistas já tiveram acesso.José Sócrates entrou no Altis por uma porta lateral para "fugir" aos jornalistas.Fernando Martins, o ex-presidente do Benfica que construíu o terceiro anel do antigo Estádio da Luz, vai recebendo os socialistas que chegam ao Altis. Mas ninguém o reconhece.Marcos Perestrello acaba de passar por ele sem dizer nada. Como já tinham feito Vitalino Canas, Luís Amado e Manuel Pinho.Sérgio Sousa Pinto, assim que chega, é encaminhado pela organização para a área do staff socialista sob o pretexto de que se precisava de registar. O eurodeputado recusa: "Não preciso disso." E segue para o quartel-general no 12º andar.A 250 metros do Altis, na sede do BPP, dezenas de cartazes criticam o Executivo socialista. "O Governo vai para eleições e esquece-se das nossas preocupações", lê-se nas paredes do banco.Entrentanto, Luís Amado (carregado de jornais debaixo dos braço, com umas calças brancas e apenas de camisa) e Manuel Pinho (de fato mas sem gravata) chegaram à sede do Altis. Ambos subiram para as salas de reuniões no 12º andar.Está tudo preparado para a vitória de Vital Moreira. À entrada do Hotel Altis, em Lisboa, três gruas gigantes com câmaras de filmar das várias estações de televisão cobrem todas as áreas.Principalmente a varanda do Altis, que está iluminada por quatro mega holofotes de cinema e onde o PS espera que o candidato socialista faça o seu discurso de vitória.No chão há centenas de cabos que torneiam o edificio e dezenas de jornalistas à espera de José Sócrates. Militantes é que, por enquanto, ainda ninguém viu.por Vítor MatosTerminado o discurso, Ferreira Leite, Paulo Rangel e companhia subiram para o primeiro andar novamente, sob a protecção dos seguranças (contratados para o efeito) que foram abrindo caminho entre jornalistas e militantes.A festa continua. Agora em privado. Algo que não se via há muito tempo na sede do PSD.Perante a pergunta da SÁBADO, "Então, satisfeito?", um conhecido antigo apoiante de Luís Filipe Menezes responde: "Que remédio..."Há fotógrafos a trabalharem com os portáteis literalmente em cima da lareira na sala da comissão política do PSD.Cá fora, os jotas gritam para o assessor de imprensa: "E salta Zeca e salta Zeca olé". Zeca Mendonça salta a fazer o sinal de vitória com os dedos.Fora da sede, Pedro Passos Coelho, adversário interno de Ferreira Leite, ja fez uma declaração gravada para a Lusa TV onde congratula a direcção do partido pela vitória.Dezenas de elementos da JSD cantam "Manuela estás à janela" enquanto olham para o segundo andar do edifício do partido. Ferreira Leite sorri e acena atrás do vidro e faz o sinal de vitória com os dois dedos.Entretanto, abre-se a janela ao lado e aparece Paulo Rangel, sem casaco e de gravata azul clara, gritando "JSD, JSD".A direcção do PSD está reunida no primeiro andar a preparar os discursos de vitória. Há tópicos definidos, mas os sociais-democratas vão esperar que o PS assuma primeiro a derrota.Foi pelas 19h15 que Ferreira Leite e Paulo Rangel perceberam que o PSD iria muito provavelmente vencer as eleições. Foi nesta altura que cruzou os dados da abstenção com duas sondagens televisivas a que tiveram acesso.Sinal dos tempos: a Antena 1 faz uma reportagem em vídeo com o telemóvel. A JSD vai gritando "vitória, vitória" numa sede que tem cada vez mais gente. E calor.Um grupo de elementos da JSD acaba de se reunir no espaço do exterior da sede do partido com papéis na mão que não são mais do que cartazes escritos a marcador e a dizer: "verdade" ou "o povo escolheu a verdade". O próprio líder da JSD grita que há dois canais de televisão que dão a eleição do 9º deputado da JSD, Joaquim Biancard da Cruz, como possívelJosé Luís Arnaut faz uma declaração aos jornalistas rodeado de seguranças onde dá a vitória do PSD como garantida: "É uma vitória clara do PSD. Os portugueses não se deixam condicionar pelos resultados dos portugueses."Os militantes apressaram-se a comentar entre si que havia interesses por trás das sondagens.Chega o líder da JSD, Pedro Rodrigues, que é cumprimentado pelo nono da lista dos socais-democratas, Biancard da Cruz: "Já cá canta a vitória.""Hoje embebedo-me", diz um militante. "E vamos ganhar em Oeiras", grita ainda outro. Já se vive um clima de pré-vitória na São Caetano.Muitos dos jovens pedem a Zeca Mendonça, o assessor de imprensa, para trazes as bandeiras e começar a festa.O vice-presidente do PSD, Aguiar Branco, acaba de fazer uma intervenção muito optimista dizendo que o PSD se apresenta com uma nítida queda e que há uma reforço nítido do que é o PSD. O vice-presidente do PSD arriscou ao dizer "é inequívoco o sinal de viragem". Foi saudado pelos militantes presentes que vão chegando à sede com gritos de "vitória, vitória, vitória!"A sede do PSD começa finalmente a encher-se com dezenas de militantes que se juntam perto da mesa dos bolinhos.O gabinete de imprensa pede para que não invadam a sala dos jornalistas.Marques Guedes, secretário-geral do PSD, faz uma declaração sem perguntas onde manifesta a preocupação do partido com a taxa de abstenção e agradece aos portugueses que votaram.Os jornalistas vão procurando, com dificuldade, trabalhar numa sede de campanha que tem revelado poucas condições para receber todos os órgãos de comunicação.É colocada uma mesa com bolinhos e bebidas numa das salas para os jornalistas - que continuam "sozinhos".Manuela Ferreira Leite e Paulo Rangel estão reunidos com a comissão política do partido no primeiro andar.Em baixo, os jornalistas vão enchendo as duas salas que lhes foram destinadas e os corredores da sede do PSD. Os militantes continuam a acompanhar as eleições a partir de casa.por Filipe GarciaJoão Almeida é o mais emocionado da noite e o Mota Soares o mais dedicado: continua a escrever no Twitter.Terminados os discursos, os militantes abandonam a sala de conferências e voltam para a conselhia de Lisboa, do outro lado do Caldas.É lá que vai continuar a festa.Pela primeira vez nesta noite, a sala do Caldas enche-se. De um lado grita-se "Melo", do outro "Diogo".A claque recebe finalmente as bandeirinhas. O grupo está exuberante.Acaba de chegar um grupo de vinte militantes do CDS sub-trinta. Querem fazer de claque para os candidatos do partido, mas ainda têm dúvidas sobre os resultados.O discurso de José Sócrates sobre as "dificeis condições" da campanha liberta uma gargalhada entre os centristas: "Portanto não se demite...", comentam entre si.Começa-se a discutir a substituição de Diogo Feio como líder da bancada parlamentar do CDS entre alguns militantes.António Pires de Lima diz que a sonsagens foram as grandes derrotadas da noite.A conversa anda sobretudo em torno das sondagens, que são muito criticadas pelos militantes.Para compensar esta azia, têm comido sandes e rissóis e bebido muitos sumos.Diogo Feio e Mota Soares passeiam por entre as dezenas de companheiros que chegaram ao Caldas nos últimos minutos.O ambiente é de festa. Principalmente junto à mesa dos rissóis.Chegam Nuno Melo e Mota Soares. Dois nomes que não chegam para encher a sede do CDS, que continua vazia. Como, aparentemente, o espírito dos candidatos.Paulo Portas já está no Caldas. Chegou tranquilamente pouco depois das 17h e subiu para o primeiro andar, onde continua.À porta, vários jornalistas continuam à espera de Nuno Melo e dos restantes candidatos do partido às eleições europeias. Por enquanto são mais do que os militantes.por Sara CapeloAtrás do bar, o brasileiro Alfredo garante que a noite está a correr bem para o negócio. Além do caldo verde, têm-se vendido muitas cervejas: "Umas 200 ou 250".No final do discurso de Louçã, os simpatizantes do partido repetem o grito da noite: "É esquerda, é Bloco. É Bloco de Esquerda." O coordenador não se manifesta.A festa vai agora continuar entre os camaradas.Francisco Louçã prepara-se para falar. Entra com os três primeiros nomes da lista às Europeias. Miguel Portas vem no meio, abraçado a Marisa Maias e Rui Tavares.Enquanto Sócrates agradece aos eleitores do PS, os bloquistas também aplaudem. No rodapé das televisões aparece o resultado nacional do BE: o partido está com 10,5% e consegue eleger a número dois da lista, Marisa Matias.A nova eurodeputada abraça o historiador Rui Tavares. Louçã dá-lhe uma palmada nas costas e um militante segra a Rui Tavares: "Só faltas tu..." O comentador confessa: "Acho que não".Os deputados João Semedo, Helena Pinto e Fernando Rosas sobem a um banco e encontam-se à parede do bar. Acenam-se bandeiras, sobretudo vermelhas mas também roxas.A sala quase enlouquece quando Miguel Portas sobe ao palanco: "O Bloco de Esquerda obteve um extraordinário resultado".Ainda se acredita na eleição do terceiro eurodeputado.Quando foram conhecidas as projecções, Francisco Louçã, Miguel Portas e Marisa Matias batiam palmas em frente aos ecrãs plasma rodeados por militantes.O primeiro comentário do cordenador foi para um militante: "O PSD vai ganhar".Marisa, número dois da lista, sobe ao palco e, prudente, diz que acredita que duplicaram os votos.Louçã mostra uma mensagem de telemóvel aos jornalistas com a cara mais feliz do mundo. O Bloco venceu na freguesia de Coração de Jesus com 93 votos. O PSD ficou em segundo lugar, com 85 e o PS em terceiro com 70.Tanto José Sócrates como Francisco Louçã votam nesta freguesia.Chega Francisco Louçã, que se apressa a ir ter com os jornalistas para confessar: "Desta vez votei na mesma frequesia do que o José Sócrates [Coração de Jesus]. Agora vamos ver os resultados."Os bloquistas foram obrigados a partilhar o espaço da sua sede com o cantor Marco Quelhas, que está a começar agora um concerto para a rádio Romântica FM na sala de espectáculos do Fórum.Os poucos militantes do Bloco que já chegaram vão pondo a conversa em dia no bar. Ainda sem as principais figuras do partido.por Lucília GalhaA vitória da direita está a ser mal digerida. "A minha mulher ligou-me toda indignada com o resultado...", diz um militante.Ainda assim, a mensagem entre comunistas como resumo da noite é simples: "Foi uma vitória."Quando Ferreira Leite estava a discursar, os militantes aplaudiram. Mas pelas notas de rodapé que passavama na televisão e davam os resultados do PCP. Um fenómeno semelhante ao que aconteceu no Bloco com o discurso de Sócrates.Ilda Figueiredo vai começar a discursar, depois de uma conferência de imprensa com Jerónimo de Sousa que disse que os resultados eram muito bons e davam um sinal vermelho ao PS. Os simpatizantes do partido começaram agora animar-se ao verem os cabeças de lista."Não faz mal se ficarmos atrás do Bloco. O importante era elegermos mais deputados", desdramatiza Margarida Silva, militante há 34 anos.Entretanto no bar do PCP, as minis e os cafés vão sendo os produtos mais consumidos. Os comunistas não parecem ter muitos motivos para festejar."O Vital vendeu-se. Faz tudo por dinheiro", diz à SÁBADO Gertrudes Oliveira, empregada de limpeza na sede do PCP e, claro, militante comunista.É também um dos pouquíssimas militantes que está na Soeiro.Chega Ilda Figueiredo. A cabeça-de-lista dos comunistas veio de comboio do Porto em classe económica. O que tem motivado acesas conversas sobre linhas de caminhos de ferro entre os militantes comunistas.Até agora, ainda ninguém se lembrou de Vital Moreira.António Filipe anda desorientado de um lado para o outro. Chegou à Soeiro para acompanhar as eleições, mas não tem ninguém com quem falar.Por enquanto só estão quinze militantes (a contar com um bebé) na sede comunista.Jerónimo, que chegou às 17h, fechou-se numa sala de reuniões, onde continua.

Europeias 2009

O que aconteceu atrás das câmaras

Por:SÁBADO

7 JUNHO 2009

Cinco jornalistas da SÁBADO acompanharam tudo o que se passou nas sedes das principais campanhas. Bem junto das equipas dos candidatos. Saiba o que as câmaras de televisão não mostraram.

PS, Hotel Altis

por António José Vilela

22h15 Vital Moreira abandona a base da noite eleitoral socialista. Sem glória, só ouve as vozes dos jornalistas até chegar ao carro.

21h58 Agora, que já se sabem os resultados e todos discursaram, Mário Lino regressa ao Altis.

Mas antes também se perdeu e tentou entrar pela porta do Altis Suites, que estava fechada, e depois pela garagem, que também não tem acesso à sala de conferências.

21h45 Ainda José Sócrates não acabou o discurso da derrota e já os candidatos a eurodeputados, Correia de Campos e Sérgio Sousa Pinto, abandonaram a sala...

21h35 Os socialistas andam nervosos. A ministra da Educação acabou de se perder à procura da sala onde Sócrates ia discursar. Há poucos segundos, Maria de Lurdes Rodrigues estava na cozinha do hotel a perguntar aos cozinheiros para onde se devia dirigir.

21h33 Pedro Silva Pereira mal saiu do elevador para ouvir José Sócrates deixou cair a mala preta. Há dezenas de papéis espalhados no chão enquanto o ministro da Presidência os vai apanhando.

21h29 Sócrates está a descer para falar. Começa-se a compor a sala com as dezenas de jovens socialistas que foram chegando.

PSD, São Caetano à Lapa

CDS, Largo do Caldas

Bloco de Esquerda, Fórum Lisboa

PCP, Soeiro Pereira Gomes

Chegou a primeira bandeira do PS ao Altis. Um sujeito gorducho, trintão, camisola branca do PS vestida por cima da camisa, traz a bandeira enrolada. Dois simpatizantes do partido conversam no átrio sobre as razões da derrota: “Como é que isto aconteceu?”. E o outro diz: “Foi o Gepeto”. Pelos vistos a alcunha de Vital Moreira chegou mesmo ao PS.Vieira da Silva fala para as câmaras. Na televisão está tudo bem. Ao vivo, nem por isso. O ministro tem o casaco todo amarrotado nas costas e os atacadores dos sapatos desapertados.A guerra entre os jornalistas da TVI e da SIC assume uma dimensão cada vez maior. Assim que Pedro Coelho, da SIC, soube que o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, tinha uma declaração marcada com a estação rival, começou a correr em direcção ao colega José Manuel Mestre aos gritos: "Pega nele, pega nele. A TVI já combinou uma entrevista."Há pelo menos duas equipas de cada uma das estações no Altis.O ministro das Obras Públicas, Mário Lino, abandona o Altis. Ouve-se um dos pouquíssimos socialistas presentes no hotel: "Olha, o 'jamais' já se vai embora".Poder-se-ia falar em desânimo se houvesse militantes. Mas não há. Vitalino Canas, o porta-voz do partido, acaba de comentar as sondagens das televisões que dão a vitória ao PSD sem ter um único camarada a ouvi-lo.A comissão política está reunida numa sala a que se tem acesso pelo 12º andar para discutir as sondagens que as televisões irão divulgar às 20h e a que os socialistas já tiveram acesso.José Sócrates entrou no Altis por uma porta lateral para "fugir" aos jornalistas.Fernando Martins, o ex-presidente do Benfica que construíu o terceiro anel do antigo Estádio da Luz, vai recebendo os socialistas que chegam ao Altis. Mas ninguém o reconhece.Marcos Perestrello acaba de passar por ele sem dizer nada. Como já tinham feito Vitalino Canas, Luís Amado e Manuel Pinho.Sérgio Sousa Pinto, assim que chega, é encaminhado pela organização para a área do staff socialista sob o pretexto de que se precisava de registar. O eurodeputado recusa: "Não preciso disso." E segue para o quartel-general no 12º andar.A 250 metros do Altis, na sede do BPP, dezenas de cartazes criticam o Executivo socialista. "O Governo vai para eleições e esquece-se das nossas preocupações", lê-se nas paredes do banco.Entrentanto, Luís Amado (carregado de jornais debaixo dos braço, com umas calças brancas e apenas de camisa) e Manuel Pinho (de fato mas sem gravata) chegaram à sede do Altis. Ambos subiram para as salas de reuniões no 12º andar.Está tudo preparado para a vitória de Vital Moreira. À entrada do Hotel Altis, em Lisboa, três gruas gigantes com câmaras de filmar das várias estações de televisão cobrem todas as áreas.Principalmente a varanda do Altis, que está iluminada por quatro mega holofotes de cinema e onde o PS espera que o candidato socialista faça o seu discurso de vitória.No chão há centenas de cabos que torneiam o edificio e dezenas de jornalistas à espera de José Sócrates. Militantes é que, por enquanto, ainda ninguém viu.por Vítor MatosTerminado o discurso, Ferreira Leite, Paulo Rangel e companhia subiram para o primeiro andar novamente, sob a protecção dos seguranças (contratados para o efeito) que foram abrindo caminho entre jornalistas e militantes.A festa continua. Agora em privado. Algo que não se via há muito tempo na sede do PSD.Perante a pergunta da SÁBADO, "Então, satisfeito?", um conhecido antigo apoiante de Luís Filipe Menezes responde: "Que remédio..."Há fotógrafos a trabalharem com os portáteis literalmente em cima da lareira na sala da comissão política do PSD.Cá fora, os jotas gritam para o assessor de imprensa: "E salta Zeca e salta Zeca olé". Zeca Mendonça salta a fazer o sinal de vitória com os dedos.Fora da sede, Pedro Passos Coelho, adversário interno de Ferreira Leite, ja fez uma declaração gravada para a Lusa TV onde congratula a direcção do partido pela vitória.Dezenas de elementos da JSD cantam "Manuela estás à janela" enquanto olham para o segundo andar do edifício do partido. Ferreira Leite sorri e acena atrás do vidro e faz o sinal de vitória com os dois dedos.Entretanto, abre-se a janela ao lado e aparece Paulo Rangel, sem casaco e de gravata azul clara, gritando "JSD, JSD".A direcção do PSD está reunida no primeiro andar a preparar os discursos de vitória. Há tópicos definidos, mas os sociais-democratas vão esperar que o PS assuma primeiro a derrota.Foi pelas 19h15 que Ferreira Leite e Paulo Rangel perceberam que o PSD iria muito provavelmente vencer as eleições. Foi nesta altura que cruzou os dados da abstenção com duas sondagens televisivas a que tiveram acesso.Sinal dos tempos: a Antena 1 faz uma reportagem em vídeo com o telemóvel. A JSD vai gritando "vitória, vitória" numa sede que tem cada vez mais gente. E calor.Um grupo de elementos da JSD acaba de se reunir no espaço do exterior da sede do partido com papéis na mão que não são mais do que cartazes escritos a marcador e a dizer: "verdade" ou "o povo escolheu a verdade". O próprio líder da JSD grita que há dois canais de televisão que dão a eleição do 9º deputado da JSD, Joaquim Biancard da Cruz, como possívelJosé Luís Arnaut faz uma declaração aos jornalistas rodeado de seguranças onde dá a vitória do PSD como garantida: "É uma vitória clara do PSD. Os portugueses não se deixam condicionar pelos resultados dos portugueses."Os militantes apressaram-se a comentar entre si que havia interesses por trás das sondagens.Chega o líder da JSD, Pedro Rodrigues, que é cumprimentado pelo nono da lista dos socais-democratas, Biancard da Cruz: "Já cá canta a vitória.""Hoje embebedo-me", diz um militante. "E vamos ganhar em Oeiras", grita ainda outro. Já se vive um clima de pré-vitória na São Caetano.Muitos dos jovens pedem a Zeca Mendonça, o assessor de imprensa, para trazes as bandeiras e começar a festa.O vice-presidente do PSD, Aguiar Branco, acaba de fazer uma intervenção muito optimista dizendo que o PSD se apresenta com uma nítida queda e que há uma reforço nítido do que é o PSD. O vice-presidente do PSD arriscou ao dizer "é inequívoco o sinal de viragem". Foi saudado pelos militantes presentes que vão chegando à sede com gritos de "vitória, vitória, vitória!"A sede do PSD começa finalmente a encher-se com dezenas de militantes que se juntam perto da mesa dos bolinhos.O gabinete de imprensa pede para que não invadam a sala dos jornalistas.Marques Guedes, secretário-geral do PSD, faz uma declaração sem perguntas onde manifesta a preocupação do partido com a taxa de abstenção e agradece aos portugueses que votaram.Os jornalistas vão procurando, com dificuldade, trabalhar numa sede de campanha que tem revelado poucas condições para receber todos os órgãos de comunicação.É colocada uma mesa com bolinhos e bebidas numa das salas para os jornalistas - que continuam "sozinhos".Manuela Ferreira Leite e Paulo Rangel estão reunidos com a comissão política do partido no primeiro andar.Em baixo, os jornalistas vão enchendo as duas salas que lhes foram destinadas e os corredores da sede do PSD. Os militantes continuam a acompanhar as eleições a partir de casa.por Filipe GarciaJoão Almeida é o mais emocionado da noite e o Mota Soares o mais dedicado: continua a escrever no Twitter.Terminados os discursos, os militantes abandonam a sala de conferências e voltam para a conselhia de Lisboa, do outro lado do Caldas.É lá que vai continuar a festa.Pela primeira vez nesta noite, a sala do Caldas enche-se. De um lado grita-se "Melo", do outro "Diogo".A claque recebe finalmente as bandeirinhas. O grupo está exuberante.Acaba de chegar um grupo de vinte militantes do CDS sub-trinta. Querem fazer de claque para os candidatos do partido, mas ainda têm dúvidas sobre os resultados.O discurso de José Sócrates sobre as "dificeis condições" da campanha liberta uma gargalhada entre os centristas: "Portanto não se demite...", comentam entre si.Começa-se a discutir a substituição de Diogo Feio como líder da bancada parlamentar do CDS entre alguns militantes.António Pires de Lima diz que a sonsagens foram as grandes derrotadas da noite.A conversa anda sobretudo em torno das sondagens, que são muito criticadas pelos militantes.Para compensar esta azia, têm comido sandes e rissóis e bebido muitos sumos.Diogo Feio e Mota Soares passeiam por entre as dezenas de companheiros que chegaram ao Caldas nos últimos minutos.O ambiente é de festa. Principalmente junto à mesa dos rissóis.Chegam Nuno Melo e Mota Soares. Dois nomes que não chegam para encher a sede do CDS, que continua vazia. Como, aparentemente, o espírito dos candidatos.Paulo Portas já está no Caldas. Chegou tranquilamente pouco depois das 17h e subiu para o primeiro andar, onde continua.À porta, vários jornalistas continuam à espera de Nuno Melo e dos restantes candidatos do partido às eleições europeias. Por enquanto são mais do que os militantes.por Sara CapeloAtrás do bar, o brasileiro Alfredo garante que a noite está a correr bem para o negócio. Além do caldo verde, têm-se vendido muitas cervejas: "Umas 200 ou 250".No final do discurso de Louçã, os simpatizantes do partido repetem o grito da noite: "É esquerda, é Bloco. É Bloco de Esquerda." O coordenador não se manifesta.A festa vai agora continuar entre os camaradas.Francisco Louçã prepara-se para falar. Entra com os três primeiros nomes da lista às Europeias. Miguel Portas vem no meio, abraçado a Marisa Maias e Rui Tavares.Enquanto Sócrates agradece aos eleitores do PS, os bloquistas também aplaudem. No rodapé das televisões aparece o resultado nacional do BE: o partido está com 10,5% e consegue eleger a número dois da lista, Marisa Matias.A nova eurodeputada abraça o historiador Rui Tavares. Louçã dá-lhe uma palmada nas costas e um militante segra a Rui Tavares: "Só faltas tu..." O comentador confessa: "Acho que não".Os deputados João Semedo, Helena Pinto e Fernando Rosas sobem a um banco e encontam-se à parede do bar. Acenam-se bandeiras, sobretudo vermelhas mas também roxas.A sala quase enlouquece quando Miguel Portas sobe ao palanco: "O Bloco de Esquerda obteve um extraordinário resultado".Ainda se acredita na eleição do terceiro eurodeputado.Quando foram conhecidas as projecções, Francisco Louçã, Miguel Portas e Marisa Matias batiam palmas em frente aos ecrãs plasma rodeados por militantes.O primeiro comentário do cordenador foi para um militante: "O PSD vai ganhar".Marisa, número dois da lista, sobe ao palco e, prudente, diz que acredita que duplicaram os votos.Louçã mostra uma mensagem de telemóvel aos jornalistas com a cara mais feliz do mundo. O Bloco venceu na freguesia de Coração de Jesus com 93 votos. O PSD ficou em segundo lugar, com 85 e o PS em terceiro com 70.Tanto José Sócrates como Francisco Louçã votam nesta freguesia.Chega Francisco Louçã, que se apressa a ir ter com os jornalistas para confessar: "Desta vez votei na mesma frequesia do que o José Sócrates [Coração de Jesus]. Agora vamos ver os resultados."Os bloquistas foram obrigados a partilhar o espaço da sua sede com o cantor Marco Quelhas, que está a começar agora um concerto para a rádio Romântica FM na sala de espectáculos do Fórum.Os poucos militantes do Bloco que já chegaram vão pondo a conversa em dia no bar. Ainda sem as principais figuras do partido.por Lucília GalhaA vitória da direita está a ser mal digerida. "A minha mulher ligou-me toda indignada com o resultado...", diz um militante.Ainda assim, a mensagem entre comunistas como resumo da noite é simples: "Foi uma vitória."Quando Ferreira Leite estava a discursar, os militantes aplaudiram. Mas pelas notas de rodapé que passavama na televisão e davam os resultados do PCP. Um fenómeno semelhante ao que aconteceu no Bloco com o discurso de Sócrates.Ilda Figueiredo vai começar a discursar, depois de uma conferência de imprensa com Jerónimo de Sousa que disse que os resultados eram muito bons e davam um sinal vermelho ao PS. Os simpatizantes do partido começaram agora animar-se ao verem os cabeças de lista."Não faz mal se ficarmos atrás do Bloco. O importante era elegermos mais deputados", desdramatiza Margarida Silva, militante há 34 anos.Entretanto no bar do PCP, as minis e os cafés vão sendo os produtos mais consumidos. Os comunistas não parecem ter muitos motivos para festejar."O Vital vendeu-se. Faz tudo por dinheiro", diz à SÁBADO Gertrudes Oliveira, empregada de limpeza na sede do PCP e, claro, militante comunista.É também um dos pouquíssimas militantes que está na Soeiro.Chega Ilda Figueiredo. A cabeça-de-lista dos comunistas veio de comboio do Porto em classe económica. O que tem motivado acesas conversas sobre linhas de caminhos de ferro entre os militantes comunistas.Até agora, ainda ninguém se lembrou de Vital Moreira.António Filipe anda desorientado de um lado para o outro. Chegou à Soeiro para acompanhar as eleições, mas não tem ninguém com quem falar.Por enquanto só estão quinze militantes (a contar com um bebé) na sede comunista.Jerónimo, que chegou às 17h, fechou-se numa sala de reuniões, onde continua.

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