O CASTENDO

19-05-2008
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A realidade, essa «chata», é que o país está ao rubro em torno dos temas da educação. Por isso, e não por outra qualquer razão, os dois maiores partidos (PS e PSD) começam a dar sinais de desorientação. E a falar a várias vozes, mesmo nos círculos das suas direcções. Assim terminámos a «conversa da treta» da edição de 7 de Março.

Por um lado, o inenarrável secretário de Estado Valter Lemos dispara em todas as direcções. Desde logo contra os sindicatos: «A FENPROF parece ter enveredado pelo sindicalismo cautelar.». Como se num Estado de Direito, em democracia e no respeito pela legalidade democrática, o recurso aos tribunais não fosse uma afirmação de cidadania e de responsabilidade. Depois contra a sua antecessora nos Governos Guterres, Ana Benavente, a quem acusa de ter «cedido aos interesses das estruturas sindicais» e de ser defensora e causadora do clima de facilitismo vivido nas escolas.

Por outro, Augusto Santos Silva, que foi um dos ministros da Educação de Guterres, contrapõe as «dificuldades» que os governantes daquele tempo tiveram para levar a cabo o seu programa. Tudo «devido à oposição de várias organizações sindicais» e à falta de uma maioria absoluta. Argumentos que coincidem com a resposta de Ana Benavente a Valter Lemos. E a deputada do PS Teresa Alegre Portugal afirma: «Não sei até onde a corda aguenta esticar, mas ela pode quebrar. Gostaria, por isso, que houvesse um sinal e um sinal socialista só pode ser o do caminho do diálogo.»

Por um lado, o CDS/PP deita mais achas para a fogueira das contradições e proclama pela voz do presidente do grupo parlamentar do CDS-PP, Diogo Feio: «O que a Educação necessita é estabilidade e de paz social à sua volta e estamos cientes que são o Ministério da Educação e o Governo os principais factores de instabilidade, a que se junta agora o PS com a suas divergências».

Por outro, o grupo parlamentar do PSD diverge sobre a atitude do Presidente da República. O líder parlamentar Pedro Santana Lopes afirma que as críticas do seu vice-presidente, Pedro Duarte, à «condescendência» do Presidente da República foram feitas a «título pessoal». O que logo serve de pretexto para o secretário nacional do PS, Augusto Santos Silva falar da «desorientação» social-democrata. Afirmando que Santana Lopes «desautorizou» o «porta-voz para a educação nomeado» pelo líder do partido, Luís Filipe Menezes.

Por um lado, o PS lança «toque a rebate» aos militantes e marca comício nacional para uma semana depois da Marcha da Indignação dos professores. Objectivo proclamado: «mobilizar o PS e, através dele, dirigir-se à sociedade portuguesa, tendo em conta o futuro e a agenda reformista do Governo». Apesar de toda a aparência de reacção às manifestações quer do PCP (1 de Março), quer de professores (8 de Março), Augusto Santos Silva nega que assim seja: «o PS não anda a reboque de outros, tem a sua própria agenda de modernização e das reformas necessárias ao país».

Por outro, o secretariado do PS analisa as críticas internas às políticas da educação, cada vez mais visíveis, mas Santos Silva desdramatiza: «o PS preza a pluralidade de opiniões e a unidade de acção em torno dos órgãos nacionais».

Neste clima de desorientação será que o Primeiro-ministro percebeu finalmente que a contestação às políticas do ME e do Governo não é uma invenção das organizações sindicais? E que quanto à situação que se vive actualmente no ensino, não há diferenças entre o que pensam e dizem os professores e o que pensam e dizem os dirigentes dos Sindicatos?

In "Jornal do Centro" - Edição de 4 de Abril de 2008

A realidade, essa «chata», é que o país está ao rubro em torno dos temas da educação. Por isso, e não por outra qualquer razão, os dois maiores partidos (PS e PSD) começam a dar sinais de desorientação. E a falar a várias vozes, mesmo nos círculos das suas direcções. Assim terminámos a «conversa da treta» da edição de 7 de Março.

Por um lado, o inenarrável secretário de Estado Valter Lemos dispara em todas as direcções. Desde logo contra os sindicatos: «A FENPROF parece ter enveredado pelo sindicalismo cautelar.». Como se num Estado de Direito, em democracia e no respeito pela legalidade democrática, o recurso aos tribunais não fosse uma afirmação de cidadania e de responsabilidade. Depois contra a sua antecessora nos Governos Guterres, Ana Benavente, a quem acusa de ter «cedido aos interesses das estruturas sindicais» e de ser defensora e causadora do clima de facilitismo vivido nas escolas.

Por outro, Augusto Santos Silva, que foi um dos ministros da Educação de Guterres, contrapõe as «dificuldades» que os governantes daquele tempo tiveram para levar a cabo o seu programa. Tudo «devido à oposição de várias organizações sindicais» e à falta de uma maioria absoluta. Argumentos que coincidem com a resposta de Ana Benavente a Valter Lemos. E a deputada do PS Teresa Alegre Portugal afirma: «Não sei até onde a corda aguenta esticar, mas ela pode quebrar. Gostaria, por isso, que houvesse um sinal e um sinal socialista só pode ser o do caminho do diálogo.»

Por um lado, o CDS/PP deita mais achas para a fogueira das contradições e proclama pela voz do presidente do grupo parlamentar do CDS-PP, Diogo Feio: «O que a Educação necessita é estabilidade e de paz social à sua volta e estamos cientes que são o Ministério da Educação e o Governo os principais factores de instabilidade, a que se junta agora o PS com a suas divergências».

Por outro, o grupo parlamentar do PSD diverge sobre a atitude do Presidente da República. O líder parlamentar Pedro Santana Lopes afirma que as críticas do seu vice-presidente, Pedro Duarte, à «condescendência» do Presidente da República foram feitas a «título pessoal». O que logo serve de pretexto para o secretário nacional do PS, Augusto Santos Silva falar da «desorientação» social-democrata. Afirmando que Santana Lopes «desautorizou» o «porta-voz para a educação nomeado» pelo líder do partido, Luís Filipe Menezes.

Por um lado, o PS lança «toque a rebate» aos militantes e marca comício nacional para uma semana depois da Marcha da Indignação dos professores. Objectivo proclamado: «mobilizar o PS e, através dele, dirigir-se à sociedade portuguesa, tendo em conta o futuro e a agenda reformista do Governo». Apesar de toda a aparência de reacção às manifestações quer do PCP (1 de Março), quer de professores (8 de Março), Augusto Santos Silva nega que assim seja: «o PS não anda a reboque de outros, tem a sua própria agenda de modernização e das reformas necessárias ao país».

Por outro, o secretariado do PS analisa as críticas internas às políticas da educação, cada vez mais visíveis, mas Santos Silva desdramatiza: «o PS preza a pluralidade de opiniões e a unidade de acção em torno dos órgãos nacionais».

Neste clima de desorientação será que o Primeiro-ministro percebeu finalmente que a contestação às políticas do ME e do Governo não é uma invenção das organizações sindicais? E que quanto à situação que se vive actualmente no ensino, não há diferenças entre o que pensam e dizem os professores e o que pensam e dizem os dirigentes dos Sindicatos?

In "Jornal do Centro" - Edição de 4 de Abril de 2008

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