o bico-de-lacre e o tarrote: "Tombwa angolensis"

03-07-2009
marcar artigo

O MAR E O DESERTOTombwa angolensisGarantem os meus pais,poveiros de gema, mas também da clara e do embrião, que é dizer dossete costados, que os primeiros raios de sol os vi na Villa Euracini,melhor Póvoa de Varzimou Póvoa do Mar como dizia meu avô.Eu, não tendo disso memória, identifico-me que nasci aquiPorto Alexandre,e minha mãe,___ Trengo, então nasceste com três anos de idade !Já agora:sobre topónimos, epónimos, geónimos e demais eneónimos,fique claro que não há estigmas: apenas semântica e semiótica secruzam nas quingostas da história e se completam na beleza maleáveldas palavras,para isto e o mais que há-de vir.É nos geográficos mapas de antanho,as cartas de marear em cor-de-sépiacom coloridos traços a pena gráfica,em nomes alinhados ao sabor da costacomo alevins que debicam longivíneas algas,e indicações desenhos de animais e plantas,e as rosas-dos-ventossua beleza-mor com milhentas linhas recruzadas:todas as rotas e caminhostodos os ventos e marés,mundos revelando exóticas latitudesmares que se descobrem adamastores mortíferos,é nos geográficos mapas de antanhoque se reza Port Alexander,de um James que por cá passou e (desentendendoareias e gentes) bazou. e do nada que fezdeixou o nome que Diogo inventara novo,Angra das Aldeias.Agoramente se diz que é Tombwa,nome de florWelwitschia mirabilis,___ Mais melhor Tombwa, como que quis Welwitsch,Tombwa angolensis, porquê que não ?reclama ela e com razão.mirabilis como elanenhum vivente lê as areias do Namibee nenhum mundo viu tal flora,dito que algumas já dobraram dois milénios.O grosso caule pouco sobe o chão e desenha um cálicetorcido pelo meio, assim como telhado de pernas p’ro armeio metro cada sua água circular que, em vez de enxotar a humidade,é cadavez esquema de guardar cacimbo.As folhas alongam-se por três metros, resistentes quanto couro e nemvento ou areia se conseguem derrotá-las, só lascando-as estriadas,assim imitando bué folhentas:mentiraque só duas e opostas.Quebonitas as flores capiquininas. a flor-rapaz em cacho espampanantea flor-menina em sua banga de espiga, transbordam o copoe na prenhez se ruborizam belas.Intrépidas raízes furam areias no breu buí e buscam água.chupa-que-chupa quando dão encontro. lhe enviam caté nas folhase aí fica guardada, fresquinha como em sangapara o tempo de míngua.Porto Alexandre , a Tombwa, é uma longa praia. espreguiçamangonha na costa sul, quem caminha pelo fundo do mapa angolano.acima Moçamedes, abaixo a Baía dos Tigres.De um lado são as ilhas-secas, dunas plantadas no deserto.ventosamente deambulam metamorfoses, traiçoeiras nuncaas mesmas linhas, muloje feitiçando outro rosto.Do outro lado o atlântico, oceano manso e cálido,azul esmeralda e safira.e frente à praia a ilha-molhada,ilha, a gente é que diz,mas restinga de areia que fecha o mar lá foraconfortando uma baía protectora,ilha, a gente é que diz,que cada dia nos defende das calemas rebentandovirulentas nas areias,ilha, a gente é que diz,que de vez em vez perde a ponte com a praia quandomarés-vivas o mar a trespassa e ela se isola descansante,sol e mar só para ela morenar,ilha, a gente é que diz.No antigamente do tempo do meu avô de mãe tinha tanto peixe na baía,tanto bixi, que os barcos encalhavam nos cardumes.ele que me contava nas suas estórias!Foi assim: os portugas pescadores, poveiros e nazarenos e algarvios,em parcos caícos à vela venceram procelas terríveisescorraçaram monstros e desbravaram águas de melhor vida.descobriram a cacimba fértil e,não sendo,chamaram-lhe sua e montaram arraial.admário costa lindo

O MAR E O DESERTOTombwa angolensisGarantem os meus pais,poveiros de gema, mas também da clara e do embrião, que é dizer dossete costados, que os primeiros raios de sol os vi na Villa Euracini,melhor Póvoa de Varzimou Póvoa do Mar como dizia meu avô.Eu, não tendo disso memória, identifico-me que nasci aquiPorto Alexandre,e minha mãe,___ Trengo, então nasceste com três anos de idade !Já agora:sobre topónimos, epónimos, geónimos e demais eneónimos,fique claro que não há estigmas: apenas semântica e semiótica secruzam nas quingostas da história e se completam na beleza maleáveldas palavras,para isto e o mais que há-de vir.É nos geográficos mapas de antanho,as cartas de marear em cor-de-sépiacom coloridos traços a pena gráfica,em nomes alinhados ao sabor da costacomo alevins que debicam longivíneas algas,e indicações desenhos de animais e plantas,e as rosas-dos-ventossua beleza-mor com milhentas linhas recruzadas:todas as rotas e caminhostodos os ventos e marés,mundos revelando exóticas latitudesmares que se descobrem adamastores mortíferos,é nos geográficos mapas de antanhoque se reza Port Alexander,de um James que por cá passou e (desentendendoareias e gentes) bazou. e do nada que fezdeixou o nome que Diogo inventara novo,Angra das Aldeias.Agoramente se diz que é Tombwa,nome de florWelwitschia mirabilis,___ Mais melhor Tombwa, como que quis Welwitsch,Tombwa angolensis, porquê que não ?reclama ela e com razão.mirabilis como elanenhum vivente lê as areias do Namibee nenhum mundo viu tal flora,dito que algumas já dobraram dois milénios.O grosso caule pouco sobe o chão e desenha um cálicetorcido pelo meio, assim como telhado de pernas p’ro armeio metro cada sua água circular que, em vez de enxotar a humidade,é cadavez esquema de guardar cacimbo.As folhas alongam-se por três metros, resistentes quanto couro e nemvento ou areia se conseguem derrotá-las, só lascando-as estriadas,assim imitando bué folhentas:mentiraque só duas e opostas.Quebonitas as flores capiquininas. a flor-rapaz em cacho espampanantea flor-menina em sua banga de espiga, transbordam o copoe na prenhez se ruborizam belas.Intrépidas raízes furam areias no breu buí e buscam água.chupa-que-chupa quando dão encontro. lhe enviam caté nas folhase aí fica guardada, fresquinha como em sangapara o tempo de míngua.Porto Alexandre , a Tombwa, é uma longa praia. espreguiçamangonha na costa sul, quem caminha pelo fundo do mapa angolano.acima Moçamedes, abaixo a Baía dos Tigres.De um lado são as ilhas-secas, dunas plantadas no deserto.ventosamente deambulam metamorfoses, traiçoeiras nuncaas mesmas linhas, muloje feitiçando outro rosto.Do outro lado o atlântico, oceano manso e cálido,azul esmeralda e safira.e frente à praia a ilha-molhada,ilha, a gente é que diz,mas restinga de areia que fecha o mar lá foraconfortando uma baía protectora,ilha, a gente é que diz,que cada dia nos defende das calemas rebentandovirulentas nas areias,ilha, a gente é que diz,que de vez em vez perde a ponte com a praia quandomarés-vivas o mar a trespassa e ela se isola descansante,sol e mar só para ela morenar,ilha, a gente é que diz.No antigamente do tempo do meu avô de mãe tinha tanto peixe na baía,tanto bixi, que os barcos encalhavam nos cardumes.ele que me contava nas suas estórias!Foi assim: os portugas pescadores, poveiros e nazarenos e algarvios,em parcos caícos à vela venceram procelas terríveisescorraçaram monstros e desbravaram águas de melhor vida.descobriram a cacimba fértil e,não sendo,chamaram-lhe sua e montaram arraial.admário costa lindo

marcar artigo