O valor das ideias: "Não investir para pagar subsídios de desemprego sem subir impostos": a economia segundo MFL, na entrevista ao Público e à RR

23-05-2009
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Há gente que pensa que a retoma é uma profissão de fé. Acham que estão certos, por isso estão certos. O André Amaral explica hoje no blogue farináceo a política económica que MFLeite terá advigado na entrevista ao Público e à RR. Sumariando-a na ideia de que a direita passou a ter superioridade moral sob a esquerda no que toca à política social. Uma alma ingénua perguntará "Porquê?". E o afoito blogger explica: porque o Governo do PS usou os Gastos Públicos como motor do crescimento económico. Entendeu que não lhe cabia facilitar a contratação mas incitá-la. O Estado com este governo ter-se-á tornado o motor da Economia. Qual o problema? Disvirtua-se a economia porque o dinheiro gasto nos Magalhães, TGV, e aumento dos funcionários públicos em 2,9% "seria melhor empregue na solvência dos subsídios de desemprego sem que tal implicasse aumenta de impostos a prazo" e porque o maior défice público implicará taxas de juro maiores. Conclui que Sócrates favorece os funcionários públicos e empresários seleccionados com interesse eleitoral, enquanto que Manuela tem superioridade moral porque diz que vai congelar os salários se for preciso. Vamos por partes. Explícito no texto está este raciocínio: era melhor o Estado não criar emprego agora porque para pagar os subsídios de desemprego aos que nessa condição permanecerem terá que mexer nos impostos. Faltou acrescentar: e eu não estou para isso!Isto é, ele acha preferível manter o desemprego elevado mas sermos poupadinhos nas contas públicas para pagar os subsídios de desemprego, do que tentar criar algum emprego, nem que nos endividemos mais, e com isso suportar uma carga fiscal mais elevada. É uma tese! O que eu não percebo é onde é que está a superioridade moral?? Porque tanto quanto entendo, na santa agenda neoliberal, o problema do André Abrantes Amaral é que lhe vão ao bolso para pagar os subsídios de desemprego. Solidariedade social nula. Prefere mais uns milhares a penar no desemprego até ao fim da crise, do que diminuir algum desemprego já e pagar mais impostos depois. Política social superior?? Há depois o segundo argumento: ao endividar-se, o Estado vai encarecer os juros que tem de pagar, por ser maior o risco. Pois. Eu não sei se o André sabe quais são as taxas de juro actualmente associadas a títulos da dívida portuguesa para diferentes maturidades? Uma olhadela aqui talvez não fosse pior. Por outro lado, e muito mais importante, é que a retoma da actividade económica e o evitar de uma espiral deflacionária, passando a inflação positiva, diminuía os encargos reais com a dívida pública. Este tipo de jogo está a ser feito pelos EUA e pelo Reino Unido. O endividamento será colossal este ano, nesses países, para inflação muito baixa. A subida da inflação, com a retoma da economia, tenderá a aliviar os juros reais das Obrigações do Tesouro. E, sobretudo, tornará mais barato a MFLeite e ao André Abrantes Amaral o pagamento desses impostos que ele tanto teme. Se pensasse dez segundos sobre se prefere pagar 10 Euros daqui a um ano, com inflação 0%, ou 10 Euros com inflação 2%, diga-me lá o que escolhia? O rating da república piora? Sim, já ouvimos essa. Mas é uma questão de saber que a possibilidade de retoma tornará mais fácil amortizar a dívida porque diminuem os encargos sociais, aumenta a base tributável e diminuem os juros reais. Não acham mais interessante? Finalmente, quanto ao vencimento dos funcionários públicos, o aumento real este ano é uma consequência da quebra da inflação. Depois de anos a perderem poder de compra para compensar asneiras no défice Barroso/Lopes, não acha justo que os funcionários público tenham alguma ajuda neste momento? E não sejamos demagógicos, todos sabemos que os aumentos no sector privado sofrem algum arrastamento pelos aumentos da função pública. Não venha caracterizar os funcionários públicos em Portugal como priviligiados: há carreiras que estão congeladas há sabe-se lá quanto tempo. Nota final: se há coisa de que não me lembraria nunca era de criticar o PS por governar para grupos eleitorais. Fosse esse o caso, acha que Maria de Lurdes Rodrigues ainda seria Ministra da Educação? O PM aguentou pressões populares tremendas porque acreditava numa linha de rumo, e defendeu os seus ministros. Acha isto populista? Se a maioria absoluta fosse um medo tão grande que gerasse pressões a sabe-se lá quem, acha que o PS teria comprado uma guerra com o inefável Mário Nogueira?


Há gente que pensa que a retoma é uma profissão de fé. Acham que estão certos, por isso estão certos. O André Amaral explica hoje no blogue farináceo a política económica que MFLeite terá advigado na entrevista ao Público e à RR. Sumariando-a na ideia de que a direita passou a ter superioridade moral sob a esquerda no que toca à política social. Uma alma ingénua perguntará "Porquê?". E o afoito blogger explica: porque o Governo do PS usou os Gastos Públicos como motor do crescimento económico. Entendeu que não lhe cabia facilitar a contratação mas incitá-la. O Estado com este governo ter-se-á tornado o motor da Economia. Qual o problema? Disvirtua-se a economia porque o dinheiro gasto nos Magalhães, TGV, e aumento dos funcionários públicos em 2,9% "seria melhor empregue na solvência dos subsídios de desemprego sem que tal implicasse aumenta de impostos a prazo" e porque o maior défice público implicará taxas de juro maiores. Conclui que Sócrates favorece os funcionários públicos e empresários seleccionados com interesse eleitoral, enquanto que Manuela tem superioridade moral porque diz que vai congelar os salários se for preciso. Vamos por partes. Explícito no texto está este raciocínio: era melhor o Estado não criar emprego agora porque para pagar os subsídios de desemprego aos que nessa condição permanecerem terá que mexer nos impostos. Faltou acrescentar: e eu não estou para isso!Isto é, ele acha preferível manter o desemprego elevado mas sermos poupadinhos nas contas públicas para pagar os subsídios de desemprego, do que tentar criar algum emprego, nem que nos endividemos mais, e com isso suportar uma carga fiscal mais elevada. É uma tese! O que eu não percebo é onde é que está a superioridade moral?? Porque tanto quanto entendo, na santa agenda neoliberal, o problema do André Abrantes Amaral é que lhe vão ao bolso para pagar os subsídios de desemprego. Solidariedade social nula. Prefere mais uns milhares a penar no desemprego até ao fim da crise, do que diminuir algum desemprego já e pagar mais impostos depois. Política social superior?? Há depois o segundo argumento: ao endividar-se, o Estado vai encarecer os juros que tem de pagar, por ser maior o risco. Pois. Eu não sei se o André sabe quais são as taxas de juro actualmente associadas a títulos da dívida portuguesa para diferentes maturidades? Uma olhadela aqui talvez não fosse pior. Por outro lado, e muito mais importante, é que a retoma da actividade económica e o evitar de uma espiral deflacionária, passando a inflação positiva, diminuía os encargos reais com a dívida pública. Este tipo de jogo está a ser feito pelos EUA e pelo Reino Unido. O endividamento será colossal este ano, nesses países, para inflação muito baixa. A subida da inflação, com a retoma da economia, tenderá a aliviar os juros reais das Obrigações do Tesouro. E, sobretudo, tornará mais barato a MFLeite e ao André Abrantes Amaral o pagamento desses impostos que ele tanto teme. Se pensasse dez segundos sobre se prefere pagar 10 Euros daqui a um ano, com inflação 0%, ou 10 Euros com inflação 2%, diga-me lá o que escolhia? O rating da república piora? Sim, já ouvimos essa. Mas é uma questão de saber que a possibilidade de retoma tornará mais fácil amortizar a dívida porque diminuem os encargos sociais, aumenta a base tributável e diminuem os juros reais. Não acham mais interessante? Finalmente, quanto ao vencimento dos funcionários públicos, o aumento real este ano é uma consequência da quebra da inflação. Depois de anos a perderem poder de compra para compensar asneiras no défice Barroso/Lopes, não acha justo que os funcionários público tenham alguma ajuda neste momento? E não sejamos demagógicos, todos sabemos que os aumentos no sector privado sofrem algum arrastamento pelos aumentos da função pública. Não venha caracterizar os funcionários públicos em Portugal como priviligiados: há carreiras que estão congeladas há sabe-se lá quanto tempo. Nota final: se há coisa de que não me lembraria nunca era de criticar o PS por governar para grupos eleitorais. Fosse esse o caso, acha que Maria de Lurdes Rodrigues ainda seria Ministra da Educação? O PM aguentou pressões populares tremendas porque acreditava numa linha de rumo, e defendeu os seus ministros. Acha isto populista? Se a maioria absoluta fosse um medo tão grande que gerasse pressões a sabe-se lá quem, acha que o PS teria comprado uma guerra com o inefável Mário Nogueira?

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