Pensamento Alinhado: Saúde

29-09-2009
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No post inaugural do tema Saúde pretendo analisar as vantagens e desvantagens de um sistema público em detrimento de um sistema privado e clarificar as razões que me levam a apostar no mesmo, bem como aquilo que penso que poderia ser melhorado.Para mim a saúde deve ser acessível a todos, independentemente das condições sociais e económicas em que vivemos. Tal como a Educação, considero que é um direito ter acesso aos melhores cuidados de saúde desde o nascimento até à morte. Este é um sector fundamental na nossa sociedade que vai influenciar todos os outros (veja-se por exemplo a preocupação das empresas com a Gripe A). Sendo fundamental penso que faz todo o sentido investir nele e abrirmos a nossa mente a uma óptica mais ampla que a do custo/benefício em termos financeiros de forma directa. Na minha opinião a saúde não tem de dar lucro no mesmo sentido em que as empresas têm de dar pois potencia lucros cuja quantificação é bem mais difícil mas não por isso menos importantes.Esta é razão "nuclear" pela qual apoio um sistema público de saúde. Pelo facto de não considerar necessário que a saúde dê lucro. Um hospital privado pode ser mais rigoroso nas suas contas e evitar desperdícios que um hospital público não evita mas procura sempre primeiro o lucro e não o bem-estar dos seus pacientes. Seja por negar o tratamento a alguém que não tenha dinheiro/seguro, seja por falsificar diagnósticos para receber mais subsídios estatais, seja por realizar determinados tratamentos que não sendo os mais adequados do ponto de vista médico o são do ponto de vista financeiro, os hospitais privados terão sempre todo o interesse em retirar o maior proveito económico possível da nossa situação. Não digo que o façam todos os dias nem em todos os hospitais. Eu já recorri a hospitais privados e fui bem tratado. Mas penso que quando colocamos algo à frente da saúde (neste caso o dinheiro) estamos a desviar-nos do caminho correcto. Estamos a confiar na honestidade de alguém cujo interesse não é comum ao nosso. O nosso é ficar curados. O deles é receber dinheiro.Esta base de pensamento, esta hierarquia de prioridades terá influência em todo o processo produzindo assim resultados negativos quando apostamos num sistema privado. Com um sistema de saúde público as prioridades da administração do hospital podem convergir com as prioridades do paciente, produzindo resultados positivos.É certo que um hospital é um investimento avultado e a factura da saúde nas contas públicas é pesada. A construção e gestão de um privado em troca de subsídios (cujo custo é muito menor) parece assim uma solução apetecível. Contudo não concordo com a mesma. Por mais que custe este investimento entendo que é essencial ser o estado a realizá-lo. A entrada nos privados poderá ocorrer na gestão (após construção do estado) mas com moldes específicos capazes de potenciar as vantagens dos privados com as prioridades de um sistema público. Uma gestão privada que anule ao máximo os desperdícios e que "rentabilize" da melhor maneira o hospital mas cujo pagamento não seja de acordo com o lucro/prejuízo daquele espaço. O montante recebido pela empresa gestora teria de estar de estar em concordância com parâmetros de sucesso em operações, tratamentos e diagnósticos e com a própria avaliação dos utilizadores. Esta seria uma forma de tentar canalizar a "sede por lucro" dos privados para algo que iria beneficiar os utilizadores e o próprio Sistema Nacional de Saúde.Em suma, defendo um sistema público de saúde por considerar que é aquele cujas prioridades são comuns às de quem, infelizmente, necessita de recorrer a estes locais. É um investimento pesado e que produz efeitos imediatos muito nefastos para as contas públicas. Mas é um investimento a longo prazo e cujos benefícios são ainda maiores que o efeito inicial, tornando-o portanto num investimento "lucrativo" do ponto de vista social e até económico. Um bom sistema de saúde fomenta a inclusão social, gera ganhos na educação, aumenta a competitividade do país, é benéfica para as empresas, gera empregos, produz inovações tecnológicas, apoia a investigação, melhora a qualidade de vida e acima de tudo... salva pessoas.


No post inaugural do tema Saúde pretendo analisar as vantagens e desvantagens de um sistema público em detrimento de um sistema privado e clarificar as razões que me levam a apostar no mesmo, bem como aquilo que penso que poderia ser melhorado.Para mim a saúde deve ser acessível a todos, independentemente das condições sociais e económicas em que vivemos. Tal como a Educação, considero que é um direito ter acesso aos melhores cuidados de saúde desde o nascimento até à morte. Este é um sector fundamental na nossa sociedade que vai influenciar todos os outros (veja-se por exemplo a preocupação das empresas com a Gripe A). Sendo fundamental penso que faz todo o sentido investir nele e abrirmos a nossa mente a uma óptica mais ampla que a do custo/benefício em termos financeiros de forma directa. Na minha opinião a saúde não tem de dar lucro no mesmo sentido em que as empresas têm de dar pois potencia lucros cuja quantificação é bem mais difícil mas não por isso menos importantes.Esta é razão "nuclear" pela qual apoio um sistema público de saúde. Pelo facto de não considerar necessário que a saúde dê lucro. Um hospital privado pode ser mais rigoroso nas suas contas e evitar desperdícios que um hospital público não evita mas procura sempre primeiro o lucro e não o bem-estar dos seus pacientes. Seja por negar o tratamento a alguém que não tenha dinheiro/seguro, seja por falsificar diagnósticos para receber mais subsídios estatais, seja por realizar determinados tratamentos que não sendo os mais adequados do ponto de vista médico o são do ponto de vista financeiro, os hospitais privados terão sempre todo o interesse em retirar o maior proveito económico possível da nossa situação. Não digo que o façam todos os dias nem em todos os hospitais. Eu já recorri a hospitais privados e fui bem tratado. Mas penso que quando colocamos algo à frente da saúde (neste caso o dinheiro) estamos a desviar-nos do caminho correcto. Estamos a confiar na honestidade de alguém cujo interesse não é comum ao nosso. O nosso é ficar curados. O deles é receber dinheiro.Esta base de pensamento, esta hierarquia de prioridades terá influência em todo o processo produzindo assim resultados negativos quando apostamos num sistema privado. Com um sistema de saúde público as prioridades da administração do hospital podem convergir com as prioridades do paciente, produzindo resultados positivos.É certo que um hospital é um investimento avultado e a factura da saúde nas contas públicas é pesada. A construção e gestão de um privado em troca de subsídios (cujo custo é muito menor) parece assim uma solução apetecível. Contudo não concordo com a mesma. Por mais que custe este investimento entendo que é essencial ser o estado a realizá-lo. A entrada nos privados poderá ocorrer na gestão (após construção do estado) mas com moldes específicos capazes de potenciar as vantagens dos privados com as prioridades de um sistema público. Uma gestão privada que anule ao máximo os desperdícios e que "rentabilize" da melhor maneira o hospital mas cujo pagamento não seja de acordo com o lucro/prejuízo daquele espaço. O montante recebido pela empresa gestora teria de estar de estar em concordância com parâmetros de sucesso em operações, tratamentos e diagnósticos e com a própria avaliação dos utilizadores. Esta seria uma forma de tentar canalizar a "sede por lucro" dos privados para algo que iria beneficiar os utilizadores e o próprio Sistema Nacional de Saúde.Em suma, defendo um sistema público de saúde por considerar que é aquele cujas prioridades são comuns às de quem, infelizmente, necessita de recorrer a estes locais. É um investimento pesado e que produz efeitos imediatos muito nefastos para as contas públicas. Mas é um investimento a longo prazo e cujos benefícios são ainda maiores que o efeito inicial, tornando-o portanto num investimento "lucrativo" do ponto de vista social e até económico. Um bom sistema de saúde fomenta a inclusão social, gera ganhos na educação, aumenta a competitividade do país, é benéfica para as empresas, gera empregos, produz inovações tecnológicas, apoia a investigação, melhora a qualidade de vida e acima de tudo... salva pessoas.

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