Visões ...: Olhar alheio

07-10-2009
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O olhar que segue é da Ana Rita Cavaco, uma grande amiga e uma pessoa que me fez perceber que a política não é necessariamente o espaço de refúgio dos medíocres. Ponderei muito antes de colocar no meu blog estas linhas que ela escreveu há poucos dias. No entanto, para aqueles que me acusam de ser "muito laranja", aqui está a prova de como não escondo a verdade, não alinho em seguidismos e não vendo a alma ao diabo. O texto que se segue é um belo exemplo de como ainda é possível estar de cabeça erguida na política: longe da sujidade, longe do compadrio e dos jogos de poder. Sei que há detalhes que vos vão escapar porque não estão dentro do assunto, mas percebam o essencial...

Memória

por ANA RITA CAVACO

Em política, como na vida, aprendi a importância de nunca dizer nunca. Tinha prometido a mim mesma não falar sobre o XVIII Congresso da JSD no Fundão, o congresso onde o grupo da 4ª República perdeu as eleições. Mas para poder avançar, a história deve e tem que ser contada tal e qual como aconteceu... Desde já vos digo que os factos que vou relatar não são discutíveis ou comentáveis, foram vividos in loco não se trata de ouvir contar, eu estive lá!

A bem da verdade e sanidade mental de todos os que acompanharam a a recandidatura do Jorge Nuno Sá à presidência da JSD, é preciso que se diga que o Nuno Sousa (candidato a vice-presidente na lista do Jorge) não saiu das listas a duas horas de se iniciar a votação por sofrer de qualquer problema mental, mas sim porque foi coagido pelo próprio Luís Filipe Menezes a fazê-lo. Os detalhes, que envolviam acordos obscuros com a concelhia do PSD-Porto para o congresso do partido em Pombal, ou a oferta de presidências da JSD, deixo-os para depois. Mas digo-vos que em 14 anos de filiação partidária nunca vi uma coisa assim.

Também é preciso dizer que quando vi o Hélder Santos (Vereador da Câmara Municipal da Trofa) subir ao palanque e o ouvi dizer que apoiava o Daniel Fangueiro (candidato adversário de Jorge Nuno), doeu-me a alma - de revolta, de raiva por tanta cobardia: aquele que dizia apoiar o Jorge Nuno Sá acabava de afirmar ao congresso que nos havia traido, esquecendo-se de nos avisar. Porém, a explicação viria mais tarde. O Hélder tinha sido pressionado para apoiar o Daniel Fangueiro, isto se quisesse continuar como vereador da Câmara Municipal da Trofa. As incursões dos "Barões" do PSD no congresso da "jota" não ficaram por aqui mas estas foram, sem dúvida, as mais vergonhosas. Para quem não sabe, eu admirava muito o trabalho de Luís Filipe Menezes e em termos políticos, na concelhia do Porto, poder-se-ia dizer que a minha "ala" era, de facto, mais "menezista". Nunca pensei que o poder e a política fossem tão importantes. Hoje tenho vergonha de pertencer ao mesmo partido que estas pessoas mas acredito que os partidos têm que ser reformáveis.

Quem é militante da JSD e conhece os estatutos e regulamentos dos congressos sabe que as substituições de delegados não podem ser feitas durante o decorrer dos trabalhos da reunião magna. É pena que o presidente da Mesa do Congresso (Pedro Duarte) não o saiba pois assinou diversas substituições durante o dia de sábado, substituições essas feitas por uma funcionária do partido que apareceu para "ajudar" e que, curiosamente, integra a comitiva e o staff de Luís Filipe Menezes. Aqui está a democracia e a transparência. Como disse Santana Lopes no encerramento do XVIII Congresso Nacional da JSD: "Glória aos vencedores, honra aos vencidos". Sábias palavras estas, "honra aos vencidos" que não ganharam o congresso na secretaria, nem recorrem a pressões dignas do Antigo Regime, ainda bem que eu fui uma das que nasceu no pós-25 de Abril e que hoje posso, sem medo, expressar o que me vai na alma.

É bom não esquecer um detalhe que faz toda a diferença e daqui tirarão as ilações que quiserem. Antes de o Nuno Sousa ter tomado qualquer decisão, já a lista do Daniel Fangueiro e os seus apoiantes sabiam da saída desse militante do Porto, muito antes do encerramento dos trabalhos no Sábado, mas isto é apenas uma curiosidade.

Tenho dito sempre que os momentos que se avizinham são momentos importantes e de tal modo difíceis, que todos não somos demais para reagir contra este estado de coisas!

A minha viagem na política tem sido uma viagem diferente, que passa ao lado destes esquemas de poder viciado e doente que assolam a nossa estrutura. A minha viagem é uma viagem de ideias. Para mim, tal como no início da democracia na Grécia Antiga, o que importa é mesmo a viagem! Concordar ou discordar e debater livremente os assuntos respeitantes à vida do partido é um acto de cidadania, e só isso nos pode aproximar da sociedade civil. Exerço em consciência o meu dever de cidadania, este é o melhor e único cargo que quero manter para sempre, sem nunca esquecer a minha formação de base e o meu investimento profissional, só assim serei útil ao PPD/PSD, e é por isso que a minha viagem é uma viagem diferente.

O olhar que segue é da Ana Rita Cavaco, uma grande amiga e uma pessoa que me fez perceber que a política não é necessariamente o espaço de refúgio dos medíocres. Ponderei muito antes de colocar no meu blog estas linhas que ela escreveu há poucos dias. No entanto, para aqueles que me acusam de ser "muito laranja", aqui está a prova de como não escondo a verdade, não alinho em seguidismos e não vendo a alma ao diabo. O texto que se segue é um belo exemplo de como ainda é possível estar de cabeça erguida na política: longe da sujidade, longe do compadrio e dos jogos de poder. Sei que há detalhes que vos vão escapar porque não estão dentro do assunto, mas percebam o essencial...

Memória

por ANA RITA CAVACO

Em política, como na vida, aprendi a importância de nunca dizer nunca. Tinha prometido a mim mesma não falar sobre o XVIII Congresso da JSD no Fundão, o congresso onde o grupo da 4ª República perdeu as eleições. Mas para poder avançar, a história deve e tem que ser contada tal e qual como aconteceu... Desde já vos digo que os factos que vou relatar não são discutíveis ou comentáveis, foram vividos in loco não se trata de ouvir contar, eu estive lá!

A bem da verdade e sanidade mental de todos os que acompanharam a a recandidatura do Jorge Nuno Sá à presidência da JSD, é preciso que se diga que o Nuno Sousa (candidato a vice-presidente na lista do Jorge) não saiu das listas a duas horas de se iniciar a votação por sofrer de qualquer problema mental, mas sim porque foi coagido pelo próprio Luís Filipe Menezes a fazê-lo. Os detalhes, que envolviam acordos obscuros com a concelhia do PSD-Porto para o congresso do partido em Pombal, ou a oferta de presidências da JSD, deixo-os para depois. Mas digo-vos que em 14 anos de filiação partidária nunca vi uma coisa assim.

Também é preciso dizer que quando vi o Hélder Santos (Vereador da Câmara Municipal da Trofa) subir ao palanque e o ouvi dizer que apoiava o Daniel Fangueiro (candidato adversário de Jorge Nuno), doeu-me a alma - de revolta, de raiva por tanta cobardia: aquele que dizia apoiar o Jorge Nuno Sá acabava de afirmar ao congresso que nos havia traido, esquecendo-se de nos avisar. Porém, a explicação viria mais tarde. O Hélder tinha sido pressionado para apoiar o Daniel Fangueiro, isto se quisesse continuar como vereador da Câmara Municipal da Trofa. As incursões dos "Barões" do PSD no congresso da "jota" não ficaram por aqui mas estas foram, sem dúvida, as mais vergonhosas. Para quem não sabe, eu admirava muito o trabalho de Luís Filipe Menezes e em termos políticos, na concelhia do Porto, poder-se-ia dizer que a minha "ala" era, de facto, mais "menezista". Nunca pensei que o poder e a política fossem tão importantes. Hoje tenho vergonha de pertencer ao mesmo partido que estas pessoas mas acredito que os partidos têm que ser reformáveis.

Quem é militante da JSD e conhece os estatutos e regulamentos dos congressos sabe que as substituições de delegados não podem ser feitas durante o decorrer dos trabalhos da reunião magna. É pena que o presidente da Mesa do Congresso (Pedro Duarte) não o saiba pois assinou diversas substituições durante o dia de sábado, substituições essas feitas por uma funcionária do partido que apareceu para "ajudar" e que, curiosamente, integra a comitiva e o staff de Luís Filipe Menezes. Aqui está a democracia e a transparência. Como disse Santana Lopes no encerramento do XVIII Congresso Nacional da JSD: "Glória aos vencedores, honra aos vencidos". Sábias palavras estas, "honra aos vencidos" que não ganharam o congresso na secretaria, nem recorrem a pressões dignas do Antigo Regime, ainda bem que eu fui uma das que nasceu no pós-25 de Abril e que hoje posso, sem medo, expressar o que me vai na alma.

É bom não esquecer um detalhe que faz toda a diferença e daqui tirarão as ilações que quiserem. Antes de o Nuno Sousa ter tomado qualquer decisão, já a lista do Daniel Fangueiro e os seus apoiantes sabiam da saída desse militante do Porto, muito antes do encerramento dos trabalhos no Sábado, mas isto é apenas uma curiosidade.

Tenho dito sempre que os momentos que se avizinham são momentos importantes e de tal modo difíceis, que todos não somos demais para reagir contra este estado de coisas!

A minha viagem na política tem sido uma viagem diferente, que passa ao lado destes esquemas de poder viciado e doente que assolam a nossa estrutura. A minha viagem é uma viagem de ideias. Para mim, tal como no início da democracia na Grécia Antiga, o que importa é mesmo a viagem! Concordar ou discordar e debater livremente os assuntos respeitantes à vida do partido é um acto de cidadania, e só isso nos pode aproximar da sociedade civil. Exerço em consciência o meu dever de cidadania, este é o melhor e único cargo que quero manter para sempre, sem nunca esquecer a minha formação de base e o meu investimento profissional, só assim serei útil ao PPD/PSD, e é por isso que a minha viagem é uma viagem diferente.

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