DuasCidades: Magalhães Lima, o caixeiro viajante da República

02-10-2009
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Na véspera de Natal de 1907, João Franco manda publicar o decreto de convocação de eleições para 5 de Abril de 1908; não tão cedo quanto os partidos reclamavam, mas ainda assim o fim da “ditadura”. Ao convocar eleições, o que já podia fazer em Dezembro sem risco porque a reforma dos colégios eleitorais lhe permitia esperar uma maioria parlamentar, retirava à agitação o pretexto mais sério. Mais alguns meses e o país regressaria à legalidade constitucional. Durante meses concitara contra si e contra o rei, a fúria dos partidos monárquicos e dos republicanos. Agora, com a conspiração republicana controlada, encaminhada a viagem de D. Carlos ao Brasil, e presos alguns raros anarquistas, considerava ter na mão todos os elementos para fazer triunfar o seu projecto. Se vencesse, poderia ser o fim do rotativismo estéril, a redução do republicanismo a uma força marginal e um novo alento para a monarquia, baseada numa nova correlação de forças.O que João Franco desconhecia eram os planos gizados em Paris por gente do Partido Republicano e das Lojas da Rua Cadet, 15. Em Novembro de 1907, Magalhães Lima, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, anunciou em banquete organizado em sua honra em Paris que graves notícias estavam para chegar de Portugal, e bebia antecipadamente "à República Portuguesa" (87).[1]Que se passara?O Partido Republicano enviara a Paris uma missão constituída pelos FF. MM. Magalhães Lima, Alves da Veiga, Ângelo da Fonseca, e eng.º José da Costa Amorim.[2] O grupo aparece reproduzido com relevo, em fotografia, dez dias após o regicídio (11 de Fevereiro de 1908), na primeira página de O Mundo. Tratava-se de procurar junto apoios internacionais para a revolução, e coordenar a respectiva propaganda.[3] Muito embora não se conheçam os nomes dos interlocutores, tudo aponta para o senador Henry Bérenger, apoiado no ministro dos Estrangeiros Stéphen Pichon e do primeiro-ministro Clemenceau, dos radicais franceses no poder.O rasto da missão foi seguido pelas organizações antimaçónicas francesas que publicaram relatos do sucedido nos jornais e expediram ao ministro de Portugal, em Paris, Sousa Rosa, a informação obtida através de uma loja maçónica parisiense de que D. Carlos seria assassi­nado “..... “.[4]A 19 de Novembro de 1907, Magalhães Lima toma a palavra na Loja Cosmos (GOF) sobre o tema “Portugal – decadência da monarquia, necessidade de um regime republicano – advento da república”: A 20 de Novembro está na Loja Garibaldi (GOF). Preside ao banquete do Congresso da Imprensa ( radical) onde profere o sinistro aviso já referido. E volta a surgir numa sessão solene de 21 de Dezembro presidida por altas entidades maçónicas francesas.[5] Sempre espalhafatoso, terá sido mesmo censurado pelos seus pares e é de notar que a 1ª República nunca lhe confiou um cargo político de responsabilidade.O anarquista José Nunes, inventor confesso de engenhos de morte, maçon e carbonário, revelou as reuniões de Paris em E para quê? (1918). Aí levanta uma ponta do pesado véu quando afirma que a tragédia do Terreiro do Paço foi a realização do que se combinara, em fins de 1907, numa reunião no Restaurante Le Brébant, 32, no Boulevard Poissonière, em Paris. No Congresso da Im­prensa, “onde um dos políticos que estavam na casa da rua do Desterro, um outro português e alguns revolucionários franceses, resolveram o assassí­nio de João Franco enquadrado num golpe revolucionário que veio a ser o 28 de Janeiro.”[1] Brenier[2] Em 1909 o PRP envia a Inglaterra uma comissão formada por Magalhães Lima, José Relvas e Alves da Veiga, para obter das autoridades britânicas, onde Lloyd George representa os radicais, havendo encontros com o duque de Connaught.[3] Araújo[4] Araújo. Artigo do Padre francês J. Tourmentin contra Magalhães de Lima e Maçonaria“Portugal” 2ª pag. - COPIADO 14/2/1908Tourmentin é citado por Flavien Brennier, redactor da Revue Anti-Maçonnique[5] Léon de Poncins, Le Portugal renait, Paris, 1936, pp.20-21


Na véspera de Natal de 1907, João Franco manda publicar o decreto de convocação de eleições para 5 de Abril de 1908; não tão cedo quanto os partidos reclamavam, mas ainda assim o fim da “ditadura”. Ao convocar eleições, o que já podia fazer em Dezembro sem risco porque a reforma dos colégios eleitorais lhe permitia esperar uma maioria parlamentar, retirava à agitação o pretexto mais sério. Mais alguns meses e o país regressaria à legalidade constitucional. Durante meses concitara contra si e contra o rei, a fúria dos partidos monárquicos e dos republicanos. Agora, com a conspiração republicana controlada, encaminhada a viagem de D. Carlos ao Brasil, e presos alguns raros anarquistas, considerava ter na mão todos os elementos para fazer triunfar o seu projecto. Se vencesse, poderia ser o fim do rotativismo estéril, a redução do republicanismo a uma força marginal e um novo alento para a monarquia, baseada numa nova correlação de forças.O que João Franco desconhecia eram os planos gizados em Paris por gente do Partido Republicano e das Lojas da Rua Cadet, 15. Em Novembro de 1907, Magalhães Lima, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, anunciou em banquete organizado em sua honra em Paris que graves notícias estavam para chegar de Portugal, e bebia antecipadamente "à República Portuguesa" (87).[1]Que se passara?O Partido Republicano enviara a Paris uma missão constituída pelos FF. MM. Magalhães Lima, Alves da Veiga, Ângelo da Fonseca, e eng.º José da Costa Amorim.[2] O grupo aparece reproduzido com relevo, em fotografia, dez dias após o regicídio (11 de Fevereiro de 1908), na primeira página de O Mundo. Tratava-se de procurar junto apoios internacionais para a revolução, e coordenar a respectiva propaganda.[3] Muito embora não se conheçam os nomes dos interlocutores, tudo aponta para o senador Henry Bérenger, apoiado no ministro dos Estrangeiros Stéphen Pichon e do primeiro-ministro Clemenceau, dos radicais franceses no poder.O rasto da missão foi seguido pelas organizações antimaçónicas francesas que publicaram relatos do sucedido nos jornais e expediram ao ministro de Portugal, em Paris, Sousa Rosa, a informação obtida através de uma loja maçónica parisiense de que D. Carlos seria assassi­nado “..... “.[4]A 19 de Novembro de 1907, Magalhães Lima toma a palavra na Loja Cosmos (GOF) sobre o tema “Portugal – decadência da monarquia, necessidade de um regime republicano – advento da república”: A 20 de Novembro está na Loja Garibaldi (GOF). Preside ao banquete do Congresso da Imprensa ( radical) onde profere o sinistro aviso já referido. E volta a surgir numa sessão solene de 21 de Dezembro presidida por altas entidades maçónicas francesas.[5] Sempre espalhafatoso, terá sido mesmo censurado pelos seus pares e é de notar que a 1ª República nunca lhe confiou um cargo político de responsabilidade.O anarquista José Nunes, inventor confesso de engenhos de morte, maçon e carbonário, revelou as reuniões de Paris em E para quê? (1918). Aí levanta uma ponta do pesado véu quando afirma que a tragédia do Terreiro do Paço foi a realização do que se combinara, em fins de 1907, numa reunião no Restaurante Le Brébant, 32, no Boulevard Poissonière, em Paris. No Congresso da Im­prensa, “onde um dos políticos que estavam na casa da rua do Desterro, um outro português e alguns revolucionários franceses, resolveram o assassí­nio de João Franco enquadrado num golpe revolucionário que veio a ser o 28 de Janeiro.”[1] Brenier[2] Em 1909 o PRP envia a Inglaterra uma comissão formada por Magalhães Lima, José Relvas e Alves da Veiga, para obter das autoridades britânicas, onde Lloyd George representa os radicais, havendo encontros com o duque de Connaught.[3] Araújo[4] Araújo. Artigo do Padre francês J. Tourmentin contra Magalhães de Lima e Maçonaria“Portugal” 2ª pag. - COPIADO 14/2/1908Tourmentin é citado por Flavien Brennier, redactor da Revue Anti-Maçonnique[5] Léon de Poncins, Le Portugal renait, Paris, 1936, pp.20-21

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