PEDRO QUARTIN GRAÇA

25-06-2009
marcar artigo


RUI RIO, A POLÍTICA, OS POLÍTICOS e OS MEDIANão conheço pessoalmente Rui Rio. Mas habituei-me a considerá-lo um homem sério e defensor da causa pública, fruto das suas posições públicas e da sua prática política nos últimos anos. Talvez, também, por ambos termos frequentado, na infância, a mesma escola, com os mesmos princípios e métodos. Ele, a Escola Alemã do Porto. Eu, a de Lisboa.Vem isto a propósito da entrevista hoje, domingo 4 de Junho, dada por Rui Rio ao diário "Correio da Manhã". Como é públicamente sabido trata-se de um jornal pelo qual não nutro especial simpatia (pelo facto, e apenas por este, de ter sido maltratado, sem razão, pelo mesmo jornal) mas que leio com frequência.Não aprecio todavia ao "Correio da Manhã" a sistemática e aparentemente infundada cruzada que faz contra a política e os políticos.Pois hoje Rui Rio deu ao referido jornal uma entrevista interessante. De que destaco seguinte trecho: à pergunta:__________________- A Justiça é o maior problema (de Portugal)?, responde Rui Rio:"– Pela leitura que faço do País e do regime, o poder político é fraco e está cada vez mais fraco e condicionado pelos grandes interesses, pelas corporações e pelos poderes fácticos. Só vejo uma solução no âmbito do regime: mais democracia representativa. Quando a democracia falha deve ter capacidade para se regenerar. Os órgãos legitimamente eleitos devem ter as condições para governar.– E porque é tão crítico da Comunicação Social (CS)?– O principal problema do País é político. A democracia não convive com falta de autoridade. O principal problema do regime nem é a crise económica. Para mim isso é claro. Tudo começa com o inequívoco enfraquecimento do poder político. A CS tem aqui uma responsabilidade gigantesca, porque na lógica do seu funcionamento e no quadro de impunidade em que actua, enfraquece o regime e tenta formatar a opinião pública à luz dos seus interesses. E o primeiro deles é o lucro. Mas não pode ser à custa da violação dos legítimos direitos das pessoas e de descredibilizar a democracia. Veja o que acontece com a promiscuidade entre sectores da Justiça e a CS. Em termos democráticos é, no mínimo, miserável. Em alguns casos nem no Estado Novo se assistiu a isto.– Como se resolve isso?– Tem de ser o poder político a resolver. Pelo menos, PS, PSD e PP deviam entender-se nas questões de regime. Se não o fizerem rapidamente a tendência será para a ingovernabilidade. O verdadeiro problema é que o poder político tem-se vindo a enfraquecer gradualmente. Democracia não pode significar falta de autoridade."________________________Rui Rio tem toda a razão. Colocou, e bem, o dedo na ferida. Apontou os erros a quem de direito. Os que, no poder, contribuem para o enfraquecimento das instituições políticas , e do Parlamento nacional em especial. Os que, na comunicação social, ajudam diariamente ao empobrecimento do regime e à destruição da imagem pública dos políticos.Neste âmbito José Sócrates tem uma grande dose de responsabilidade. E, ironicamente, o "Correio da Manhã" também...É por isso que o registo público de interesses dos jornalistas e dos demais responsáveis dos jornais começa a fazer todo o sentido. E nisso (talvez mesmo só nisso) Manuel Maria Carrilho tem toda a razão...


RUI RIO, A POLÍTICA, OS POLÍTICOS e OS MEDIANão conheço pessoalmente Rui Rio. Mas habituei-me a considerá-lo um homem sério e defensor da causa pública, fruto das suas posições públicas e da sua prática política nos últimos anos. Talvez, também, por ambos termos frequentado, na infância, a mesma escola, com os mesmos princípios e métodos. Ele, a Escola Alemã do Porto. Eu, a de Lisboa.Vem isto a propósito da entrevista hoje, domingo 4 de Junho, dada por Rui Rio ao diário "Correio da Manhã". Como é públicamente sabido trata-se de um jornal pelo qual não nutro especial simpatia (pelo facto, e apenas por este, de ter sido maltratado, sem razão, pelo mesmo jornal) mas que leio com frequência.Não aprecio todavia ao "Correio da Manhã" a sistemática e aparentemente infundada cruzada que faz contra a política e os políticos.Pois hoje Rui Rio deu ao referido jornal uma entrevista interessante. De que destaco seguinte trecho: à pergunta:__________________- A Justiça é o maior problema (de Portugal)?, responde Rui Rio:"– Pela leitura que faço do País e do regime, o poder político é fraco e está cada vez mais fraco e condicionado pelos grandes interesses, pelas corporações e pelos poderes fácticos. Só vejo uma solução no âmbito do regime: mais democracia representativa. Quando a democracia falha deve ter capacidade para se regenerar. Os órgãos legitimamente eleitos devem ter as condições para governar.– E porque é tão crítico da Comunicação Social (CS)?– O principal problema do País é político. A democracia não convive com falta de autoridade. O principal problema do regime nem é a crise económica. Para mim isso é claro. Tudo começa com o inequívoco enfraquecimento do poder político. A CS tem aqui uma responsabilidade gigantesca, porque na lógica do seu funcionamento e no quadro de impunidade em que actua, enfraquece o regime e tenta formatar a opinião pública à luz dos seus interesses. E o primeiro deles é o lucro. Mas não pode ser à custa da violação dos legítimos direitos das pessoas e de descredibilizar a democracia. Veja o que acontece com a promiscuidade entre sectores da Justiça e a CS. Em termos democráticos é, no mínimo, miserável. Em alguns casos nem no Estado Novo se assistiu a isto.– Como se resolve isso?– Tem de ser o poder político a resolver. Pelo menos, PS, PSD e PP deviam entender-se nas questões de regime. Se não o fizerem rapidamente a tendência será para a ingovernabilidade. O verdadeiro problema é que o poder político tem-se vindo a enfraquecer gradualmente. Democracia não pode significar falta de autoridade."________________________Rui Rio tem toda a razão. Colocou, e bem, o dedo na ferida. Apontou os erros a quem de direito. Os que, no poder, contribuem para o enfraquecimento das instituições políticas , e do Parlamento nacional em especial. Os que, na comunicação social, ajudam diariamente ao empobrecimento do regime e à destruição da imagem pública dos políticos.Neste âmbito José Sócrates tem uma grande dose de responsabilidade. E, ironicamente, o "Correio da Manhã" também...É por isso que o registo público de interesses dos jornalistas e dos demais responsáveis dos jornais começa a fazer todo o sentido. E nisso (talvez mesmo só nisso) Manuel Maria Carrilho tem toda a razão...

marcar artigo