Manuel Malpique Rufino

06-10-2009
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UM ARTISTA DE FERRONisa, terra de artes e de artistas. Aqui damos a conhecer mais um artífice da "velha guarda", daqueles que ainda aprendiam um ofício, cinco anos a trabalhar de borla, como compensação para o "pagamento" ao mestre, da aprendizagem e dos conhecimentos recebidos.Manuel Malpique Rufino, 72 anos, nado e criado em Nisa é um verdadeiro artista e com propriedade se pode dizer que “foi talhado a ferro”. Na arte, vontade e espírito de criação que transmite a cada peça que transforma. A partir do ferro ou da “folha de flandres.Foram muitos os anos em que Manuel Malpique Rufino aprendeu e praticou como meio de vida e subsistência, a “arte do ferro”, num tempo em que ser ferreiro era sinónimo de vida dura e fraco sustento.Ainda assim a arte alimentava a boca de muitas famílias e os trabalhos das oficinas existentes em Nisa que chegaram a ser mais de meia dúzia, eram sustentados pela vida rural e agrícola.Alfaias, ferramentas, utensílios, grades, portões, noras, carroças e carretas, eram muitos os equipamentos a que davam assistência, reparando ou fazendo de raiz, por vezes durante a noite, por que a vida no campo não podia parar.Enxadas, picaretas, forquilhas, foices tinham que estar bem afiadas no dia seguinte para retomar a faina nos campos.“Comecei a aprender na oficina do meu pai e do meu tio na Rua da Devesa, ainda andava na escola, na 4ª classe. Ali aprendo o ofício e havia sempre trabalho para todos os ferreiros. O pessoal do campo só podia ter uma ferramenta, não tinha posses para mais e grande parte do nosso trabalho era aguçar ferramentas, à noite, para servirem no dia seguinte.”A trabalhar na oficina desde os 11 anos e até aos 50. Manuel Rufino entrou depois para o serviço da autarquia nisense onde se reformou.A sua vida tomou um novo rumo, com muito tempo disponível e havia que definir o que fazer, entre o gosto pelas suas “paixões”, a leitura, a pesca e o andar de bicicleta.Sobrava-lhe, ainda, muito tempo e esse foi canalizado para a sua arte. Num canto da casa instalou uma oficina e sem calendário pré determinado meteu mãos à obra e foi fazendo “obras”, autênticas, de arte, em ferro ou folha de flandres.Estão ali à mostra na sua casa que é, ela própria um museu da arte do ferro. Móveis, estantes, mesas, portas, molduras de espelhos, tudo artisticamente trabalhado e em “bruto”, ornamentam e dão ao o seu lar, um toque pessoal, diferente e de orgulho.Mas foi na sua garagem que fomos encontrar o seu “Museu do Ferreiro”. Ali estão, estrategicamente dispostas, peças únicas, em ferro, retratando cenas da vida rural, monumentos e sítios da vila Nisa, utensílios e ferramentas utilizadas na agricultura e até, calcule-se, uma reprodução das antigas oficinas de ferreiro onde não falta sequer a forja, esse instrumento de trabalho que poucas saudades deixava a quem a utilizava, tal a dureza da função.Manuel Rufino diz que faz as peças para “estar entretido e não pensar noutras coisas”. É uma ocupação, artística, que lhe preenche grande parte dos dias e o estimula a novos desafios, procurando sempre fazer outras peças, a seguinte mais difícil e pormenorizada que a anterior.Os seus trabalhos vão ser mostrados durante a Nisartes e bem merecem uma atenta visita do público. De Nisa e de outras partes do país, porque estão ali, embutidas no ferro, muitas histórias e memórias da nossa vida recente.MM in "Jornal de Nisa"


UM ARTISTA DE FERRONisa, terra de artes e de artistas. Aqui damos a conhecer mais um artífice da "velha guarda", daqueles que ainda aprendiam um ofício, cinco anos a trabalhar de borla, como compensação para o "pagamento" ao mestre, da aprendizagem e dos conhecimentos recebidos.Manuel Malpique Rufino, 72 anos, nado e criado em Nisa é um verdadeiro artista e com propriedade se pode dizer que “foi talhado a ferro”. Na arte, vontade e espírito de criação que transmite a cada peça que transforma. A partir do ferro ou da “folha de flandres.Foram muitos os anos em que Manuel Malpique Rufino aprendeu e praticou como meio de vida e subsistência, a “arte do ferro”, num tempo em que ser ferreiro era sinónimo de vida dura e fraco sustento.Ainda assim a arte alimentava a boca de muitas famílias e os trabalhos das oficinas existentes em Nisa que chegaram a ser mais de meia dúzia, eram sustentados pela vida rural e agrícola.Alfaias, ferramentas, utensílios, grades, portões, noras, carroças e carretas, eram muitos os equipamentos a que davam assistência, reparando ou fazendo de raiz, por vezes durante a noite, por que a vida no campo não podia parar.Enxadas, picaretas, forquilhas, foices tinham que estar bem afiadas no dia seguinte para retomar a faina nos campos.“Comecei a aprender na oficina do meu pai e do meu tio na Rua da Devesa, ainda andava na escola, na 4ª classe. Ali aprendo o ofício e havia sempre trabalho para todos os ferreiros. O pessoal do campo só podia ter uma ferramenta, não tinha posses para mais e grande parte do nosso trabalho era aguçar ferramentas, à noite, para servirem no dia seguinte.”A trabalhar na oficina desde os 11 anos e até aos 50. Manuel Rufino entrou depois para o serviço da autarquia nisense onde se reformou.A sua vida tomou um novo rumo, com muito tempo disponível e havia que definir o que fazer, entre o gosto pelas suas “paixões”, a leitura, a pesca e o andar de bicicleta.Sobrava-lhe, ainda, muito tempo e esse foi canalizado para a sua arte. Num canto da casa instalou uma oficina e sem calendário pré determinado meteu mãos à obra e foi fazendo “obras”, autênticas, de arte, em ferro ou folha de flandres.Estão ali à mostra na sua casa que é, ela própria um museu da arte do ferro. Móveis, estantes, mesas, portas, molduras de espelhos, tudo artisticamente trabalhado e em “bruto”, ornamentam e dão ao o seu lar, um toque pessoal, diferente e de orgulho.Mas foi na sua garagem que fomos encontrar o seu “Museu do Ferreiro”. Ali estão, estrategicamente dispostas, peças únicas, em ferro, retratando cenas da vida rural, monumentos e sítios da vila Nisa, utensílios e ferramentas utilizadas na agricultura e até, calcule-se, uma reprodução das antigas oficinas de ferreiro onde não falta sequer a forja, esse instrumento de trabalho que poucas saudades deixava a quem a utilizava, tal a dureza da função.Manuel Rufino diz que faz as peças para “estar entretido e não pensar noutras coisas”. É uma ocupação, artística, que lhe preenche grande parte dos dias e o estimula a novos desafios, procurando sempre fazer outras peças, a seguinte mais difícil e pormenorizada que a anterior.Os seus trabalhos vão ser mostrados durante a Nisartes e bem merecem uma atenta visita do público. De Nisa e de outras partes do país, porque estão ali, embutidas no ferro, muitas histórias e memórias da nossa vida recente.MM in "Jornal de Nisa"

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