Federação Distrital da Juventude Socialista de Portalegre: Todos unidos para um objectivo!

09-10-2009
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Entrevista a Edmundo Pedro, um dos fundadores do PS.Retirada do i online, aqui.Tem 90 anos. Consulta o email todos os dias, tem a carta de condução actualizada e, para onde quer que vá, leva um bloco de notas "para apontar memórias". Edmundo Pedro faz parte da comissão política do PS - para a qual entrou no último congresso - e prepara-se para lançar o segundo volume da sua biografia. Estava a escrever sobre o assalto ao quartel de Beja poucos minutos antes de receber o i. Diz que a sua vida é uma "grande história". É casado há 54 anos e tem cinco netos e três bisnetos. Não tem papas na língua com José Sócrates e garante que esta não é a democracia com que sonhou quando se dedicou à luta antifascista. Com uma simplicidade invulgar, fala da fundação do PS e dos problemas que hoje o afectam, dos nove anos no Tarrafal e das eleições que se avizinham.Foi eleito, recentemente, membro da comissão política do PS. Porque aceitou, agora, essa responsabilidade?Estive no último congresso do partido, em Espinho, e fui eleito numa moção - que nem era a de José Sócrates. Dada a minha idade, tinha assente que não me queria envolver demasiado. Mas, nesse dia, disse a Sócrates algumas coisas que tinham de ser ditas e que ninguém tem coragem para lhe dizer. A minha intervenção fez levantar todas as pessoas que estavam na sala, porque disse algumas coisas que vão ao encontro do que os militantes conhecem e sentem. Porém, sempre deixei claro que não queria ser eleito para nenhum cargo. Tanto assim, que não fui eleito para a comissão nacional. Depois da eleição, alguns amigos disseram-me que eu tinha de integrar a comissão política por ter coragem de dizer determinadas coisas a José Sócrates e foi por isso que acabei por aceitar.Que mensagem pretende passar a José Sócrates?Apoio José Sócrates, apesar de lhe fazer algumas críticas. Só que não vejo nenhuma alternativa consistente.Porquê?Bem... tem de haver alguma alternativa. Há sempre. Mas por enquanto não vejo nenhuma. Por isso, aceitei um convite que me fizeram há dias e faço parte da comissão de honra.Acredita na possibilidade de o PS conseguir uma maioria absoluta?A minha experiência diz-me que é muito difícil acreditar nisso. No entanto, acredito que o PS vai conseguir uma grande vantagem. As pessoas percebem que as alternativas não o são, verdadeiramente. E há o perigo de se cair numa situação de ingovernabilidade, sobretudo em tempos difíceis como os que se vivem. E essa ingovernabilidade é um perigo real, porque temos uma extrema-esquerda que conseguiu 20% dos votos. É um caso sério. Creio que as pessoas percebem isso e vão voltar a eleger o PS. Vamos ser eleitos e convidados a formar governo. O Ferro Rodrigues disse, há dias, que Sócrates deve convidar o Bloco de Esquerda e o PC - sabendo antecipadamente que vão recusar. Concordo. São partidos que só querem contestar, mas deve-se consultá-los. Já um acordo com o CDS é de excluir, porque iria dividir o partido. Já com o PSD, só em último caso. O bloco central é uma solução a evitar. Mas há uma grande incógnita sobre o que se irá passar.No que diz respeito às presidenciais, Manuel Alegre deve ser o nome do PS?Se se tratar de um confronto com Cavaco Silva, sim. Sou amigo de Manuel Alegre, embora a dada altura ele tenha seguido um caminho que deixei de acompanhar. Ele subordina muito as coisas a um apoio eventual para as eleições presidenciais e eu não gosto disso. Não aprecio esses jogos. Há tempos, deu-me a sua palavra de que não queria disputar as presidenciais, mas estou convencido de que quer. Mas não digo que não dê um bom presidente: é um homem culto e com experiência.Teve sempre uma voz crítica em relação ao ambiente que se vive dentro dos partidos. Continua a acreditar que existe alguma asfixia?Sim. Ainda no último congresso critiquei precisamente o carneirismo que existe e a falta de valores. Isso acontece em todos os partidos, é certo. Mas a mim interessa-me o que acontece no meu. Nesse dia, falei com José Sócrates e perguntei-lhe como é que ele estava tão certo de que o partido vai bem. Até acredito que ele pense isso, mas não vai às secções. Como pode, então, ter a certeza disso? Perguntei-lhe como formou essa opinião, se foi através das pessoas que o rodeiam. Mas se essas pessoas também não vão às secções! Limitam-se a consultar os secretários e para eles é tudo cor-de-rosa. Mas não é verdade.Disse que o PS não está bem. Porquê?Desde logo, por causa da estrutura de funcionamento. Mas, de resto, neste momento o ambiente é de mobilização. Há muita gente no PS a criticar Sócrates, mas todos percebem que o mais importante é a vitória do partido.Qual é o balanço que faz dos últimos quatro anos de governação?Acredito que nenhum governo, desde o 25 de Abril, esteve tão preocupado com as questões sociais como este. Fez-se muita coisa, desde o ensino pré-escolar às matérias ligadas à terceira idade e à saúde. Mesmo no campo da educação, apesar da contestação. As reformas que a ministra quis implementar são, a meu ver, correctas. Só que ela não soube conduzir as coisas no plano político. Foi completamente inábil. As propostas eram bem elaboradas e correspondiam às necessidades, mas a sociedade portuguesa é muito corporativizada, vive de interesses de grupos que têm muita força.Sócrates errou em algum momento?Há sempre erros. Mas julgo que o maior foi não ter afastado e substituído a ministra da Educação. Ela tinha razão, mas a política foi desastrosa. José Sócrates evita sempre entrar no plano das substituições, mas neste caso devia tê-lo feito. Mandei-lhe um recado, ainda não há muito tempo, nesse sentido. Também lhe mandei dizer que não deve insistir no facto de o PSD se recusar agora a apoiar propostas que fez há sete ou oito anos. É um argumento muito inconsistente, porque os contextos mudam. Há sete ou oito anos a situação era completamente diferente da actual. Mandei-lhe, por isso, dizer que deve ir pela positiva e explicar aos portugueses o que o leva a insistir nestas grandes obras públicas. Apesar de - e ele já interiorizou isso - estarmos perante uma fase em que não vai dar para aplicar grandes dinheiros públicos. Será, antes, uma fase propícia à realização de grandes estudos. De uma maneira geral, penso que tem havido uma má gestão da imagem. Mesmo assim, o balanço é positivo.E como é o contacto com Sócrates?Na verdade, é uma pessoa com quem é muito fácil de se lidar e muito acessível.Esta é a democracia com que sonhava nos anos em que se dedicou à luta antifascista?Não, não é. Há muita gente, como o Vasco Lourenço, que dizem que tudo isto foi uma decepção. Mas eu acredito que o povo português foi até onde podia ir. Não é a vanguarda que faz aquilo que o povo não é capaz de fazer. Nós fizemos a experiência. Essa vanguarda está, agora, integrada sobretudo à esquerda do PS, em partidos - como o Bloco de Esquerda e o PC - puramente especulativos, que não têm potencial de organização e cooperação. Não podíamos ir mais longe e deu-se um desastre imenso. A democracia é o pior dos regimes, mas todos os outros são ainda piores.Está a escrever um segundo livro de memórias. Quando é lançado?Estou concentrado para conseguir tê-lo pronto no dia em que fizer 91 anos, a 8 de Novembro. Este segundo volume vai ser um relato do que vivi até ao 25 de Abril. A primeira parte incide muito sobre o tempo em que estive no Tarrafal. Passados nove anos de prisão, cheguei a Portugal já com 27 anos. Vinha tuberculoso e sem emprego. Na altura, correspondia-me com uma prima que foi criada comigo e que estudava na Faculdade de Letras com o Mário Soares e a Maria Barroso. Havia uma espécie de namoro, mas quando regressei a minha tia mandou-me logo um recado: eu não era um bom partido e não podia oferecer nada à minha prima. Por isso, nunca lhe cheguei a falar do meu interesse. Foram tempos difíceis.Aos 13 anos já era militante da Juventude Comunista. Como surgiu esse envolvimento?O meu pai estava deportado na Guiné desde 1929 e eu cresci, entre os dez e os 13 anos, a ouvir falar dele. Para mim, era um herói. Alguém que defendia o bem contra o mal. É curioso... era uma dicotomia tão simples! No meu imaginário, o meu pai defendia o bem, opondo-se aos malandros que defendiam as injustiças. No início era um pensamento muito primário, que depois fui elaborando com o tempo. Depois, entrei no arsenal, onde conheci um almirante. Eu era um miúdo simpático e ele meteu-me na Juventude Comunista. Mais tarde, já em 1933, o Bento Gonçalves regressou da deportação e imprimiu uma grande dinâmica no partido. Era um homem culto, simples, um profissional dos pés à cabeça. Mais tarde, estivemos juntos no Tarrafal, onde ele fazia invenções extraordinárias para a época, como máquinas de cortar tabaco ou uma instalação para produzir gelo. Era genial.Aos 17 anos vai como que inaugurar a prisão do Tarrafal...Sim, fui logo no primeiro ano, com Bento Gonçalves. Foram nove anos em que fiz de tudo. Desde cavar a construir estradas. Gosto de me lembrar desses tempos e vou lá quase todos os anos.Arrepende-se de alguma coisa?Não. Só lamento profundamente a maneira como fui tratado pela sociedade portuguesa. Fui profundamente injustiçado. Fui jovem comunista e tenho muito orgulho nisso. Por isso fui deportado para o Tarrafal. Entrei para o partido antes de Álvaro Cunhal e fomos os dois eleitos para o comité central na mesma altura. Eu tinha 16 anos, ele 21. A minha vida é uma longa história e não me arrependo de nada.Qual foi o momento mais importante dessa grande história?O 25 de Abril. Sem dúvida.


Entrevista a Edmundo Pedro, um dos fundadores do PS.Retirada do i online, aqui.Tem 90 anos. Consulta o email todos os dias, tem a carta de condução actualizada e, para onde quer que vá, leva um bloco de notas "para apontar memórias". Edmundo Pedro faz parte da comissão política do PS - para a qual entrou no último congresso - e prepara-se para lançar o segundo volume da sua biografia. Estava a escrever sobre o assalto ao quartel de Beja poucos minutos antes de receber o i. Diz que a sua vida é uma "grande história". É casado há 54 anos e tem cinco netos e três bisnetos. Não tem papas na língua com José Sócrates e garante que esta não é a democracia com que sonhou quando se dedicou à luta antifascista. Com uma simplicidade invulgar, fala da fundação do PS e dos problemas que hoje o afectam, dos nove anos no Tarrafal e das eleições que se avizinham.Foi eleito, recentemente, membro da comissão política do PS. Porque aceitou, agora, essa responsabilidade?Estive no último congresso do partido, em Espinho, e fui eleito numa moção - que nem era a de José Sócrates. Dada a minha idade, tinha assente que não me queria envolver demasiado. Mas, nesse dia, disse a Sócrates algumas coisas que tinham de ser ditas e que ninguém tem coragem para lhe dizer. A minha intervenção fez levantar todas as pessoas que estavam na sala, porque disse algumas coisas que vão ao encontro do que os militantes conhecem e sentem. Porém, sempre deixei claro que não queria ser eleito para nenhum cargo. Tanto assim, que não fui eleito para a comissão nacional. Depois da eleição, alguns amigos disseram-me que eu tinha de integrar a comissão política por ter coragem de dizer determinadas coisas a José Sócrates e foi por isso que acabei por aceitar.Que mensagem pretende passar a José Sócrates?Apoio José Sócrates, apesar de lhe fazer algumas críticas. Só que não vejo nenhuma alternativa consistente.Porquê?Bem... tem de haver alguma alternativa. Há sempre. Mas por enquanto não vejo nenhuma. Por isso, aceitei um convite que me fizeram há dias e faço parte da comissão de honra.Acredita na possibilidade de o PS conseguir uma maioria absoluta?A minha experiência diz-me que é muito difícil acreditar nisso. No entanto, acredito que o PS vai conseguir uma grande vantagem. As pessoas percebem que as alternativas não o são, verdadeiramente. E há o perigo de se cair numa situação de ingovernabilidade, sobretudo em tempos difíceis como os que se vivem. E essa ingovernabilidade é um perigo real, porque temos uma extrema-esquerda que conseguiu 20% dos votos. É um caso sério. Creio que as pessoas percebem isso e vão voltar a eleger o PS. Vamos ser eleitos e convidados a formar governo. O Ferro Rodrigues disse, há dias, que Sócrates deve convidar o Bloco de Esquerda e o PC - sabendo antecipadamente que vão recusar. Concordo. São partidos que só querem contestar, mas deve-se consultá-los. Já um acordo com o CDS é de excluir, porque iria dividir o partido. Já com o PSD, só em último caso. O bloco central é uma solução a evitar. Mas há uma grande incógnita sobre o que se irá passar.No que diz respeito às presidenciais, Manuel Alegre deve ser o nome do PS?Se se tratar de um confronto com Cavaco Silva, sim. Sou amigo de Manuel Alegre, embora a dada altura ele tenha seguido um caminho que deixei de acompanhar. Ele subordina muito as coisas a um apoio eventual para as eleições presidenciais e eu não gosto disso. Não aprecio esses jogos. Há tempos, deu-me a sua palavra de que não queria disputar as presidenciais, mas estou convencido de que quer. Mas não digo que não dê um bom presidente: é um homem culto e com experiência.Teve sempre uma voz crítica em relação ao ambiente que se vive dentro dos partidos. Continua a acreditar que existe alguma asfixia?Sim. Ainda no último congresso critiquei precisamente o carneirismo que existe e a falta de valores. Isso acontece em todos os partidos, é certo. Mas a mim interessa-me o que acontece no meu. Nesse dia, falei com José Sócrates e perguntei-lhe como é que ele estava tão certo de que o partido vai bem. Até acredito que ele pense isso, mas não vai às secções. Como pode, então, ter a certeza disso? Perguntei-lhe como formou essa opinião, se foi através das pessoas que o rodeiam. Mas se essas pessoas também não vão às secções! Limitam-se a consultar os secretários e para eles é tudo cor-de-rosa. Mas não é verdade.Disse que o PS não está bem. Porquê?Desde logo, por causa da estrutura de funcionamento. Mas, de resto, neste momento o ambiente é de mobilização. Há muita gente no PS a criticar Sócrates, mas todos percebem que o mais importante é a vitória do partido.Qual é o balanço que faz dos últimos quatro anos de governação?Acredito que nenhum governo, desde o 25 de Abril, esteve tão preocupado com as questões sociais como este. Fez-se muita coisa, desde o ensino pré-escolar às matérias ligadas à terceira idade e à saúde. Mesmo no campo da educação, apesar da contestação. As reformas que a ministra quis implementar são, a meu ver, correctas. Só que ela não soube conduzir as coisas no plano político. Foi completamente inábil. As propostas eram bem elaboradas e correspondiam às necessidades, mas a sociedade portuguesa é muito corporativizada, vive de interesses de grupos que têm muita força.Sócrates errou em algum momento?Há sempre erros. Mas julgo que o maior foi não ter afastado e substituído a ministra da Educação. Ela tinha razão, mas a política foi desastrosa. José Sócrates evita sempre entrar no plano das substituições, mas neste caso devia tê-lo feito. Mandei-lhe um recado, ainda não há muito tempo, nesse sentido. Também lhe mandei dizer que não deve insistir no facto de o PSD se recusar agora a apoiar propostas que fez há sete ou oito anos. É um argumento muito inconsistente, porque os contextos mudam. Há sete ou oito anos a situação era completamente diferente da actual. Mandei-lhe, por isso, dizer que deve ir pela positiva e explicar aos portugueses o que o leva a insistir nestas grandes obras públicas. Apesar de - e ele já interiorizou isso - estarmos perante uma fase em que não vai dar para aplicar grandes dinheiros públicos. Será, antes, uma fase propícia à realização de grandes estudos. De uma maneira geral, penso que tem havido uma má gestão da imagem. Mesmo assim, o balanço é positivo.E como é o contacto com Sócrates?Na verdade, é uma pessoa com quem é muito fácil de se lidar e muito acessível.Esta é a democracia com que sonhava nos anos em que se dedicou à luta antifascista?Não, não é. Há muita gente, como o Vasco Lourenço, que dizem que tudo isto foi uma decepção. Mas eu acredito que o povo português foi até onde podia ir. Não é a vanguarda que faz aquilo que o povo não é capaz de fazer. Nós fizemos a experiência. Essa vanguarda está, agora, integrada sobretudo à esquerda do PS, em partidos - como o Bloco de Esquerda e o PC - puramente especulativos, que não têm potencial de organização e cooperação. Não podíamos ir mais longe e deu-se um desastre imenso. A democracia é o pior dos regimes, mas todos os outros são ainda piores.Está a escrever um segundo livro de memórias. Quando é lançado?Estou concentrado para conseguir tê-lo pronto no dia em que fizer 91 anos, a 8 de Novembro. Este segundo volume vai ser um relato do que vivi até ao 25 de Abril. A primeira parte incide muito sobre o tempo em que estive no Tarrafal. Passados nove anos de prisão, cheguei a Portugal já com 27 anos. Vinha tuberculoso e sem emprego. Na altura, correspondia-me com uma prima que foi criada comigo e que estudava na Faculdade de Letras com o Mário Soares e a Maria Barroso. Havia uma espécie de namoro, mas quando regressei a minha tia mandou-me logo um recado: eu não era um bom partido e não podia oferecer nada à minha prima. Por isso, nunca lhe cheguei a falar do meu interesse. Foram tempos difíceis.Aos 13 anos já era militante da Juventude Comunista. Como surgiu esse envolvimento?O meu pai estava deportado na Guiné desde 1929 e eu cresci, entre os dez e os 13 anos, a ouvir falar dele. Para mim, era um herói. Alguém que defendia o bem contra o mal. É curioso... era uma dicotomia tão simples! No meu imaginário, o meu pai defendia o bem, opondo-se aos malandros que defendiam as injustiças. No início era um pensamento muito primário, que depois fui elaborando com o tempo. Depois, entrei no arsenal, onde conheci um almirante. Eu era um miúdo simpático e ele meteu-me na Juventude Comunista. Mais tarde, já em 1933, o Bento Gonçalves regressou da deportação e imprimiu uma grande dinâmica no partido. Era um homem culto, simples, um profissional dos pés à cabeça. Mais tarde, estivemos juntos no Tarrafal, onde ele fazia invenções extraordinárias para a época, como máquinas de cortar tabaco ou uma instalação para produzir gelo. Era genial.Aos 17 anos vai como que inaugurar a prisão do Tarrafal...Sim, fui logo no primeiro ano, com Bento Gonçalves. Foram nove anos em que fiz de tudo. Desde cavar a construir estradas. Gosto de me lembrar desses tempos e vou lá quase todos os anos.Arrepende-se de alguma coisa?Não. Só lamento profundamente a maneira como fui tratado pela sociedade portuguesa. Fui profundamente injustiçado. Fui jovem comunista e tenho muito orgulho nisso. Por isso fui deportado para o Tarrafal. Entrei para o partido antes de Álvaro Cunhal e fomos os dois eleitos para o comité central na mesma altura. Eu tinha 16 anos, ele 21. A minha vida é uma longa história e não me arrependo de nada.Qual foi o momento mais importante dessa grande história?O 25 de Abril. Sem dúvida.

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