Federação Distrital da Juventude Socialista de Portalegre: Pobreza

09-10-2009
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As noticias deste final de semana focam o problema da pobreza em Portugal. Não vou entrar no debate dos números, de saber se estamos melhor do que estávamos ou não. Esse debate é muito importante e deve ser feito mas com ponderação e análise critica da informação. Não deve ser feito com base em resumos executivos de relatórios e muito menos com base em noticias que reproduzem a informação veiculada por agências noticiosas.A TVI emitiu hoje, no Jornal da Noite (desculpem se me enganei no nome do bloco noticioso) com Manuela Moura Guedes, uma reportagem que retrata os novos pobres. Pessoas que têm emprego, que auferem um rendimento mas cujo nível de endividamento é de tal forma importante que qualquer aumento de preços assume proporções catastróficas.Se as questões relacionadas com a pobreza estrutural (falando no relatório da OCDE e outros) atestam as sucessivas oportunidades perdidas por Portugal e são de solução complexa e não visível no horizonte de uma legislatura, as questões relacionadas com os novos pobres podem e devem ser atacadas de imediato.Em Portugal podemos explicar a existência desses novos pobres pelos baixos rendimentos e pelo endividamento. Na óptica do endividamento, o Estado despiu-se das suas obrigações e as entidades que o constituem nunca se preocuparam em explicar às pessoas que as taxas de juro baixas que se verificaram nos últimos anos tinham que inevitavelmente subir, ou quanto muito poderiam subir. Em Portugal isso nunca foi feito. Pelo contrário. Criou-se um clima de facilidade em que toda a gente, recorrendo a um crédito, podia comprar tudo. E não estou a falar de casa, estudos, computadores... Estou a falar de viagens, carros, mobílias, plasmas, máquinas fotográficas... É verdade que todos temos direito a querer ter determinados luxos mas isso não significa que tomemos decisões irresponsáveis e sem pensar. Decisões que poderão hipotecar o nosso futuro.Poder-se-á julgar que culpo as pessoas por estarem numa situação de tal forma dramática que são chamadas de novos pobres. Não. Culpo o Estado que não cumpriu o seu papel. A ânsia de destatização tem destes riscos. Os agentes despem o Estado de todas as suas competências, até da reguladora. Por esse motivo foram atribuídos créditos pessoais de forma descontrolada (o meu banco chegou-me a disponibilizar na minha conta à ordem 10 mil € sem que alguma vez tivesse solicitado tal "empréstimo"). Por isso culpo o Estado que não soube proteger os seus Cidadãos dos ataques ferozes perpetrados pelas instituições financeiras.Talvez seja agora tempo do Estado agir. Felizmente o Governo atentou a esse problema e já anunciou duas medidas que no imediato irão aliviar os orçamentos da famílias mais carenciadas, refiro-me ao aumento extraordinário do abono de família para determinados escalões e ao congelamento dos passes sociais. Confio que outras medidas serão anunciadas pese embora a dificuldade em manter o equilíbrio entre a contenção orçamental e o aumento das despesas sociais.


As noticias deste final de semana focam o problema da pobreza em Portugal. Não vou entrar no debate dos números, de saber se estamos melhor do que estávamos ou não. Esse debate é muito importante e deve ser feito mas com ponderação e análise critica da informação. Não deve ser feito com base em resumos executivos de relatórios e muito menos com base em noticias que reproduzem a informação veiculada por agências noticiosas.A TVI emitiu hoje, no Jornal da Noite (desculpem se me enganei no nome do bloco noticioso) com Manuela Moura Guedes, uma reportagem que retrata os novos pobres. Pessoas que têm emprego, que auferem um rendimento mas cujo nível de endividamento é de tal forma importante que qualquer aumento de preços assume proporções catastróficas.Se as questões relacionadas com a pobreza estrutural (falando no relatório da OCDE e outros) atestam as sucessivas oportunidades perdidas por Portugal e são de solução complexa e não visível no horizonte de uma legislatura, as questões relacionadas com os novos pobres podem e devem ser atacadas de imediato.Em Portugal podemos explicar a existência desses novos pobres pelos baixos rendimentos e pelo endividamento. Na óptica do endividamento, o Estado despiu-se das suas obrigações e as entidades que o constituem nunca se preocuparam em explicar às pessoas que as taxas de juro baixas que se verificaram nos últimos anos tinham que inevitavelmente subir, ou quanto muito poderiam subir. Em Portugal isso nunca foi feito. Pelo contrário. Criou-se um clima de facilidade em que toda a gente, recorrendo a um crédito, podia comprar tudo. E não estou a falar de casa, estudos, computadores... Estou a falar de viagens, carros, mobílias, plasmas, máquinas fotográficas... É verdade que todos temos direito a querer ter determinados luxos mas isso não significa que tomemos decisões irresponsáveis e sem pensar. Decisões que poderão hipotecar o nosso futuro.Poder-se-á julgar que culpo as pessoas por estarem numa situação de tal forma dramática que são chamadas de novos pobres. Não. Culpo o Estado que não cumpriu o seu papel. A ânsia de destatização tem destes riscos. Os agentes despem o Estado de todas as suas competências, até da reguladora. Por esse motivo foram atribuídos créditos pessoais de forma descontrolada (o meu banco chegou-me a disponibilizar na minha conta à ordem 10 mil € sem que alguma vez tivesse solicitado tal "empréstimo"). Por isso culpo o Estado que não soube proteger os seus Cidadãos dos ataques ferozes perpetrados pelas instituições financeiras.Talvez seja agora tempo do Estado agir. Felizmente o Governo atentou a esse problema e já anunciou duas medidas que no imediato irão aliviar os orçamentos da famílias mais carenciadas, refiro-me ao aumento extraordinário do abono de família para determinados escalões e ao congelamento dos passes sociais. Confio que outras medidas serão anunciadas pese embora a dificuldade em manter o equilíbrio entre a contenção orçamental e o aumento das despesas sociais.

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