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21-06-2005
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Cem suspeitas, nenhuma confirmação

Por Catarina Gomes e Ricardo Garcia

Quarta-feira, 17 de Outubro de 2001 Protecção Civil e Direcção-Geral de Saúde divergem nos números, mas os alarmes têm sido sempre falsos O Serviço Nacional de Protecção Civil registou, desde a semana passada, cerca de cem ocorrências de suspeitas do agente do carbúnculo em cartas, embrulhos ou noutras circunstâncias. As situações ainda estão a ser analisadas, mas já é possível dizer que em nenhum destes casos foi encontrado o Bacillus anthracis, reforçaram ontem em conferência de imprensa o secretário de Estado da Administração Interna, Carlos Zorrinho, e o vice-presidente do Serviço Nacional de Protecção Civil (SNPC), Artur Gomes. Embora a identificação das substâncias suspeitas - que se encontram em análise no Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge e no Laboratório Nacional de Investigação Veterinária - demore três dias, é possível saber logo no primeiro dia que não se trata daquela bactéria, afirmou Artur Gomes. Encontram-se no terreno sete equipas de reconhecimento, avaliação e descontaminação. O pânico criado à volta desta questão levou a que a protecção civil tivesse recebido perto de 200 telefonemas, muitos deles perguntando o que fazer face a uma situação de suspeita de antraz. Em resposta a uma "ameaça potencial com "efeitos psicológicos evidentes", o Centro Nacional de Operações de Emergência de Protecção Civil - uma entidade que apenas se reúne em situações excepcionais e que envolve mais de 20 entidades - estabeleceu ontem "procedimentos de despistagem de potenciais ameaças químicas e biológicas". Embora se recomende uma atitude de "serenidade", pede-se aos cidadãos que estejam atentos, por exemplo, a cartas sem remetente, bocados de metal fora do envelope, envelopes com cheiro estranho, gordurosos. Depois de o isolar com vários sacos de plástico, deve ligar-se para o 112 e/ou entregar o objecto na PSP ou GNR da zona de residência. Os cem casos reportados pelo Serviço Nacional de Protecção Civil não batem com os números avançados ontem pela Direcção-Geral de Saúde (DGS). Este organismo criou, perante a ameaça do bioterrorismo, uma estrutura para tomar as medidas de protecção adequadas, envolvendo outros organismos na área da saúde. Ontem, a DGS conseguiu fazer apenas um balanço aproximado de oito a nove casos que chegaram ao conhecimento desta estrutura. Alguns foram imediatamente afastados, outros não representavam risco de contágio, pois as cartas não haviam sido abertas. No total, não haverá mais de 20 pessoas a tomar, preventivamente, o antibiótico utilizado contra o carbúnculo - a ciprofloxacina. O sub-director geral de Saúde, Francisco George, também disse ontem que, à primeira observação, foi possível constatar que nenhum dos envelopes continha esporos do Bacillus anthracis e garantiu que o país está preparado para enfrentar os alertas. No caso de cartas suspeitas, o risco de exposição aos esporos é limitado a um número reduzido de pessoas. Além disso, o medicamento contra o carbúnculo é comum, sendo inclusive fabricado em Portugal. "Ao alerta segue-se uma resposta rápida, e esta resposta está assegurada", disse Francisco George. A Direcção-Geral de Saúde deverá divulgar, em breve, uma lista de contactos na área da saúde a quem as pessoas podem-se dirigir na eventualidade de suspeitas relacionadas com agentes biológicos. _

Cem suspeitas, nenhuma confirmação

Por Catarina Gomes e Ricardo Garcia

Quarta-feira, 17 de Outubro de 2001 Protecção Civil e Direcção-Geral de Saúde divergem nos números, mas os alarmes têm sido sempre falsos O Serviço Nacional de Protecção Civil registou, desde a semana passada, cerca de cem ocorrências de suspeitas do agente do carbúnculo em cartas, embrulhos ou noutras circunstâncias. As situações ainda estão a ser analisadas, mas já é possível dizer que em nenhum destes casos foi encontrado o Bacillus anthracis, reforçaram ontem em conferência de imprensa o secretário de Estado da Administração Interna, Carlos Zorrinho, e o vice-presidente do Serviço Nacional de Protecção Civil (SNPC), Artur Gomes. Embora a identificação das substâncias suspeitas - que se encontram em análise no Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge e no Laboratório Nacional de Investigação Veterinária - demore três dias, é possível saber logo no primeiro dia que não se trata daquela bactéria, afirmou Artur Gomes. Encontram-se no terreno sete equipas de reconhecimento, avaliação e descontaminação. O pânico criado à volta desta questão levou a que a protecção civil tivesse recebido perto de 200 telefonemas, muitos deles perguntando o que fazer face a uma situação de suspeita de antraz. Em resposta a uma "ameaça potencial com "efeitos psicológicos evidentes", o Centro Nacional de Operações de Emergência de Protecção Civil - uma entidade que apenas se reúne em situações excepcionais e que envolve mais de 20 entidades - estabeleceu ontem "procedimentos de despistagem de potenciais ameaças químicas e biológicas". Embora se recomende uma atitude de "serenidade", pede-se aos cidadãos que estejam atentos, por exemplo, a cartas sem remetente, bocados de metal fora do envelope, envelopes com cheiro estranho, gordurosos. Depois de o isolar com vários sacos de plástico, deve ligar-se para o 112 e/ou entregar o objecto na PSP ou GNR da zona de residência. Os cem casos reportados pelo Serviço Nacional de Protecção Civil não batem com os números avançados ontem pela Direcção-Geral de Saúde (DGS). Este organismo criou, perante a ameaça do bioterrorismo, uma estrutura para tomar as medidas de protecção adequadas, envolvendo outros organismos na área da saúde. Ontem, a DGS conseguiu fazer apenas um balanço aproximado de oito a nove casos que chegaram ao conhecimento desta estrutura. Alguns foram imediatamente afastados, outros não representavam risco de contágio, pois as cartas não haviam sido abertas. No total, não haverá mais de 20 pessoas a tomar, preventivamente, o antibiótico utilizado contra o carbúnculo - a ciprofloxacina. O sub-director geral de Saúde, Francisco George, também disse ontem que, à primeira observação, foi possível constatar que nenhum dos envelopes continha esporos do Bacillus anthracis e garantiu que o país está preparado para enfrentar os alertas. No caso de cartas suspeitas, o risco de exposição aos esporos é limitado a um número reduzido de pessoas. Além disso, o medicamento contra o carbúnculo é comum, sendo inclusive fabricado em Portugal. "Ao alerta segue-se uma resposta rápida, e esta resposta está assegurada", disse Francisco George. A Direcção-Geral de Saúde deverá divulgar, em breve, uma lista de contactos na área da saúde a quem as pessoas podem-se dirigir na eventualidade de suspeitas relacionadas com agentes biológicos. _

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