A Loja das Ideias: Vidência política

25-06-2005
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Passados estes últimos meses, incluindo a pré-campanha e a campanha eleitoral, em que o jornalismo e o comentário político esfregaram as mãos, tantas eram as histórias de faca e alguidar, os fait divers, as intrigas palacianas e os episódios rocambolescos, o país entrou, surpreendentemente, numa fase em que nada há de significativo a relatar ou a comentar. Isto de os políticos “fugirem” aos jornalistas, não quererem comentar se vão para o governo, se são candidatos a presidente do partido A ou B, nem sequer se estão disponíveis para isso, não se faz. O comentador político precisa de factos para comentar, porque o profissional do comentário não cria factos, limita-se a comentá-los.Tudo isto vem a propósito da crónica de Vasco Pulido Valente (VPV), no Público, na qual pergunta - e naturalmente responde com a clarividência que o tem habilitado a opinar sobre qualquer matéria - se o Eng. Sócrates irá governar à esquerda ou à direita, culminando numa comparação entre Sócrates e Blair. Sugere então o colunista que o primeiro-ministro indigitado vai governar dando palmadinhas nas costas à esquerda e apertos de mão à direita, e que vai seguir a putativa cartilha de Blair de “ataque” (as aspas são minhas) às classes privilegiadas para iludir e agradar as classes mais desfavorecidas, não beliscando todavia os interesses da classe “rica” (as aspas são do próprio), calando assim a esquerda e não aborrecendo a direita ou mesmo governando à direita.É espantoso como um primeiro-ministro que foi apenas indigitado, e um governo que ainda não o é, possa já ser acusado de fazer ou não fazer, de privilegiar ou atacar esta ou aquela classe, de se entender com uns e castigar outros: se os políticos não tivessem optado por este low profile, o VPV não teria necessidade de recorrer à sua bola de cristal para nos adiantar como vai ser a governação do Eng. Sócrates.Luís Custódio


Passados estes últimos meses, incluindo a pré-campanha e a campanha eleitoral, em que o jornalismo e o comentário político esfregaram as mãos, tantas eram as histórias de faca e alguidar, os fait divers, as intrigas palacianas e os episódios rocambolescos, o país entrou, surpreendentemente, numa fase em que nada há de significativo a relatar ou a comentar. Isto de os políticos “fugirem” aos jornalistas, não quererem comentar se vão para o governo, se são candidatos a presidente do partido A ou B, nem sequer se estão disponíveis para isso, não se faz. O comentador político precisa de factos para comentar, porque o profissional do comentário não cria factos, limita-se a comentá-los.Tudo isto vem a propósito da crónica de Vasco Pulido Valente (VPV), no Público, na qual pergunta - e naturalmente responde com a clarividência que o tem habilitado a opinar sobre qualquer matéria - se o Eng. Sócrates irá governar à esquerda ou à direita, culminando numa comparação entre Sócrates e Blair. Sugere então o colunista que o primeiro-ministro indigitado vai governar dando palmadinhas nas costas à esquerda e apertos de mão à direita, e que vai seguir a putativa cartilha de Blair de “ataque” (as aspas são minhas) às classes privilegiadas para iludir e agradar as classes mais desfavorecidas, não beliscando todavia os interesses da classe “rica” (as aspas são do próprio), calando assim a esquerda e não aborrecendo a direita ou mesmo governando à direita.É espantoso como um primeiro-ministro que foi apenas indigitado, e um governo que ainda não o é, possa já ser acusado de fazer ou não fazer, de privilegiar ou atacar esta ou aquela classe, de se entender com uns e castigar outros: se os políticos não tivessem optado por este low profile, o VPV não teria necessidade de recorrer à sua bola de cristal para nos adiantar como vai ser a governação do Eng. Sócrates.Luís Custódio

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