CL: Marcio Villar -

11-07-2009
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Ao longo destes 3 anos com o blogue, fui conhecendo atletas, e não atletas. Uns tive a felicidade de os conhecer pessoalmente, outros conheço as palavras bem como as imagens colocadas em cada Blogue. A pouco mais de 1 ano, li , algures sobre o Márcio Villar, um Atleta que dedica sua vida a desafios para poucos. Poucos são os atletas que conseguem fazer provas que o Márcio faz. E aos poucos fui ganhando uma admiração por Ele. Quando perguntam sobre os meus objetivos na corrida, falo sempre “daqui a 5,6 anos fazer uma Ultra), direi que é um sonho. Além de Carlos Lopes, tenho uma admiração muito grande por Dean Karnazes , e depois de ler o seu livro “Homem da Maratona”, mais o bicho ficou. Confesso que invejo o Márcio, pela garra que tem, uma determinação descomunal. Assim ganhei um respeito muito grande, e admiração. Muitos conhecem o Márcio, como muitos também não o conhecem, pena os que não conhecem, acreditem que perdem por não conhecer a história que ele tem para contar de cada prova que faz. Como este Blogue “A minha corrida”, é um Blogue para partilha, quero partilhar um pouco daquilo que o Márcio faz.

Quando começou a corre?

Foi em Setembro de 2002, quando estava com 97 kg me sentindo mal com o excesso de peso, cheio de azia e com manequim 46

Como surgiu a ideia começar a fazer Ultras-Maratonas?

Em 2005 eu recebi um e-mail que iria ter uma Ultramaratona de 24 horas em são Caetano – SP, fiquei doido, pensando “caramba um dia eu faço uma coisa dessas, deve ser fantástico”, todo dia eu abria o mesmo e-mail e lia e pensava um dia eu faço, até que me deu um estalo e falei “um dia nada, vai ser agora”, fui lá e me inscrevi, ninguém acreditou e ficaram debochando da minha cara que eu não ia conseguir

Qual seria o seu limite...? Uma Prova que digas, não consigo fazer

Não existe limite, quando me escrevo em um desafio, treino muito para ele, simulo os treinos como se tivesse na prova para que chega na hora eu consiga, como treinei correndo puxando pneu de carro amarrado na corda e na cintura para acostumar o corpo a puxar o trenó na neve e treinos com mochila com 15 Kg para acostumar o corpo com o peso da mochila para a corrida na selva amazônica de 7 dias, logico que em uma prova dessas tudo pode acontecer, mas vou preparado, não vou de aventura.

Imagina… estas numa prova, falta 10 kms, cais para o lado falta de forças, que fazes?

Mentalizo a linha de chegada, peço ajuda a Deus, pois sei da força interior que temos dentro da gente e nem que vá me arrastando pelo chão com certeza eu cruzo a linha de chegada

Já sofreste uma lesão durante uma prova?

Sim o joelho direito, fiquei tomando remédio, repouso e fisioterapia

Pensas um dia deixar o teu nome, como o melhor Ultra. Maratonista Brasileiro?

Isso não, faço Ultras por amor e porque gosto e não para ser melhor que ninguém, a minha diferença para os outros Ultras eu acho que é a garra, a raça, pois trabalho o dia todo e treino a noite depois que saio do trabalho, não ganho nem um centavo com as Ultras, ao contrario, como não tenho patrocínio tenho que ficar mendigando ajuda para poder representar o Brasil, então se não ganho dinheiro, não ganho patrocínio, porque faço isso tudo? Somente por amor, é onde me sinto feliz, mas só gosto de Ultras extremas que tenham risco de morte, como sabe em fevereiro eu me tornei o único atleta do mundo inteiro a conseguir finalizar as 3 provas da Bad135 World Cup, a copa do mundo de 217 Km em ambientes extremos, uma na neve com 40 negativos, uma no deserto com 50 positivos e uma nas montanhas e sabe quanto eu ganhei por essa conquista? Nada, somente prazer, orgulho e dividas.

Qual a prova que mais gostaste?

A Jungle Marathon que são 7 dias correndo dentro da Floresta Amazônica no meio de cobras, onças, jacarés, arraias, escorpiões, pântanos, rios isso com uma mochila com uns 15 Kg nas costas, levando toda sua alimentação de 7 dias, água e equipamentos obrigatórios da prova.

Porque?

Porque? Porque cada dia você deixa um pedaço do seu corpo pelo caminho, é superação total, no fim de cada etapa um ajuda o outro a se remendar, divide nossa alimentação, é uma união que nunca vi em outro lugar, no ultimo dia você vê a cidade onde é a chegada a 3 Km de distancia e já começa a chorar de emoção, não existe nada igual

Quando cruzas a linha de chegada, qual a 1º coisa que vem a cabeça?

Posso falar dos sentimentos, vem muita felicidade, alegria, emoção, orgulho, mas no dia seguinte da uma tristeza porque acabou e queria continuar.

Um pedido antes de uma prova?

Só rezo e peço proteção a Deus

Corres por quem ou porque?

A 2 anos eu corro pelo INCA Voluntário, que é o Instituto Nacional do Câncer para divulgar o trabalho deles na cura do Câncer, inclusive nos dias 18 e 19 de julho vou correr do Rio de Janeiro até Búzios (200 Km) para captar doadores de sangue e voluntários para eles, minha tristeza é não ter apoio e patrocínio, pois se pudesse me dedicar mais, com certeza melhoraria o meu rendimento em 50%.

Desculpa Luciana, tirei um pouco a tua ideia da entrevista. O Márcio envio-me relatos, de algumas provas, escolhi os melhores momentos, aqui vão;

Relato ultra 12 horas 22 e 23/04/2006

“fiz ontem uma Ultra de 12 horas, foi muito mais difícil que as 24 horas, pois é mais veloz, a escolha do tênis errado quase botou tudo a perder, comecei com um tênis leve sem amortecimento para corridas curtas e com 3 horas de prova estava com os 2 joelhos estourados, troquei o tênis, mas já estava ferrado corria chorando de dor, com 9 horas de prova cai no chão de dor nas pernas, veio uma equipe e estalaram meu corpo todo,”

“mas Deus me deu forças não sei de onde que eu mirei o cara e corri como nunca tinha corrido antes, eu acho que fiz as 3 ultimas numa velocidade de uma corrida de 10 Km, completei a prova de 12 horas com 103,263 Km ficando em 2º lugar na categoria, quando acabou a prova eu desmaiei, fiquei com os dedos das mãos e pés dormentes e a língua também, na hora mais esperada do Pódio quando estava caminhando para subir desmaiei novamente e não consegui subir, mas valeu muito”

RELATO 24 HORAS DE MESQUITA – RJ DIAS 04 E 05/08/2007

“Bem as coisas acontecem quando tem que acontecer mesmo, tinha duas semanas que tinha chegado do deserto da Califórnia no Vale da Morte – EUA, já tinha sido convidado a participar das 24 Horas de Mesquita, porem por não estar recuperado e também por ter me aborrecido com a organização na Ultra de 24 Horas de Salvador “

“Fiquei mais tranqüilo e confiante, eu tinha que administrar o Roke de Salvador, o paulista que mesmo vomitando tudo que vomitou não saiu da prova mas com isso abri uma boa vantagem e o de Nova Iguaçu, pois os outros eu estava com grande margem na frente e não tinha perigo e a briga ficou entre nós 3 pela vitória depois de 17 horas de prova, o Roke teve que cortar a frente do tênis para aliviar os dedos arrebentados, de nós 3 o que parecia estar mais inteiro era o atleta de Nova Iguaçu ai colei nele e até 20 Horas de prova corri ao seu lado batendo papo para desconcentrá-lo e não vir me buscar depois disso ele parou para uma massagem e foi ai que ganhei a prova, corri muito nesse período abrindo uma vantagem de 13 Km para ele ai não tinha como ele me buscar mais e ai a briga ficou pelo segundo e terceiro lugar nas ultimas 3:00 H com uma diferença de 2 Km de um para o outro e eu corria rindo sozinho e não acreditando no que estava acontecendo faltando 1:00 H ainda fiz uma ultima massagem de 10 minutos com o Luiz Lacerda para não correr risco nenhum como aquele piloto de Formula 1 na ultima volta nas pontas dos dedos, as crianças invadiram a rua e correram comigo a ultima hora comemorando e gritando, com minha amiga e irmã Jacqueline também varias crianças correndo com ela, quando acabou simplesmente nos abraçamos e choramos juntos.”

RELATO ARROWHEAD 2009

“Só consegui dormir 2 horas, de 23:30Hs até 1:30Hs, estava muito tenso, não via a hora da prova começar, a temperatura estava batendo recordes negativos, estava bem treinado, pois puxei pneu pelas praias do Rio de Janeiro por 4 meses, sabia que teria resistência para suportar o peso de puxar o trenó com todo equipamento obrigatório, comida e água que dá uns 20 kg por 217 Km na neve, só não sabia se meu corpo suportaria a temperatura por 60 horas.”

“aumentei a velocidade, com a lanterna na cabeça no meio da trilha só dava para ver um caminho pequeno pela frente a temperatura já estava 37 negativos e pisei em buraco coberto pela neve afundando a perna direita e torcendo o joelho, ai que veio o pior, com muita dor tive que dar uma parada e como estava com pouca roupa(só a segunda pele e o casaco e calça de goretex, por estar correndo, nessa altura da prova já estava dando 37 negativos, rapidamente meus pés e mãos congelaram, já estava congelando o peito,( na prova não da para tirar o casaco e a calça para colocar outras camadas de roupa e colocar o casaco e calça novamente, pois congela na hora, tem que entrar no saco de dormir especial que suporta até 50 negativos e colocar as roupas dentro do saco”

“faltando 5 Km encontrei o espanhol “Carles Connil” e foi o que eu precisava, fomos juntos até a linha de chegada, demorei 10 horas para fazer os últimos 40 km completando a prova em 58 horas, chorei muito em uma mistura de dor e alegria me tornando o primeiro brasileiro a terminar essa prova e o único atleta do mundo inteiro a completar todas as provas da “BAD135 World Cup”.”

BADWATER 2008

“A Badwater é considerada a Ultramaratona mais difícil do mundo, são 217 Km no deserto do Vale da Morte nos estados Unidos, onde o atleta larga a -282 pés(o ponto mais baixo dos EUA) atravessa o deserto mais quente do mundo e a chegada é na montanha mais alta dos EUA sendo que para essa prova o atleta manda o seu currículo e somente os 80 melhores são selecionados.”

“Do 3º para o 4º ponto de apoio(Darwin)logo na saída uma subida muito mais alta que a primeira e muito mais íngreme e as curvas eram muito inclinadas para dentro maltratando muito o joelho e a virilha direita porem nessa parte estava muito bem, não tive nenhum problema e cheguei ao ponto 4 com 27:43Hs (144 Km), o calor continuava muito forte e de 3 em 3 horas eu tomava o analgésico para continuar suportando a dor na panturrilha, nada podia me atrapalhar, eu precisava muito completar a prova abaixo de 48 horas para conquistar a fivela e pelo meu tempo estava animado para fechar entre 36 a 39 horas.”

“Pine (Posto 5) com 36:58Hs(195,2Km) esse era o tempo que eu queria ter terminado a prova, mas não adiantava me lamuriar pois o principal era conseguir a fivela tão sonhada e para isso tinha que fechar abaixo das 48 horas e agora era só subir a maior montanha dos EUA para recebe-la e entre eu e a fivela tinham 22 Km de subida quase em pé, nessa hora o Giuliano começou a me incentivar do volante do carro e a Monica se pos ao meu lado e foram dois guerreiros fazendo de tudo para alcançarmos a nossa vitória e depois de 42:07Hs (217 km)cruzamos a linha de chegada no alto do Monte Whitney, recebemos a medalha, a tão sonhada fivela tiramos foto e agora a preocupação era com o Jarom, resolvemos descer a montanha para acha-lo no caminho e para minha felicidade ele vinha subindo ao lado de seu irmão que vinha ao seu lado puxando, quando eu vi, vibrei muito e com metade do corpo do lado de fora do carro comecei a incentiva-lo e voltamos para acompanhar sua chegada que foi em 47:00hs conseguindo a fivela, agora sim a festa estava completa.”

RELATO DE MARCIO VILLAR - BR135 – ULTRA

“Com uma distância de 217 Kms ( 135 Milhas ) a serem percorridos em até 60 horas a Brooks BR 135 Ultra é considerada a prova mais difícil do Brasil. “

“Chovia muito, um rio transbordou, muita lama, eu tinha que ficar puxando assunto com a Monica, ela já não falava mas coisa com coisa, porem quando vimos lá longe as luzes da Cidade, nos deu muita motivação, sabíamos que era questão de tempo que nada mais nos impediria de cruzar a linha de chegada, depois de 67:00H quando pegamos a descida de paralelepípedo para chegar na Praça onde terminaria a Corrida em Pariasopolis – MG a Monica começou a chorar de alegria e isso me fez sentir recompensado”

JUNGLE MARATHON 2008

“De 10 a 16 de outubro de 2008 na Floresta Amazônica (Para) 7 dias, 6 etapas com umidade de 90% em um calor infernal. “

Quando tirei o tênis as solas dos pés eram uma bolha de sangue do meio para frente e as cabeças dos dedos penduradas, um amigo amarrou a rede e deitei, o sangue esfriou e veio a dor forte, não conseguia dormir gemendo de dor, não tinha posição, doía tudo, não sei como vou fazer para correr a ultima etapa, estou muito triste, depois de uma 1ª etapa horrível ficando em 27º, vim fazendo uma prova de recuperação estando em 5º e agora ter que abandonar na ultima etapa? Isso não é junto tenho que dar um jeito tenho um dia inteiro para achar uma solução para poder largar, são 32 km de areia de praia e na praia eu sou mais eu.

A enfermeira drenou todo o sangue e costurou as solas dos pés, o atleta Carlos de Goias junto com o Luis Lacerda me deram uma injeção na sola dos pés para ajudar a secar, gritei de dor e passei a noite toda com os pés para o alto , acordei com muita dor, não consigo nem colocar os pés no chão, os repórteres da Globo e REDETV vieram me perguntar se eu ia largar, pois eles acompanharam todo o meu sofrimento no dia anterior, só respondi que não sabia. “

RELATO ULTRAMARATONA DE 24 HORAS DE SÃO CAETANO DO SUL 10 e 11/12/2005

“Pessoal sou péssimo para escrever e ainda não estou acreditando no que eu consegui fazer parece que estou sonhando e que vou acordar e não aconteceu nada, bem vamos lá:”

“Mais do que nunca acredito em Deus e em anjo da guarda, pois tive 2 anjos nessa corrida, gostaria de deixar registrado aqui o meu agradecimento a Senhora Lucina Ratinho que vocês podem encontrar no Orkut é um ser iluminado, uma pessoa que mal me conhecia e saiu de sua casa e passou 24 horas ao meu lado e ao Professor de Fisioterapia da Faculdade Metodista de São Caetano do sul e seus estagiários, que me adotaram e fizeram de tudo para me ajudar a recuperar e torceram muito por mim como se já me conhecessem há muito tempo.

Fogo foi depois que o sangue esfriou, ficar esperando o ônibus na rodoviária para voltar para o Rio com o corpo todo moído de correr 24 horas e sem dormir, pensei que iria apagar no ônibus mais doía tudo, cheguei no Rio as 21:00Hs e em casa as 22:30Hs “

Fotos Varias de Marcio

24 HORAS DE SANTA MARIA – RS

Fotos em Revistas

Quem Quer objetivos treina com os recursos que tem…

Nota: Um sonho de Márcio Villar é fazer um desafio em Portugal - Minho ( norte) - Algarve (Sul). A ideia de colocar este post, é quem sabe ter a felicidade encontrar alguém, uma empresa, um anônimo que queira patrocinar o Márcio - Fica aqui o Desafio

Site do YouTube

Blogue “ Ultramaratonista Marcio Villar “

Orkut “ Marcio Villar Ultramaratonista “

Site “ Marcio Villar”

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Ao longo destes 3 anos com o blogue, fui conhecendo atletas, e não atletas. Uns tive a felicidade de os conhecer pessoalmente, outros conheço as palavras bem como as imagens colocadas em cada Blogue. A pouco mais de 1 ano, li , algures sobre o Márcio Villar, um Atleta que dedica sua vida a desafios para poucos. Poucos são os atletas que conseguem fazer provas que o Márcio faz. E aos poucos fui ganhando uma admiração por Ele. Quando perguntam sobre os meus objetivos na corrida, falo sempre “daqui a 5,6 anos fazer uma Ultra), direi que é um sonho. Além de Carlos Lopes, tenho uma admiração muito grande por Dean Karnazes , e depois de ler o seu livro “Homem da Maratona”, mais o bicho ficou. Confesso que invejo o Márcio, pela garra que tem, uma determinação descomunal. Assim ganhei um respeito muito grande, e admiração. Muitos conhecem o Márcio, como muitos também não o conhecem, pena os que não conhecem, acreditem que perdem por não conhecer a história que ele tem para contar de cada prova que faz. Como este Blogue “A minha corrida”, é um Blogue para partilha, quero partilhar um pouco daquilo que o Márcio faz.

Quando começou a corre?

Foi em Setembro de 2002, quando estava com 97 kg me sentindo mal com o excesso de peso, cheio de azia e com manequim 46

Como surgiu a ideia começar a fazer Ultras-Maratonas?

Em 2005 eu recebi um e-mail que iria ter uma Ultramaratona de 24 horas em são Caetano – SP, fiquei doido, pensando “caramba um dia eu faço uma coisa dessas, deve ser fantástico”, todo dia eu abria o mesmo e-mail e lia e pensava um dia eu faço, até que me deu um estalo e falei “um dia nada, vai ser agora”, fui lá e me inscrevi, ninguém acreditou e ficaram debochando da minha cara que eu não ia conseguir

Qual seria o seu limite...? Uma Prova que digas, não consigo fazer

Não existe limite, quando me escrevo em um desafio, treino muito para ele, simulo os treinos como se tivesse na prova para que chega na hora eu consiga, como treinei correndo puxando pneu de carro amarrado na corda e na cintura para acostumar o corpo a puxar o trenó na neve e treinos com mochila com 15 Kg para acostumar o corpo com o peso da mochila para a corrida na selva amazônica de 7 dias, logico que em uma prova dessas tudo pode acontecer, mas vou preparado, não vou de aventura.

Imagina… estas numa prova, falta 10 kms, cais para o lado falta de forças, que fazes?

Mentalizo a linha de chegada, peço ajuda a Deus, pois sei da força interior que temos dentro da gente e nem que vá me arrastando pelo chão com certeza eu cruzo a linha de chegada

Já sofreste uma lesão durante uma prova?

Sim o joelho direito, fiquei tomando remédio, repouso e fisioterapia

Pensas um dia deixar o teu nome, como o melhor Ultra. Maratonista Brasileiro?

Isso não, faço Ultras por amor e porque gosto e não para ser melhor que ninguém, a minha diferença para os outros Ultras eu acho que é a garra, a raça, pois trabalho o dia todo e treino a noite depois que saio do trabalho, não ganho nem um centavo com as Ultras, ao contrario, como não tenho patrocínio tenho que ficar mendigando ajuda para poder representar o Brasil, então se não ganho dinheiro, não ganho patrocínio, porque faço isso tudo? Somente por amor, é onde me sinto feliz, mas só gosto de Ultras extremas que tenham risco de morte, como sabe em fevereiro eu me tornei o único atleta do mundo inteiro a conseguir finalizar as 3 provas da Bad135 World Cup, a copa do mundo de 217 Km em ambientes extremos, uma na neve com 40 negativos, uma no deserto com 50 positivos e uma nas montanhas e sabe quanto eu ganhei por essa conquista? Nada, somente prazer, orgulho e dividas.

Qual a prova que mais gostaste?

A Jungle Marathon que são 7 dias correndo dentro da Floresta Amazônica no meio de cobras, onças, jacarés, arraias, escorpiões, pântanos, rios isso com uma mochila com uns 15 Kg nas costas, levando toda sua alimentação de 7 dias, água e equipamentos obrigatórios da prova.

Porque?

Porque? Porque cada dia você deixa um pedaço do seu corpo pelo caminho, é superação total, no fim de cada etapa um ajuda o outro a se remendar, divide nossa alimentação, é uma união que nunca vi em outro lugar, no ultimo dia você vê a cidade onde é a chegada a 3 Km de distancia e já começa a chorar de emoção, não existe nada igual

Quando cruzas a linha de chegada, qual a 1º coisa que vem a cabeça?

Posso falar dos sentimentos, vem muita felicidade, alegria, emoção, orgulho, mas no dia seguinte da uma tristeza porque acabou e queria continuar.

Um pedido antes de uma prova?

Só rezo e peço proteção a Deus

Corres por quem ou porque?

A 2 anos eu corro pelo INCA Voluntário, que é o Instituto Nacional do Câncer para divulgar o trabalho deles na cura do Câncer, inclusive nos dias 18 e 19 de julho vou correr do Rio de Janeiro até Búzios (200 Km) para captar doadores de sangue e voluntários para eles, minha tristeza é não ter apoio e patrocínio, pois se pudesse me dedicar mais, com certeza melhoraria o meu rendimento em 50%.

Desculpa Luciana, tirei um pouco a tua ideia da entrevista. O Márcio envio-me relatos, de algumas provas, escolhi os melhores momentos, aqui vão;

Relato ultra 12 horas 22 e 23/04/2006

“fiz ontem uma Ultra de 12 horas, foi muito mais difícil que as 24 horas, pois é mais veloz, a escolha do tênis errado quase botou tudo a perder, comecei com um tênis leve sem amortecimento para corridas curtas e com 3 horas de prova estava com os 2 joelhos estourados, troquei o tênis, mas já estava ferrado corria chorando de dor, com 9 horas de prova cai no chão de dor nas pernas, veio uma equipe e estalaram meu corpo todo,”

“mas Deus me deu forças não sei de onde que eu mirei o cara e corri como nunca tinha corrido antes, eu acho que fiz as 3 ultimas numa velocidade de uma corrida de 10 Km, completei a prova de 12 horas com 103,263 Km ficando em 2º lugar na categoria, quando acabou a prova eu desmaiei, fiquei com os dedos das mãos e pés dormentes e a língua também, na hora mais esperada do Pódio quando estava caminhando para subir desmaiei novamente e não consegui subir, mas valeu muito”

RELATO 24 HORAS DE MESQUITA – RJ DIAS 04 E 05/08/2007

“Bem as coisas acontecem quando tem que acontecer mesmo, tinha duas semanas que tinha chegado do deserto da Califórnia no Vale da Morte – EUA, já tinha sido convidado a participar das 24 Horas de Mesquita, porem por não estar recuperado e também por ter me aborrecido com a organização na Ultra de 24 Horas de Salvador “

“Fiquei mais tranqüilo e confiante, eu tinha que administrar o Roke de Salvador, o paulista que mesmo vomitando tudo que vomitou não saiu da prova mas com isso abri uma boa vantagem e o de Nova Iguaçu, pois os outros eu estava com grande margem na frente e não tinha perigo e a briga ficou entre nós 3 pela vitória depois de 17 horas de prova, o Roke teve que cortar a frente do tênis para aliviar os dedos arrebentados, de nós 3 o que parecia estar mais inteiro era o atleta de Nova Iguaçu ai colei nele e até 20 Horas de prova corri ao seu lado batendo papo para desconcentrá-lo e não vir me buscar depois disso ele parou para uma massagem e foi ai que ganhei a prova, corri muito nesse período abrindo uma vantagem de 13 Km para ele ai não tinha como ele me buscar mais e ai a briga ficou pelo segundo e terceiro lugar nas ultimas 3:00 H com uma diferença de 2 Km de um para o outro e eu corria rindo sozinho e não acreditando no que estava acontecendo faltando 1:00 H ainda fiz uma ultima massagem de 10 minutos com o Luiz Lacerda para não correr risco nenhum como aquele piloto de Formula 1 na ultima volta nas pontas dos dedos, as crianças invadiram a rua e correram comigo a ultima hora comemorando e gritando, com minha amiga e irmã Jacqueline também varias crianças correndo com ela, quando acabou simplesmente nos abraçamos e choramos juntos.”

RELATO ARROWHEAD 2009

“Só consegui dormir 2 horas, de 23:30Hs até 1:30Hs, estava muito tenso, não via a hora da prova começar, a temperatura estava batendo recordes negativos, estava bem treinado, pois puxei pneu pelas praias do Rio de Janeiro por 4 meses, sabia que teria resistência para suportar o peso de puxar o trenó com todo equipamento obrigatório, comida e água que dá uns 20 kg por 217 Km na neve, só não sabia se meu corpo suportaria a temperatura por 60 horas.”

“aumentei a velocidade, com a lanterna na cabeça no meio da trilha só dava para ver um caminho pequeno pela frente a temperatura já estava 37 negativos e pisei em buraco coberto pela neve afundando a perna direita e torcendo o joelho, ai que veio o pior, com muita dor tive que dar uma parada e como estava com pouca roupa(só a segunda pele e o casaco e calça de goretex, por estar correndo, nessa altura da prova já estava dando 37 negativos, rapidamente meus pés e mãos congelaram, já estava congelando o peito,( na prova não da para tirar o casaco e a calça para colocar outras camadas de roupa e colocar o casaco e calça novamente, pois congela na hora, tem que entrar no saco de dormir especial que suporta até 50 negativos e colocar as roupas dentro do saco”

“faltando 5 Km encontrei o espanhol “Carles Connil” e foi o que eu precisava, fomos juntos até a linha de chegada, demorei 10 horas para fazer os últimos 40 km completando a prova em 58 horas, chorei muito em uma mistura de dor e alegria me tornando o primeiro brasileiro a terminar essa prova e o único atleta do mundo inteiro a completar todas as provas da “BAD135 World Cup”.”

BADWATER 2008

“A Badwater é considerada a Ultramaratona mais difícil do mundo, são 217 Km no deserto do Vale da Morte nos estados Unidos, onde o atleta larga a -282 pés(o ponto mais baixo dos EUA) atravessa o deserto mais quente do mundo e a chegada é na montanha mais alta dos EUA sendo que para essa prova o atleta manda o seu currículo e somente os 80 melhores são selecionados.”

“Do 3º para o 4º ponto de apoio(Darwin)logo na saída uma subida muito mais alta que a primeira e muito mais íngreme e as curvas eram muito inclinadas para dentro maltratando muito o joelho e a virilha direita porem nessa parte estava muito bem, não tive nenhum problema e cheguei ao ponto 4 com 27:43Hs (144 Km), o calor continuava muito forte e de 3 em 3 horas eu tomava o analgésico para continuar suportando a dor na panturrilha, nada podia me atrapalhar, eu precisava muito completar a prova abaixo de 48 horas para conquistar a fivela e pelo meu tempo estava animado para fechar entre 36 a 39 horas.”

“Pine (Posto 5) com 36:58Hs(195,2Km) esse era o tempo que eu queria ter terminado a prova, mas não adiantava me lamuriar pois o principal era conseguir a fivela tão sonhada e para isso tinha que fechar abaixo das 48 horas e agora era só subir a maior montanha dos EUA para recebe-la e entre eu e a fivela tinham 22 Km de subida quase em pé, nessa hora o Giuliano começou a me incentivar do volante do carro e a Monica se pos ao meu lado e foram dois guerreiros fazendo de tudo para alcançarmos a nossa vitória e depois de 42:07Hs (217 km)cruzamos a linha de chegada no alto do Monte Whitney, recebemos a medalha, a tão sonhada fivela tiramos foto e agora a preocupação era com o Jarom, resolvemos descer a montanha para acha-lo no caminho e para minha felicidade ele vinha subindo ao lado de seu irmão que vinha ao seu lado puxando, quando eu vi, vibrei muito e com metade do corpo do lado de fora do carro comecei a incentiva-lo e voltamos para acompanhar sua chegada que foi em 47:00hs conseguindo a fivela, agora sim a festa estava completa.”

RELATO DE MARCIO VILLAR - BR135 – ULTRA

“Com uma distância de 217 Kms ( 135 Milhas ) a serem percorridos em até 60 horas a Brooks BR 135 Ultra é considerada a prova mais difícil do Brasil. “

“Chovia muito, um rio transbordou, muita lama, eu tinha que ficar puxando assunto com a Monica, ela já não falava mas coisa com coisa, porem quando vimos lá longe as luzes da Cidade, nos deu muita motivação, sabíamos que era questão de tempo que nada mais nos impediria de cruzar a linha de chegada, depois de 67:00H quando pegamos a descida de paralelepípedo para chegar na Praça onde terminaria a Corrida em Pariasopolis – MG a Monica começou a chorar de alegria e isso me fez sentir recompensado”

JUNGLE MARATHON 2008

“De 10 a 16 de outubro de 2008 na Floresta Amazônica (Para) 7 dias, 6 etapas com umidade de 90% em um calor infernal. “

Quando tirei o tênis as solas dos pés eram uma bolha de sangue do meio para frente e as cabeças dos dedos penduradas, um amigo amarrou a rede e deitei, o sangue esfriou e veio a dor forte, não conseguia dormir gemendo de dor, não tinha posição, doía tudo, não sei como vou fazer para correr a ultima etapa, estou muito triste, depois de uma 1ª etapa horrível ficando em 27º, vim fazendo uma prova de recuperação estando em 5º e agora ter que abandonar na ultima etapa? Isso não é junto tenho que dar um jeito tenho um dia inteiro para achar uma solução para poder largar, são 32 km de areia de praia e na praia eu sou mais eu.

A enfermeira drenou todo o sangue e costurou as solas dos pés, o atleta Carlos de Goias junto com o Luis Lacerda me deram uma injeção na sola dos pés para ajudar a secar, gritei de dor e passei a noite toda com os pés para o alto , acordei com muita dor, não consigo nem colocar os pés no chão, os repórteres da Globo e REDETV vieram me perguntar se eu ia largar, pois eles acompanharam todo o meu sofrimento no dia anterior, só respondi que não sabia. “

RELATO ULTRAMARATONA DE 24 HORAS DE SÃO CAETANO DO SUL 10 e 11/12/2005

“Pessoal sou péssimo para escrever e ainda não estou acreditando no que eu consegui fazer parece que estou sonhando e que vou acordar e não aconteceu nada, bem vamos lá:”

“Mais do que nunca acredito em Deus e em anjo da guarda, pois tive 2 anjos nessa corrida, gostaria de deixar registrado aqui o meu agradecimento a Senhora Lucina Ratinho que vocês podem encontrar no Orkut é um ser iluminado, uma pessoa que mal me conhecia e saiu de sua casa e passou 24 horas ao meu lado e ao Professor de Fisioterapia da Faculdade Metodista de São Caetano do sul e seus estagiários, que me adotaram e fizeram de tudo para me ajudar a recuperar e torceram muito por mim como se já me conhecessem há muito tempo.

Fogo foi depois que o sangue esfriou, ficar esperando o ônibus na rodoviária para voltar para o Rio com o corpo todo moído de correr 24 horas e sem dormir, pensei que iria apagar no ônibus mais doía tudo, cheguei no Rio as 21:00Hs e em casa as 22:30Hs “

Fotos Varias de Marcio

24 HORAS DE SANTA MARIA – RS

Fotos em Revistas

Quem Quer objetivos treina com os recursos que tem…

Nota: Um sonho de Márcio Villar é fazer um desafio em Portugal - Minho ( norte) - Algarve (Sul). A ideia de colocar este post, é quem sabe ter a felicidade encontrar alguém, uma empresa, um anônimo que queira patrocinar o Márcio - Fica aqui o Desafio

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