Mosaico de Cores: Exultação

15-06-2005
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As notas, a tinta, os vocábulos, o corpo, são os meios com que os artistas laboram, como alfabetos que, dispostos de uma determinada ordem e segundo uma determinada forma, fazem brotar novas emoções, que anunciam a nós próprios, oceanos longínquos, amazónias completamente inexploradas, países exóticos. Para nós é difícil conceber, que há poucos séculos atrás, não existiam as obras de Mozart, Beethoven, Bach, Baudelaire, Shakespeare, Monet, Van Gogh. É importante celebrar o seu aparecimento, como tantas outras manifestações maravilhosas da vida e do seu ciclo de evolução. Quando, levados por estas obras, extasiados, completamente absorvidos, sentimos um sentimento de exaltação pela vida e pelo universo que a gerou. Versos e pensamentos de Baudelaire vêm-me tantas vezes à memória: «Existem manhãs em que abrimos a janela e temos a impressão de que o dia nos está esperando» Exultai-vos com que? Com vinho, com poesia, ou com virtude, a vosso gosto. [... E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas duma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: «São horas de te embriagares!Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com virtude, a teu gosto.»]In “O Spleen de Paris”, Charles Baudelaire.

As notas, a tinta, os vocábulos, o corpo, são os meios com que os artistas laboram, como alfabetos que, dispostos de uma determinada ordem e segundo uma determinada forma, fazem brotar novas emoções, que anunciam a nós próprios, oceanos longínquos, amazónias completamente inexploradas, países exóticos. Para nós é difícil conceber, que há poucos séculos atrás, não existiam as obras de Mozart, Beethoven, Bach, Baudelaire, Shakespeare, Monet, Van Gogh. É importante celebrar o seu aparecimento, como tantas outras manifestações maravilhosas da vida e do seu ciclo de evolução. Quando, levados por estas obras, extasiados, completamente absorvidos, sentimos um sentimento de exaltação pela vida e pelo universo que a gerou. Versos e pensamentos de Baudelaire vêm-me tantas vezes à memória: «Existem manhãs em que abrimos a janela e temos a impressão de que o dia nos está esperando» Exultai-vos com que? Com vinho, com poesia, ou com virtude, a vosso gosto. [... E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas duma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: «São horas de te embriagares!Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com virtude, a teu gosto.»]In “O Spleen de Paris”, Charles Baudelaire.

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