Na véspera, de madrugada, fui ao encontro do meu amigo Manuel Faísca, que reside no sotavento algarvio, para irmos juntos até Sevilha, onde pretendíamos estar antes da hora do almoço. Pela Via do Infante, rapidamente chegámos ao destino e fomos, de imediato levantar os dorsais. Uns minutitos na fila e recebemo-los sem qualquer contratempo. Testados os chips ( não fosse a identificação estar trocada) seguia-se outra fila para levantarmos a “bolsa do corredor”, bastante completa, que incluía, uma singlete, uns calções, umas peúgas, um porta-chaves, um pin, fitas nasais, revista da prova e o último nº da revista Distance Running. O equipamento oferecidoSeguiu-se a visita aos vários stands, comprámos uma “sudadera” da 25ª, preenchi um questionário sobre a forma como encarava esta maratona e fomos até à Isla Mágica, onde iria ser servida a “Comida de Hidratos”. Não precisámos de esperar em fila sendo servidos de imediato, só tendo que deslisar um tabuleiro descartável sobre um balcão, onde cada voluntário nos ia colocando “o seu artigo”. No final o tabuleiro estava composto, faltando apenas a bebida que seria oferecida noutro local, mas com igual celeridade. Enquanto comíamos, havia música ao vivo, bastante animada, que dava um ambiente festivo à ocasião. Na Comida de HidratosQuando saímos, então já víamos fila e nesse mesmo instante, chega o autocarro com o pessoal do Mundo da Corrida, que me chamaram e a quem agradeço o cumprimento, pois não tinha dado por eles.Segue-se uma volta pela cidade, de carro, na busca de alojamento. Encontrámos bem o sítio habitual (Hotel Dona Blanca), mas estava esgotado, tendo-nos sido recomendado o Don Paco, mesmo em frente. OK, o preço era carote, mas para não andarmos às voltas e havia um parque de estacionamento próximo, resolvemos ficar ali. Má decisão, pois não havia pequeno almoço e as condições estavam longe de corresponderem ao elevado preço que nos tinha sido pedido por um quarto. Serviu de lição!Para fazer tempo, fomos dar um passeio a pé. Um passeio pelo centro da cidade, que durou até ao anoitecer. O Faísca tinha um farnel que serviu de jantar e assim, sempre se economizou alguma coisa. Não voltámos a saír . Optámos por nos deitarmos cedo, porque cedo tínhamos de nos levantarmos. Vimos um jogo de futebol entre o Barcelona e o Espanhol, em que Barça perdeu 1-2 e fomos dormir:ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZToca o despertador, banhoca, arrumámos a tralha e fomos buscar o carro para tomarmos o pequeno almoço. Decidimos seguir um outro carro com atletas espanhóis, convencidos que eles saberiam melhor que nós ir até ao Estádio. Asneira da grossa! Nunca mais aprendo! Eles não sabiam onde é que andavam, enfiando-se em ruelas angulosas e de difícil circulação. Assim que encontrámos “terra firme” deixámos de os seguir, mas já não sabia onde é que estava e o stress começava a carregar. Conclusão: faltavam 20 minutos para as 9h, quando estacionámos e comemos qualquer coisa à pressa, para irmos levar o saco ao guarda-roupa. Entrámos na zona da partida, faltavam apenas 4 ou 5 minutos para começar a 25ª Maratona Popular da Cidade de Sevilha.Posicionámo-nos junto ao balão das 3,30.No ecran do estádio, passavam as imagens que as várias câmaras iam captando destes instantes prévios. Lá estava alguém (um ilustre desconhecido, para mim) com uma pistola na mão, em grande plano esperando um sinal para disparar. Há hora exacta, PUM ! Mais de 3500 são lançados pela porta sul do estádio. O balão das 3,30h avançou logo muito e demorei um minuto a passar pela linha da meta, logo fiquei com um desfazamento de um minuto entre o tempo real e o tempo oficial. O Faísca conseguiu aproximar-se do balão, mas eu não sentia grande necessidade de forçar o andamento. Tinha feito 2km, já vinham os primeiros em sentido contrário, com destaque para a Marisa Barros que viria talvez nos 20 primeiros, com uma passada impressionante. Durante alguns km vi que estava a andar a 5’/km e achei que era assim que deveria ir.Aos 10km passa por mim o Manuel Fonseca que não estava a ganhar terreno, pelo que pensei em me juntar a ele. O Manuel Fonseca e eu (por volta dos 14km)E fomos juntos até à Meia Maratatona (1,45 Tempo Real), mas notei que tinha de abrandar e o Fonseca seguiu. Subitamente, aos 22km, senti uma quebra enorme e tomei um gel para ver se animava. Começo a ser ultrapassado por tanta gente, que o moral começou a ficar mesmo em baixo. Deixei de olhar para o relógio. Passa um atleta que me reconheceu o equipamento (e que não faço ideia de quem seja) que me dirige a palavra, dizendo : - “Cumprimentos ao Luis Sousa”! – Só disse : -Tá... OK !O efeito energético do gel nunca mais aparecia e a luta contra a tentação da marcha era gigantesca. Corria com uma passada leve mas ... com pernas pesadas e curta porque não conseguia maior amplitude. –“Mantém-te a correr!” era a ordem que dava a mim próprio, -“mesmo que seja devagar, porque se te pões a andar...lembras-te do Porto 2007?!” - e lá me mantive. Aos 29 passa o Helder Jorge. Ia bem e incentiva-me. Ainda andei 2km perto dele, mas a prudência mandava-me refrear.34Km Ouço um "-Vai Fernando" - era o Nuno Kabeça, que vinha em grande ritmo ; -Não sei o que é que tenho hoje! -dizia ele, entusiasmado. e eu..."pregado" só lhe disse : -"Força Nuno!"Aos 35km outro gel e aqui já notei alguma progressão (ou então eram os outros que baixavam de rendimento) e ganhei algumas posições, principalmente quando passei os 40Km. Aos 41, corriamos ao lado do Estádio, quando há uma das frases mais moralizadoras que ouvi em todo o percurso : “-Esta és la puerta de la glória! Solo 1 km más!” . “Acordei” demasiado tarde, mas acabei em crescendo e por poucos segundos não apanhava o Fonseca.O FotodiplomaDepois foi a toalha sobre os ombros, as laranjas até fartar, retirar o chip e a medalha ao pescoço, receber o saco com uns biscoitos, sumo, água e fruta e ir buscar o saco da roupa. Havia muita confusão, pelo que, desta vez não tomámos banho no estádio. Com o meu amigo Faísca (foto do Vitor de Grândola)Contra o que é hábito, resolvemos ir à “Festa da Clausura” para assistirmos à entrega dos prémios e ficarmos habilitados ao sorteio de um automóvel e de outros prémios.Muita gente presente (bem mais que na véspera) e muitos portugueses. Quando foi chamada a Marisa Barros, que obteve o record da Prova e a 3ª melhor marca portuguesa de sempre, para além do record ibérico dos últimos anos, ouviu-se uma ovação arrepiante, de tanta satisfação terem sentido os participantes lusos. Obrigado Marisa.Só por isto já teria valido a pena, porque o almoço, muito honestamente não gostei : um arroz de cogumelos que não me caíu bem e uma sopa(?) de copo fria que eu “emborquei” sem saber o que era, mas que tinha um sabor estranho.Mas fizemos bem : O Faísca, afinal tinha sido o 3º da sua categoria, com direito a um troféu e eu, imaginem, acabei por ser contemplado no sorteio, com uma viagem a Madrid, mesmo a jeito para a próxima Maratona a 27 de Abril. Então não é que fui contemplado!?Eu bem quero evitar, mas não consigo...!eheheh
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Na véspera, de madrugada, fui ao encontro do meu amigo Manuel Faísca, que reside no sotavento algarvio, para irmos juntos até Sevilha, onde pretendíamos estar antes da hora do almoço. Pela Via do Infante, rapidamente chegámos ao destino e fomos, de imediato levantar os dorsais. Uns minutitos na fila e recebemo-los sem qualquer contratempo. Testados os chips ( não fosse a identificação estar trocada) seguia-se outra fila para levantarmos a “bolsa do corredor”, bastante completa, que incluía, uma singlete, uns calções, umas peúgas, um porta-chaves, um pin, fitas nasais, revista da prova e o último nº da revista Distance Running. O equipamento oferecidoSeguiu-se a visita aos vários stands, comprámos uma “sudadera” da 25ª, preenchi um questionário sobre a forma como encarava esta maratona e fomos até à Isla Mágica, onde iria ser servida a “Comida de Hidratos”. Não precisámos de esperar em fila sendo servidos de imediato, só tendo que deslisar um tabuleiro descartável sobre um balcão, onde cada voluntário nos ia colocando “o seu artigo”. No final o tabuleiro estava composto, faltando apenas a bebida que seria oferecida noutro local, mas com igual celeridade. Enquanto comíamos, havia música ao vivo, bastante animada, que dava um ambiente festivo à ocasião. Na Comida de HidratosQuando saímos, então já víamos fila e nesse mesmo instante, chega o autocarro com o pessoal do Mundo da Corrida, que me chamaram e a quem agradeço o cumprimento, pois não tinha dado por eles.Segue-se uma volta pela cidade, de carro, na busca de alojamento. Encontrámos bem o sítio habitual (Hotel Dona Blanca), mas estava esgotado, tendo-nos sido recomendado o Don Paco, mesmo em frente. OK, o preço era carote, mas para não andarmos às voltas e havia um parque de estacionamento próximo, resolvemos ficar ali. Má decisão, pois não havia pequeno almoço e as condições estavam longe de corresponderem ao elevado preço que nos tinha sido pedido por um quarto. Serviu de lição!Para fazer tempo, fomos dar um passeio a pé. Um passeio pelo centro da cidade, que durou até ao anoitecer. O Faísca tinha um farnel que serviu de jantar e assim, sempre se economizou alguma coisa. Não voltámos a saír . Optámos por nos deitarmos cedo, porque cedo tínhamos de nos levantarmos. Vimos um jogo de futebol entre o Barcelona e o Espanhol, em que Barça perdeu 1-2 e fomos dormir:ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZToca o despertador, banhoca, arrumámos a tralha e fomos buscar o carro para tomarmos o pequeno almoço. Decidimos seguir um outro carro com atletas espanhóis, convencidos que eles saberiam melhor que nós ir até ao Estádio. Asneira da grossa! Nunca mais aprendo! Eles não sabiam onde é que andavam, enfiando-se em ruelas angulosas e de difícil circulação. Assim que encontrámos “terra firme” deixámos de os seguir, mas já não sabia onde é que estava e o stress começava a carregar. Conclusão: faltavam 20 minutos para as 9h, quando estacionámos e comemos qualquer coisa à pressa, para irmos levar o saco ao guarda-roupa. Entrámos na zona da partida, faltavam apenas 4 ou 5 minutos para começar a 25ª Maratona Popular da Cidade de Sevilha.Posicionámo-nos junto ao balão das 3,30.No ecran do estádio, passavam as imagens que as várias câmaras iam captando destes instantes prévios. Lá estava alguém (um ilustre desconhecido, para mim) com uma pistola na mão, em grande plano esperando um sinal para disparar. Há hora exacta, PUM ! Mais de 3500 são lançados pela porta sul do estádio. O balão das 3,30h avançou logo muito e demorei um minuto a passar pela linha da meta, logo fiquei com um desfazamento de um minuto entre o tempo real e o tempo oficial. O Faísca conseguiu aproximar-se do balão, mas eu não sentia grande necessidade de forçar o andamento. Tinha feito 2km, já vinham os primeiros em sentido contrário, com destaque para a Marisa Barros que viria talvez nos 20 primeiros, com uma passada impressionante. Durante alguns km vi que estava a andar a 5’/km e achei que era assim que deveria ir.Aos 10km passa por mim o Manuel Fonseca que não estava a ganhar terreno, pelo que pensei em me juntar a ele. O Manuel Fonseca e eu (por volta dos 14km)E fomos juntos até à Meia Maratatona (1,45 Tempo Real), mas notei que tinha de abrandar e o Fonseca seguiu. Subitamente, aos 22km, senti uma quebra enorme e tomei um gel para ver se animava. Começo a ser ultrapassado por tanta gente, que o moral começou a ficar mesmo em baixo. Deixei de olhar para o relógio. Passa um atleta que me reconheceu o equipamento (e que não faço ideia de quem seja) que me dirige a palavra, dizendo : - “Cumprimentos ao Luis Sousa”! – Só disse : -Tá... OK !O efeito energético do gel nunca mais aparecia e a luta contra a tentação da marcha era gigantesca. Corria com uma passada leve mas ... com pernas pesadas e curta porque não conseguia maior amplitude. –“Mantém-te a correr!” era a ordem que dava a mim próprio, -“mesmo que seja devagar, porque se te pões a andar...lembras-te do Porto 2007?!” - e lá me mantive. Aos 29 passa o Helder Jorge. Ia bem e incentiva-me. Ainda andei 2km perto dele, mas a prudência mandava-me refrear.34Km Ouço um "-Vai Fernando" - era o Nuno Kabeça, que vinha em grande ritmo ; -Não sei o que é que tenho hoje! -dizia ele, entusiasmado. e eu..."pregado" só lhe disse : -"Força Nuno!"Aos 35km outro gel e aqui já notei alguma progressão (ou então eram os outros que baixavam de rendimento) e ganhei algumas posições, principalmente quando passei os 40Km. Aos 41, corriamos ao lado do Estádio, quando há uma das frases mais moralizadoras que ouvi em todo o percurso : “-Esta és la puerta de la glória! Solo 1 km más!” . “Acordei” demasiado tarde, mas acabei em crescendo e por poucos segundos não apanhava o Fonseca.O FotodiplomaDepois foi a toalha sobre os ombros, as laranjas até fartar, retirar o chip e a medalha ao pescoço, receber o saco com uns biscoitos, sumo, água e fruta e ir buscar o saco da roupa. Havia muita confusão, pelo que, desta vez não tomámos banho no estádio. Com o meu amigo Faísca (foto do Vitor de Grândola)Contra o que é hábito, resolvemos ir à “Festa da Clausura” para assistirmos à entrega dos prémios e ficarmos habilitados ao sorteio de um automóvel e de outros prémios.Muita gente presente (bem mais que na véspera) e muitos portugueses. Quando foi chamada a Marisa Barros, que obteve o record da Prova e a 3ª melhor marca portuguesa de sempre, para além do record ibérico dos últimos anos, ouviu-se uma ovação arrepiante, de tanta satisfação terem sentido os participantes lusos. Obrigado Marisa.Só por isto já teria valido a pena, porque o almoço, muito honestamente não gostei : um arroz de cogumelos que não me caíu bem e uma sopa(?) de copo fria que eu “emborquei” sem saber o que era, mas que tinha um sabor estranho.Mas fizemos bem : O Faísca, afinal tinha sido o 3º da sua categoria, com direito a um troféu e eu, imaginem, acabei por ser contemplado no sorteio, com uma viagem a Madrid, mesmo a jeito para a próxima Maratona a 27 de Abril. Então não é que fui contemplado!?Eu bem quero evitar, mas não consigo...!eheheh