EXPRESSO: Artigo

16-03-2008
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4/1/2003

O ouro de Carlos Lopes

Por José Cardoso Muitos portugueses confessam que nunca o Hino nacional lhes soou tão bem como naquele dia 12 de Agosto de 1984, com Carlos Lopes no cimo do pódio do Estádio Olímpico de Los Angeles, consagrando-se campeão olímpico da maratona. A vitória de Lopes - que arrebatara em 1976 a primeira medalha de ouro para o atletismo português, ao vencer o IV campeonato mundial de corta-mato - teve um valor muito especial. Por um lado, era vista por muitos portugueses como uma espécie de «desforra» nacional face ao que acontecera oito anos antes nos XVIII Jogos Olímpicos, em Montreal, quando o finlandês Lasse Viren lhe arrebatou na ponta final a vitória nos 10 mil metros. O à-vontade de Viren nunca o livrou da suspeita de «doping», tendo-se falado na altura em autotransfusões de sangue mais oxigenado. Em segundo lugar, o ouro do bancário ao serviço do Sporting vinha insuflar algum ânimo no ego nacional, que tão precisado andava numa altura de grave crise económica (a inflação andava nos dois dígitos) e social. Muitos portugueses confessam que nunca o Hino nacional lhes soou tão bem como naquele dia 12 de Agosto de 1984, com Carlos Lopes no cimo do pódio do Estádio Olímpico de Los Angeles, consagrando-se campeão olímpico da maratona. A vitória de Lopes - que arrebatara em 1976 a primeira medalha de ouro para o atletismo português, ao vencer o IV campeonato mundial de corta-mato - teve um valor muito especial. Por um lado, era vista por muitos portugueses como uma espécie de «desforra» nacional face ao que acontecera oito anos antes nos XVIII Jogos Olímpicos, em Montreal, quando o finlandês Lasse Viren lhe arrebatou na ponta final a vitória nos 10 mil metros. O à-vontade de Viren nunca o livrou da suspeita de «doping», tendo-se falado na altura em autotransfusões de sangue mais oxigenado. Em segundo lugar, o ouro do bancário ao serviço do Sporting vinha insuflar algum ânimo no ego nacional, que tão precisado andava numa altura de grave crise económica (a inflação andava nos dois dígitos) e social. Carlos Lopes entrou, destacado, no Estádio Olímpico de Los Angeles, venceu a maratona, embrulhou-se na bandeira e subiu ao pódio Mas a vitória de Carlos Lopes tinha um significado bem mais profundo: a consagração do meio-fundo português, que teve nos anos 80 a sua década de ouro - no sentido metafórico e literal. Desde o memorável «meeting» de Estocolmo, em que Fernando Mamede bateu o recorde mundial dos 10 mil metros e Carlos Lopes estabeleceu a segunda melhor marca mundial, até ao ouro de Lopes em Los Angeles e ao de Rosa Mota na maratona das Olimpíadas seguintes (XXI), em Seul. E, além destes dois nomes maiores, portugueses como Aurora Cunha, Fernanda Ribeiro, António Pinto, Fernando Mamede ou Manuela Machado também firmaram as maiores passadas do atletismo nacional por esse mundo fora. 2 Mas a vitória de Carlos Lopes tinha um significado bem mais profundo: a consagração do meio-fundo português, que teve nos anos 80 a sua década de ouro - no sentido metafórico e literal. Desde o memorável «meeting» de Estocolmo, em que Fernando Mamede bateu o recorde mundial dos 10 mil metros e Carlos Lopes estabeleceu a segunda melhor marca mundial, até ao ouro de Lopes em Los Angeles e ao de Rosa Mota na maratona das Olimpíadas seguintes (XXI), em Seul. E, além destes dois nomes maiores, portugueses como Aurora Cunha, Fernanda Ribeiro, António Pinto, Fernando Mamede ou Manuela Machado também firmaram as maiores passadas do atletismo nacional por esse mundo fora. Aos 37 anos, Carlos Lopes consagrava o atletismo português, que teve em Rosa Mota (3ª na maratona) outro atleta de eleição FOTOGRAFIAS LUSA

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1 comentário 1 a 1

5 de Janeiro de 2003 às 11:47

paidofilho ( paidofilho@hotmail.com )

Bons tempos em que o TRABALHO servia para restaurar o Homem...

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Por José Cardoso Muitos portugueses confessam que nunca o Hino nacional lhes soou tão bem como naquele dia 12 de Agosto de 1984, com Carlos Lopes no cimo do pódio do Estádio Olímpico de Los Angeles, consagrando-se campeão olímpico da maratona. A vitória de Lopes - que arrebatara em 1976 a primeira medalha de ouro para o atletismo português, ao vencer o IV campeonato mundial de corta-mato - teve um valor muito especial. Por um lado, era vista por muitos portugueses como uma espécie de «desforra» nacional face ao que acontecera oito anos antes nos XVIII Jogos Olímpicos, em Montreal, quando o finlandês Lasse Viren lhe arrebatou na ponta final a vitória nos 10 mil metros. O à-vontade de Viren nunca o livrou da suspeita de «doping», tendo-se falado na altura em autotransfusões de sangue mais oxigenado. Em segundo lugar, o ouro do bancário ao serviço do Sporting vinha insuflar algum ânimo no ego nacional, que tão precisado andava numa altura de grave crise económica (a inflação andava nos dois dígitos) e social. Muitos portugueses confessam que nunca o Hino nacional lhes soou tão bem como naquele dia 12 de Agosto de 1984, com Carlos Lopes no cimo do pódio do Estádio Olímpico de Los Angeles, consagrando-se campeão olímpico da maratona. A vitória de Lopes - que arrebatara em 1976 a primeira medalha de ouro para o atletismo português, ao vencer o IV campeonato mundial de corta-mato - teve um valor muito especial. Por um lado, era vista por muitos portugueses como uma espécie de «desforra» nacional face ao que acontecera oito anos antes nos XVIII Jogos Olímpicos, em Montreal, quando o finlandês Lasse Viren lhe arrebatou na ponta final a vitória nos 10 mil metros. O à-vontade de Viren nunca o livrou da suspeita de «doping», tendo-se falado na altura em autotransfusões de sangue mais oxigenado. Em segundo lugar, o ouro do bancário ao serviço do Sporting vinha insuflar algum ânimo no ego nacional, que tão precisado andava numa altura de grave crise económica (a inflação andava nos dois dígitos) e social. Carlos Lopes entrou, destacado, no Estádio Olímpico de Los Angeles, venceu a maratona, embrulhou-se na bandeira e subiu ao pódio Mas a vitória de Carlos Lopes tinha um significado bem mais profundo: a consagração do meio-fundo português, que teve nos anos 80 a sua década de ouro - no sentido metafórico e literal. Desde o memorável «meeting» de Estocolmo, em que Fernando Mamede bateu o recorde mundial dos 10 mil metros e Carlos Lopes estabeleceu a segunda melhor marca mundial, até ao ouro de Lopes em Los Angeles e ao de Rosa Mota na maratona das Olimpíadas seguintes (XXI), em Seul. E, além destes dois nomes maiores, portugueses como Aurora Cunha, Fernanda Ribeiro, António Pinto, Fernando Mamede ou Manuela Machado também firmaram as maiores passadas do atletismo nacional por esse mundo fora. 2 Mas a vitória de Carlos Lopes tinha um significado bem mais profundo: a consagração do meio-fundo português, que teve nos anos 80 a sua década de ouro - no sentido metafórico e literal. Desde o memorável «meeting» de Estocolmo, em que Fernando Mamede bateu o recorde mundial dos 10 mil metros e Carlos Lopes estabeleceu a segunda melhor marca mundial, até ao ouro de Lopes em Los Angeles e ao de Rosa Mota na maratona das Olimpíadas seguintes (XXI), em Seul. E, além destes dois nomes maiores, portugueses como Aurora Cunha, Fernanda Ribeiro, António Pinto, Fernando Mamede ou Manuela Machado também firmaram as maiores passadas do atletismo nacional por esse mundo fora. Aos 37 anos, Carlos Lopes consagrava o atletismo português, que teve em Rosa Mota (3ª na maratona) outro atleta de eleição FOTOGRAFIAS LUSA

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Bons tempos em que o TRABALHO servia para restaurar o Homem...

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