Construindo o pensamento: Os processos de Havana.

01-10-2009
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Do Estadão. Leiam com muita atenção. A coisa toda é muito mais grave do que pode parecer inicialmente.O ex-vice-presidente cubano Carlos Lage e o ex-ministro de Relações Exteriores Felipe Pérez Roque renunciaram a todos os cargos em instituições estatais e à militância no governante Partido Comunista de Cuba, segundo cartas quase idênticas publicadas nesta quinta-feira, 5, pelo jornal oficial Granma. As cartas são dirigidas ao presidente de Cuba e segundo secretário do partido, Raúl Castro, que os destituiu na segunda-feira passada. Nelas, os dois reconhecem "erros" cometidos e assumem sua "responsabilidade", em termos muito semelhantes. (...) Ambos foram acusados pelo líder cubano Fidel Castro de ambiciosos e conduta "indigna". (...) Saíram figuras políticas de peso e entraram membros da linha dura do Partido Comunista e tecnocratas relativamente desconhecidos, que até agora ocupavam o segundo escalão dos ministérios, além de militares. "Reconheço os erros cometidos e assumo a responsabilidade. Considero que foi justa e profunda a análise realizada na passada reunião do Birô Político", diz Lage, que era secretário executivo do Conselho de Ministros (uma espécie de "premiê"), ao avaliar a reestruturação proposta por Raúl. Pérez Roque, ex-ministro das Relações Exteriores que liderava a diplomacia cubana na última década, afirmou que reconhecia "plenamente que cometi erros, que foram analisados amplamente na dita reunião. Assumo minha total responsabilidade por eles". Ambos reiteraram sua "lealdade" e "fidelidade" aos irmãos Fidel e Raúl Castro e ao Partido Comunista, assinalando que continuarão defendendo os ideais da revolução. (...)De tempos em tempos, o regime cubano realiza expurgos entre seus quadros dirigentes, derrubando, com essas justificativas, figuras emergentes no cenário político da ilha. Segundo analistas, parece ser esse o caso das destituições feitas nesta semana pelo presidente cubano, Raúl Castro. "Líderes de regimes autoritários como o de Cuba não aceitam nenhuma ponta de concorrência", disse ao Estado Susan Purcell, especialista em Cuba da Universidade de Miami. "Esses expurgos fazem parte da dinâmica política que permite o continuísmo do regime". "Não é à toa que Fidel conseguiu manter o poder por mais de 50 anos" (...)O que vai acima não é nenhuma novidade na história do mundo. Pelo contrário, aliás. Já houve, no passado, coisa muito semelhante: os processos de Moscou. Lá, como em Cuba, hoje, antigos aliados do regime foram julgados e afastados pelo politburo, sob a acusação de que teriam traído a revolução. Também como faz agora o regime cubano, Stálin exigia dos "afastados" que fizessem o mea culpa, apontando seus supostos erros e reconhecendo a pureza do sistema e, é claro, do partido.E não se enganem: os Castro não mandam os renegados para o paredão porque não podem, não porque não querem. Pudessem, acabariam com os "traidores" com o bom e velho método comunista: uma bala na nuca.E por que essa notícia é tão importante? Porque está sendo vendida para o mundo como uma "reforma ministerial" destina a abrir o regime cubano. Tudo, claro, uma grande mentira. A ditadura de Cuba - que os pogreçistas gostas de chamar de "doce e branda" - só vai recrudecer politicamente ainda mais, tornando-se uma espécie de pequena China, encrustada na América Latina. A vocação latinoamericana para o caudilhismo mais vagabundo está confirmada.


Do Estadão. Leiam com muita atenção. A coisa toda é muito mais grave do que pode parecer inicialmente.O ex-vice-presidente cubano Carlos Lage e o ex-ministro de Relações Exteriores Felipe Pérez Roque renunciaram a todos os cargos em instituições estatais e à militância no governante Partido Comunista de Cuba, segundo cartas quase idênticas publicadas nesta quinta-feira, 5, pelo jornal oficial Granma. As cartas são dirigidas ao presidente de Cuba e segundo secretário do partido, Raúl Castro, que os destituiu na segunda-feira passada. Nelas, os dois reconhecem "erros" cometidos e assumem sua "responsabilidade", em termos muito semelhantes. (...) Ambos foram acusados pelo líder cubano Fidel Castro de ambiciosos e conduta "indigna". (...) Saíram figuras políticas de peso e entraram membros da linha dura do Partido Comunista e tecnocratas relativamente desconhecidos, que até agora ocupavam o segundo escalão dos ministérios, além de militares. "Reconheço os erros cometidos e assumo a responsabilidade. Considero que foi justa e profunda a análise realizada na passada reunião do Birô Político", diz Lage, que era secretário executivo do Conselho de Ministros (uma espécie de "premiê"), ao avaliar a reestruturação proposta por Raúl. Pérez Roque, ex-ministro das Relações Exteriores que liderava a diplomacia cubana na última década, afirmou que reconhecia "plenamente que cometi erros, que foram analisados amplamente na dita reunião. Assumo minha total responsabilidade por eles". Ambos reiteraram sua "lealdade" e "fidelidade" aos irmãos Fidel e Raúl Castro e ao Partido Comunista, assinalando que continuarão defendendo os ideais da revolução. (...)De tempos em tempos, o regime cubano realiza expurgos entre seus quadros dirigentes, derrubando, com essas justificativas, figuras emergentes no cenário político da ilha. Segundo analistas, parece ser esse o caso das destituições feitas nesta semana pelo presidente cubano, Raúl Castro. "Líderes de regimes autoritários como o de Cuba não aceitam nenhuma ponta de concorrência", disse ao Estado Susan Purcell, especialista em Cuba da Universidade de Miami. "Esses expurgos fazem parte da dinâmica política que permite o continuísmo do regime". "Não é à toa que Fidel conseguiu manter o poder por mais de 50 anos" (...)O que vai acima não é nenhuma novidade na história do mundo. Pelo contrário, aliás. Já houve, no passado, coisa muito semelhante: os processos de Moscou. Lá, como em Cuba, hoje, antigos aliados do regime foram julgados e afastados pelo politburo, sob a acusação de que teriam traído a revolução. Também como faz agora o regime cubano, Stálin exigia dos "afastados" que fizessem o mea culpa, apontando seus supostos erros e reconhecendo a pureza do sistema e, é claro, do partido.E não se enganem: os Castro não mandam os renegados para o paredão porque não podem, não porque não querem. Pudessem, acabariam com os "traidores" com o bom e velho método comunista: uma bala na nuca.E por que essa notícia é tão importante? Porque está sendo vendida para o mundo como uma "reforma ministerial" destina a abrir o regime cubano. Tudo, claro, uma grande mentira. A ditadura de Cuba - que os pogreçistas gostas de chamar de "doce e branda" - só vai recrudecer politicamente ainda mais, tornando-se uma espécie de pequena China, encrustada na América Latina. A vocação latinoamericana para o caudilhismo mais vagabundo está confirmada.

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