Movimento das Palavras Armadas: Tom Poisson

11-10-2009
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Tom Poisson vem alinhar-se na mesma vaga de renovação da canção francesa, antes lançada por Benjamin Biolay e Karen Ann. Neste, que é o seu terceiro álbum em nome próprio, a nostalgia pela idade de ouro do género é afixada como um verdadeiro emblema. Exibe-se na recuperação do acordeão e da valsa musette, como no regresso ao guião das canções de texto, ancoradas no imaginário do dia-a-dia. Tudo isso é familiar. No entanto, vem também filtrado por uma visão singular que, se não revoluciona, certamente descola dos lugares comuns. Na tradição de Gainsbourg, Tom faz alternar imagens poéticas com a cultura pop do momento, das piscadelas de olhos às estrelas de cinema, da terminologia da informática ao calão das conversas de escritório. Isto em canções que tanto melhor retratam, quanto mais invocam o mundo ao seu redor, sempre num misto de filosofia e paródia, que são a sua especialidade. Versos que seduzem e ganham asas casados com valsas, tangos e bossastoda uma constelação de vocabulários ligeiros, frequentemente conjugados com instrumentos e arranjos inusitados, a meio caminho entre a pop comercial e a bricolage amadora. Um novelo de artifícios que acabam por fazer desta dezena e meia de temas uma deliciosa rasura dos clássicos da canção francesa. Luís Maio


Tom Poisson vem alinhar-se na mesma vaga de renovação da canção francesa, antes lançada por Benjamin Biolay e Karen Ann. Neste, que é o seu terceiro álbum em nome próprio, a nostalgia pela idade de ouro do género é afixada como um verdadeiro emblema. Exibe-se na recuperação do acordeão e da valsa musette, como no regresso ao guião das canções de texto, ancoradas no imaginário do dia-a-dia. Tudo isso é familiar. No entanto, vem também filtrado por uma visão singular que, se não revoluciona, certamente descola dos lugares comuns. Na tradição de Gainsbourg, Tom faz alternar imagens poéticas com a cultura pop do momento, das piscadelas de olhos às estrelas de cinema, da terminologia da informática ao calão das conversas de escritório. Isto em canções que tanto melhor retratam, quanto mais invocam o mundo ao seu redor, sempre num misto de filosofia e paródia, que são a sua especialidade. Versos que seduzem e ganham asas casados com valsas, tangos e bossastoda uma constelação de vocabulários ligeiros, frequentemente conjugados com instrumentos e arranjos inusitados, a meio caminho entre a pop comercial e a bricolage amadora. Um novelo de artifícios que acabam por fazer desta dezena e meia de temas uma deliciosa rasura dos clássicos da canção francesa. Luís Maio

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