Movimento das Palavras Armadas: É o vento

11-10-2009
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As árvores dobram-se e voltam a si.Insistem com as unhas ancoradas na terra para não perderem a morada.Para mais do que isso falta-lhes a força.Pessoas a apertar casacos no peito.É sempre aí que apertam, com medo que fujam de lá as memórias penduradas por arames velhos.Já foram bons, falta-lhes a manutenção.Arrumam os cabelos no ponto de partida para eles começarem de novo um improviso nervoso.Os cães ladram uns com os outros, entendem-se como podem.Há folhas a serem empurradas rua abaixo até adormecerem junto a uma parede, onde lhes acaba a imaginação.Contentores do lixo tentam fugir às escondidas de quem os vê.Os semáforos abanam a cabeça a quem lhes pergunta as regras.Os pássaros arrumam as asas em ponto morto e deixam-se levar para onde não querem.É o vento a gritar o que pode, a organizar ideias até lhe faltar o ar.A coreografar a terra com passos largos.E é sempre assim.Desarruma-se o mundo para depois se orçamentar quanto custa desarrumá-lo no sítio.Faltarão coisas.Mas as melhores nunca mudam de lugar.Bruno Nogueira Este texto foi retirado, sem a devida autorização, do blogue do Bruno Nogueira (corpodormente), ao qual presto a devida vénia pela qualidade do texto. Só mostra que o rapaz, além de bom comediante também tem outros dotes...


As árvores dobram-se e voltam a si.Insistem com as unhas ancoradas na terra para não perderem a morada.Para mais do que isso falta-lhes a força.Pessoas a apertar casacos no peito.É sempre aí que apertam, com medo que fujam de lá as memórias penduradas por arames velhos.Já foram bons, falta-lhes a manutenção.Arrumam os cabelos no ponto de partida para eles começarem de novo um improviso nervoso.Os cães ladram uns com os outros, entendem-se como podem.Há folhas a serem empurradas rua abaixo até adormecerem junto a uma parede, onde lhes acaba a imaginação.Contentores do lixo tentam fugir às escondidas de quem os vê.Os semáforos abanam a cabeça a quem lhes pergunta as regras.Os pássaros arrumam as asas em ponto morto e deixam-se levar para onde não querem.É o vento a gritar o que pode, a organizar ideias até lhe faltar o ar.A coreografar a terra com passos largos.E é sempre assim.Desarruma-se o mundo para depois se orçamentar quanto custa desarrumá-lo no sítio.Faltarão coisas.Mas as melhores nunca mudam de lugar.Bruno Nogueira Este texto foi retirado, sem a devida autorização, do blogue do Bruno Nogueira (corpodormente), ao qual presto a devida vénia pela qualidade do texto. Só mostra que o rapaz, além de bom comediante também tem outros dotes...

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