Quartzo, Feldspato & Mica: Vai no Batalha # 29

24-05-2009
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O que se passa com o Porto nesta pré-campanha para as eleições legislativas de Fevereiro, dominada pelas famigeradas listas de candidatos a deputados? Já aqui foi aventado mas insistir é preciso: raras excepções à parte, as listas dos diversos partidos conseguiram transformar o distrito do Porto no balde do lixo do país, concentrando alguns dos piores pesadelos parlamentares.
Olhe-se a lista do PS, uma das mais decepcionantes, para encontrar um pouco de tudo: muuuuitos ex-ministros (Braga da Cruz, José Lello, Fernando Gomes, Alberto Martins, Augusto Santos Silva, Guilherme Oliveira Martins); alguns ex-autarcas (Manuela Melo, outra vez Fernando Gomes, Joaquim Couto, Agostinho Gonçalves); pelo menos uma autarca em exercício (Luísa Salgueiro) e um ex-eurodeputado (Carlos Lage); os habituais "históricos" da Assembleia da República (Marques Júnior, José Magalhães, José Saraiva). Contas feitas, os ex-ministros de António Guterres precocemente demitidos em 2001 rivalizam com os políticos locais apeados pela representação do mais forte contingente. As mulheres aparecem rigorosamente a cada três candidatos, como o Espírito Santo a seguir ao Pai e ao Filho, assim se cumprindo a respectiva quota. Os "independentes" resumem-se, salvo erro, ao cabeça de lista, Braga da Cruz. Os "não políticos profissionais" escasseiam. A qualidade dos candidatos é, de uma forma geral, sofrível, a avaliar pelo que se conhece deles em anteriores funções. A notoriedade dos bons candidatos, que também os há (Braga da Cruz, Manuela Melo, Augusto Santos Silva e alguns outros), é prejudicada pelo "tsunami" de medíocres. A prometida "renovação" ficou pelo caminho em favor da mera troca de posições e da óbvia cedência ao "aparelho". Um ponto a favor: não se detectam "pára-quedistas", já que todos os elegíveis parecem ter uma afinidade real com o distrito. Mau início de desempenho de José Sócrates como próximo primeiro-ministro.
E o que nos oferece o PSD, o outro partido candidato à vitória eleitoral (risos)? Aqui não há decepções, só a confirmação do que já se receava. Muuuuitos governantes demissionários (José Aguiar Branco, Marco António Costa, Jorge Neto, Jorge Costa, Montalvão Machado, Paulo Rangel, Pedro Duarte), um historiador lisboeta que deve conhecer o Porto dos livros antigos (José Freire Antunes), um especialista em boicotar projectos culturais (Agostinho Branquinho), um resquício monárquico do PPM (Miguel Queiroz, com z) e até o presidente da Câmara Municipal de Ourique, localidade tão próxima do Porto como é sabido. Nota-se, no caso do PSD, uma enorme preocupação com a garantia de emprego para os deserdados de Santana Lopes (está lá meio governo), uma menor sensibilidade feminista (a primeira mulher da lista a que tive acesso surge em 14º lugar) e, quanto ao mérito dos candidatos, a minha cromossomática aversão à direita torna-me demasiado suspeito para avaliá-lo mas presumo que o actual estado da governação do país, nos últimos tempos a cargo de uma boa parte destes candidatos, deve dar uma ideia aproximada. O melhor do PSD é o seu pior e vice-versa.
Por alguma razão, tem-se voltado a falar insistentemente nos últimos dias sobre a necessidade de reformar o sistema político português. Pudera!

O que se passa com o Porto nesta pré-campanha para as eleições legislativas de Fevereiro, dominada pelas famigeradas listas de candidatos a deputados? Já aqui foi aventado mas insistir é preciso: raras excepções à parte, as listas dos diversos partidos conseguiram transformar o distrito do Porto no balde do lixo do país, concentrando alguns dos piores pesadelos parlamentares.
Olhe-se a lista do PS, uma das mais decepcionantes, para encontrar um pouco de tudo: muuuuitos ex-ministros (Braga da Cruz, José Lello, Fernando Gomes, Alberto Martins, Augusto Santos Silva, Guilherme Oliveira Martins); alguns ex-autarcas (Manuela Melo, outra vez Fernando Gomes, Joaquim Couto, Agostinho Gonçalves); pelo menos uma autarca em exercício (Luísa Salgueiro) e um ex-eurodeputado (Carlos Lage); os habituais "históricos" da Assembleia da República (Marques Júnior, José Magalhães, José Saraiva). Contas feitas, os ex-ministros de António Guterres precocemente demitidos em 2001 rivalizam com os políticos locais apeados pela representação do mais forte contingente. As mulheres aparecem rigorosamente a cada três candidatos, como o Espírito Santo a seguir ao Pai e ao Filho, assim se cumprindo a respectiva quota. Os "independentes" resumem-se, salvo erro, ao cabeça de lista, Braga da Cruz. Os "não políticos profissionais" escasseiam. A qualidade dos candidatos é, de uma forma geral, sofrível, a avaliar pelo que se conhece deles em anteriores funções. A notoriedade dos bons candidatos, que também os há (Braga da Cruz, Manuela Melo, Augusto Santos Silva e alguns outros), é prejudicada pelo "tsunami" de medíocres. A prometida "renovação" ficou pelo caminho em favor da mera troca de posições e da óbvia cedência ao "aparelho". Um ponto a favor: não se detectam "pára-quedistas", já que todos os elegíveis parecem ter uma afinidade real com o distrito. Mau início de desempenho de José Sócrates como próximo primeiro-ministro.
E o que nos oferece o PSD, o outro partido candidato à vitória eleitoral (risos)? Aqui não há decepções, só a confirmação do que já se receava. Muuuuitos governantes demissionários (José Aguiar Branco, Marco António Costa, Jorge Neto, Jorge Costa, Montalvão Machado, Paulo Rangel, Pedro Duarte), um historiador lisboeta que deve conhecer o Porto dos livros antigos (José Freire Antunes), um especialista em boicotar projectos culturais (Agostinho Branquinho), um resquício monárquico do PPM (Miguel Queiroz, com z) e até o presidente da Câmara Municipal de Ourique, localidade tão próxima do Porto como é sabido. Nota-se, no caso do PSD, uma enorme preocupação com a garantia de emprego para os deserdados de Santana Lopes (está lá meio governo), uma menor sensibilidade feminista (a primeira mulher da lista a que tive acesso surge em 14º lugar) e, quanto ao mérito dos candidatos, a minha cromossomática aversão à direita torna-me demasiado suspeito para avaliá-lo mas presumo que o actual estado da governação do país, nos últimos tempos a cargo de uma boa parte destes candidatos, deve dar uma ideia aproximada. O melhor do PSD é o seu pior e vice-versa.
Por alguma razão, tem-se voltado a falar insistentemente nos últimos dias sobre a necessidade de reformar o sistema político português. Pudera!

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