o tempo das cerejas*

29-09-2009
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Quatro notas na véspera dos40 anos sobre a morte do "Che"Aqui ficam, de facto, quatro notas ainda em torno do 40º aniversário do assassinato de Che Guevara, de importância muito distinta:A primeira é para informar que no Público de Espanha prossegue hoje e continua amanhã a extensa reportagem sobre «A última viagem do Che».A segunda nota é para assinalar que, designadamente na América Latina, como facilmente se descobrirá por pesquisa na Net, é impressionante o número e variedade de iniciativas evocativas desta efeméride. É ainda de acrescentar que, certamente para grande escândalo de alguns, tanto no Brasil como em Portugal, o Senado brasileiro realizará, em sessão especial no próximo dia 23, uma homenagem à figura e à memória de Ernesto "Che" Guevara". Os factos referidos nesta breve nota talvez devessem aconselhar alguns comentadores, historiadores e ideólogos, sem necessidade de mudança das suas opiniões de fundo, a fazerem um esforço para compreender as razões de carácter histórico e político que explicam que, na América Latina, a figura do Che signifique um incontornável símbolo de dignidade, independência e justiça social.A terceira nota, de longe a mais importante, destina-se a registar que, em «post» no seu «a terceira noite», Rui Bebiano sentiu necessidade e utilidade em escrever que «Na «era do vazio» dos anos 80, [«o guevarismo»] viu-se então confinado a núcleos de nostálgicos, de activistas ultra-radicalizados ou de militantes dos velhos partidos comunistas, carentes de símbolos atraentes e que não hesitaram em transformar num dos (agora) seus aquele que antes haviam tantas vezes reprovado (os textos que o comprovam existem, e as memórias também, por muito que o tentem camuflar as posteriores operações de cosmética)." [o sublinhado é meu].Por mim, não sei quem é que andou a fazer «operações de cosmética» mas posso afirmar que, no que me toca, os «posts» que aqui coloquei sobre a figura de Che Guevara não são nada incompatíveis nem contraditórios com o facto de, nos anos 60 não ter compartilhado de diversas concepções de Che Guevara, e nomeadamente da teoria do «foquismo» que representava, na minha opinião e de outros, uma esquemática tentativa de aplicar a todo um conjunto de outros países a experiência revolucionária cubana. Cosmética, oportunismo e falta de seriedade política e intelectual existiriam sim se eu ou outros que pensávamos isso nesse tempo andássemos agora a escrever textos ou «posts» em que glorificássemos todas as atitude e todas as concepções de Ernesto "Che" Guevara, incluindo as que então nos suscitavam evidentes reservas.A minha divergência com o «remoque» de Rui Bebiano (e com um comentário colocado na caixa do meu «post» de 6/10) está pois em que considero que as diferentes concepções, divergências ou mesmo conflitos de opinião passados com um determinada personalidade política (e que nunca conduziram a que o olhássemos como não sendo dos «nossos») não são impeditivos de uma valorização global, de um apreço histórico pelo seu papel e pelos ideais, sonhos e esperanças por que se bateu. Para se perceber melhor o absurdo que contesto, é como se alguém viesse dizer que as correntes antifascistas portuguesas, porque todas tiveram divergências com ele, ou não pudessem participar nas evocações ou homenagens ao general Humberto Delgado, ou então que teriam, nessas ocasiões, de relembrar os conflitos que com ele tinham tido.Por fim, uma quarta e brevíssima nota sobre as obsessivamente mencionadas componentes de «mito» que existem no imaginário (extraordináriamente duradouro, diga-se) em torno da figura de Che Guevara. Sinceramente não percebo: então não é sabido que essas componentes de «mito» tem uma longa presença em toda a história e a respeito das mais diversas e diferentes personalidades ? Não é um bocadinho ridículo que, num país onde até sobre uma figura como Sá Carneiro se projectaram consideráveis elementos de «mitificação», se espadeire tanto contra os elementos de «mito» que envolvam a figura de Che Guevara ? Apostila em 10/10: recomenda-se a leitura do «post» de Samuel no «cantigueiro» sobre um vómito escarrapachado no DN de sábado por um «sociólogo» simpatizante de assassinos que se dá pelo nome de Alberto Gonçalves.


Quatro notas na véspera dos40 anos sobre a morte do "Che"Aqui ficam, de facto, quatro notas ainda em torno do 40º aniversário do assassinato de Che Guevara, de importância muito distinta:A primeira é para informar que no Público de Espanha prossegue hoje e continua amanhã a extensa reportagem sobre «A última viagem do Che».A segunda nota é para assinalar que, designadamente na América Latina, como facilmente se descobrirá por pesquisa na Net, é impressionante o número e variedade de iniciativas evocativas desta efeméride. É ainda de acrescentar que, certamente para grande escândalo de alguns, tanto no Brasil como em Portugal, o Senado brasileiro realizará, em sessão especial no próximo dia 23, uma homenagem à figura e à memória de Ernesto "Che" Guevara". Os factos referidos nesta breve nota talvez devessem aconselhar alguns comentadores, historiadores e ideólogos, sem necessidade de mudança das suas opiniões de fundo, a fazerem um esforço para compreender as razões de carácter histórico e político que explicam que, na América Latina, a figura do Che signifique um incontornável símbolo de dignidade, independência e justiça social.A terceira nota, de longe a mais importante, destina-se a registar que, em «post» no seu «a terceira noite», Rui Bebiano sentiu necessidade e utilidade em escrever que «Na «era do vazio» dos anos 80, [«o guevarismo»] viu-se então confinado a núcleos de nostálgicos, de activistas ultra-radicalizados ou de militantes dos velhos partidos comunistas, carentes de símbolos atraentes e que não hesitaram em transformar num dos (agora) seus aquele que antes haviam tantas vezes reprovado (os textos que o comprovam existem, e as memórias também, por muito que o tentem camuflar as posteriores operações de cosmética)." [o sublinhado é meu].Por mim, não sei quem é que andou a fazer «operações de cosmética» mas posso afirmar que, no que me toca, os «posts» que aqui coloquei sobre a figura de Che Guevara não são nada incompatíveis nem contraditórios com o facto de, nos anos 60 não ter compartilhado de diversas concepções de Che Guevara, e nomeadamente da teoria do «foquismo» que representava, na minha opinião e de outros, uma esquemática tentativa de aplicar a todo um conjunto de outros países a experiência revolucionária cubana. Cosmética, oportunismo e falta de seriedade política e intelectual existiriam sim se eu ou outros que pensávamos isso nesse tempo andássemos agora a escrever textos ou «posts» em que glorificássemos todas as atitude e todas as concepções de Ernesto "Che" Guevara, incluindo as que então nos suscitavam evidentes reservas.A minha divergência com o «remoque» de Rui Bebiano (e com um comentário colocado na caixa do meu «post» de 6/10) está pois em que considero que as diferentes concepções, divergências ou mesmo conflitos de opinião passados com um determinada personalidade política (e que nunca conduziram a que o olhássemos como não sendo dos «nossos») não são impeditivos de uma valorização global, de um apreço histórico pelo seu papel e pelos ideais, sonhos e esperanças por que se bateu. Para se perceber melhor o absurdo que contesto, é como se alguém viesse dizer que as correntes antifascistas portuguesas, porque todas tiveram divergências com ele, ou não pudessem participar nas evocações ou homenagens ao general Humberto Delgado, ou então que teriam, nessas ocasiões, de relembrar os conflitos que com ele tinham tido.Por fim, uma quarta e brevíssima nota sobre as obsessivamente mencionadas componentes de «mito» que existem no imaginário (extraordináriamente duradouro, diga-se) em torno da figura de Che Guevara. Sinceramente não percebo: então não é sabido que essas componentes de «mito» tem uma longa presença em toda a história e a respeito das mais diversas e diferentes personalidades ? Não é um bocadinho ridículo que, num país onde até sobre uma figura como Sá Carneiro se projectaram consideráveis elementos de «mitificação», se espadeire tanto contra os elementos de «mito» que envolvam a figura de Che Guevara ? Apostila em 10/10: recomenda-se a leitura do «post» de Samuel no «cantigueiro» sobre um vómito escarrapachado no DN de sábado por um «sociólogo» simpatizante de assassinos que se dá pelo nome de Alberto Gonçalves.

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