Assisti ontem na 2 - parabéns Manuel Falcão - a um debate sobre a efeméride do 25 de Abril conduzido por Nuno Santos e no qual participaram Carlos Antunes, José Carlos Silva, António Marques Bessa e Pedro Lomba.
Embora o debate tenha sido bastante disperso e inconclusivo, muito por culpa da falta de preparação do moderador, foi interessante pois permitiu-me refletir sobre alguns aspectos correlaccionados.
1º Como afirmou Pedro Lomba, cada qual comemora o seu 25 de Abril. Uns celebram a revolução pretendendo com ela celebrar o PREC como representativo dos ideais da mesma, outros celebram a revolução como momento que permitiu instaurar o regime democrático. Mas o que é que tem o 25 de Abril de comum a (quase) todos os protugueses? O que se deve celebrar a 25 de Abril? A data, o dia em que caiu a ditadura, o dia que permitiu que não houvesse mais censura nos jornais, que os portugueses pudessem votar, pudessem viajar livremente, pudessem aceder a um maior progresso económico, etc.
Assim, o que se comemora no 25 de Abril é o fim do regime anterior com tudo o que isso implica e por isso a obtenção dos direitos que o mesmo negava. Comemora-se a data da Revolução e o caminho feito desde aí - não nos seus episódios mais ou menos picarescos, mas nos objectivos alcançados.
2º Outra reflexão que fiz é associada á opinião de Carlos Antunes (a qual encontrei paralelo em Isabel do Carmo - tb na 2 - ou Otelo - na Visão) o regime democrático não fez mudar a opinião formada de homens e mulheres adultos. No essencial qualquer dos 3 perfilha das teses que tinha em 1975-76 sobre a natureza do regime democrático representativo. Nem a sua integração na sociedade que não é a sua utopia socialista, mas também não é o seu apregoado "regresso ao fascismo" leva a que reconsiderem a suas opções políticas. Tal situação é comum a muita da esquerda OMB - orfã do muro de Berlim.
3º A Revolução era inevitável antes do 25 de Abril devido á questão colonial. Sem colónias teria sido possivel uma transicção "á espanhola". A revolução originou um processo revolucionário- radicalizado progressivamente - durante o qual se elaborou a constituição sob a tutela do Conselho da Revolução e do pacto MFA-Partidos, o que gerou um ordenamento politico, que já era desequilibrado pela contraposição ao regime ditatorial (de direita) se acentuou, dai todos os partidos excepto o CDS defenderem o socialismo e também o CDS acentuar um discurso com enfâse na palavra social. Sem direita expressa, ou com uma direita condicionada gerou-se um ordenamento politico que além de muito ideológico não correspondia á tradução eleitoral e social da realidade . Daí o posterior "socialismo na gaveta", das posteriores desnacionalizações e liberalizações de sectores monopolistas de estado como a imprensa, as sucessivas e sempre insuficientes revisões constitucionais, etc
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Assisti ontem na 2 - parabéns Manuel Falcão - a um debate sobre a efeméride do 25 de Abril conduzido por Nuno Santos e no qual participaram Carlos Antunes, José Carlos Silva, António Marques Bessa e Pedro Lomba.
Embora o debate tenha sido bastante disperso e inconclusivo, muito por culpa da falta de preparação do moderador, foi interessante pois permitiu-me refletir sobre alguns aspectos correlaccionados.
1º Como afirmou Pedro Lomba, cada qual comemora o seu 25 de Abril. Uns celebram a revolução pretendendo com ela celebrar o PREC como representativo dos ideais da mesma, outros celebram a revolução como momento que permitiu instaurar o regime democrático. Mas o que é que tem o 25 de Abril de comum a (quase) todos os protugueses? O que se deve celebrar a 25 de Abril? A data, o dia em que caiu a ditadura, o dia que permitiu que não houvesse mais censura nos jornais, que os portugueses pudessem votar, pudessem viajar livremente, pudessem aceder a um maior progresso económico, etc.
Assim, o que se comemora no 25 de Abril é o fim do regime anterior com tudo o que isso implica e por isso a obtenção dos direitos que o mesmo negava. Comemora-se a data da Revolução e o caminho feito desde aí - não nos seus episódios mais ou menos picarescos, mas nos objectivos alcançados.
2º Outra reflexão que fiz é associada á opinião de Carlos Antunes (a qual encontrei paralelo em Isabel do Carmo - tb na 2 - ou Otelo - na Visão) o regime democrático não fez mudar a opinião formada de homens e mulheres adultos. No essencial qualquer dos 3 perfilha das teses que tinha em 1975-76 sobre a natureza do regime democrático representativo. Nem a sua integração na sociedade que não é a sua utopia socialista, mas também não é o seu apregoado "regresso ao fascismo" leva a que reconsiderem a suas opções políticas. Tal situação é comum a muita da esquerda OMB - orfã do muro de Berlim.
3º A Revolução era inevitável antes do 25 de Abril devido á questão colonial. Sem colónias teria sido possivel uma transicção "á espanhola". A revolução originou um processo revolucionário- radicalizado progressivamente - durante o qual se elaborou a constituição sob a tutela do Conselho da Revolução e do pacto MFA-Partidos, o que gerou um ordenamento politico, que já era desequilibrado pela contraposição ao regime ditatorial (de direita) se acentuou, dai todos os partidos excepto o CDS defenderem o socialismo e também o CDS acentuar um discurso com enfâse na palavra social. Sem direita expressa, ou com uma direita condicionada gerou-se um ordenamento politico que além de muito ideológico não correspondia á tradução eleitoral e social da realidade . Daí o posterior "socialismo na gaveta", das posteriores desnacionalizações e liberalizações de sectores monopolistas de estado como a imprensa, as sucessivas e sempre insuficientes revisões constitucionais, etc