Split Screen: Cada um o seu cinema, por Carlos Antunes

06-10-2009
marcar artigo


Título original: Chacun son cinéma ou Ce petit coup au coeur quand la lumière s'éteint et que le film commenceRealização: Theodoros Angelopoulos, Olivier Assayas, Bille August, Jane Campion, Youssef Chahine, Kaige Chen, Michael Cimino, Ethan Coen, Joel Coen, David Cronenberg, Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne, Manoel de Oliveira, Raymond Depardon, David Lynch, Gus Van Sant, Lars von Trier, Walter Salles, Roman Polanski, Nanni Moretti, Wim Wenders e Yimou ZhangArgumento: váriosCada um o seu cinema é, exactamente, uma relação com a sala de cinema, como pretende.A sua conjugação de episódios estabelece uma variância de qualidade e atenção que proporciona uma alternância de sentimentos - se não mesmo de comportamentos - durante o seu visionamento.Há momentos em que nos apetece levantar e sair para fumar um cigarro.Outros em que ganhamos uma dolorosa consciência da sala que nos rodeia e de tudo o que lá acontece.Outros ainda em que não percebemos que já entrámos na magia desta arte da hipnose senão quando nos volta a libertar.Os episódios vão do documentário (ou, se preferirem, da observação particular) à piada, da reflexão à imersão na imaginação, da biografia à confissão.Cada um poderá - e certamente assim o fará - encontrar os que mais lhe tocam, embora seja inegável que haverá sempre evidências dos que entre eles sobressaiem, para o bem e para o mal.Polanski a filmar uma velha piada é desapontante, mais pelo que deixou por fazer do que pelo falhanço do riso.Jane Campion a tentar ser inventiva e poética sem conseguir mais do que irritar o espectador com o seu insecto é um falhanço monumental.Amos Gitai e o seu oco experimentalismo de simbólicas ressonâncias temporais destoa do resto do que se vê.Mas a forma como os irmãos Dardenne e Gus Van Sant traduzem em imagens a pura magia do feitiço do cinema, a forma como Cronenberg ironiza com as modernas considerações sobre o cinema contra outros meios visuais ou a simples demanda pelo olhar feminino que é a de Abbas Kiarostami compensam tudo isso.E entre o muito bom e o muito mau há ainda tanto a descobrir.Para quem gosta de cinema e para quem gosta de salas de cinema, este é um filme a ver.


Título original: Chacun son cinéma ou Ce petit coup au coeur quand la lumière s'éteint et que le film commenceRealização: Theodoros Angelopoulos, Olivier Assayas, Bille August, Jane Campion, Youssef Chahine, Kaige Chen, Michael Cimino, Ethan Coen, Joel Coen, David Cronenberg, Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne, Manoel de Oliveira, Raymond Depardon, David Lynch, Gus Van Sant, Lars von Trier, Walter Salles, Roman Polanski, Nanni Moretti, Wim Wenders e Yimou ZhangArgumento: váriosCada um o seu cinema é, exactamente, uma relação com a sala de cinema, como pretende.A sua conjugação de episódios estabelece uma variância de qualidade e atenção que proporciona uma alternância de sentimentos - se não mesmo de comportamentos - durante o seu visionamento.Há momentos em que nos apetece levantar e sair para fumar um cigarro.Outros em que ganhamos uma dolorosa consciência da sala que nos rodeia e de tudo o que lá acontece.Outros ainda em que não percebemos que já entrámos na magia desta arte da hipnose senão quando nos volta a libertar.Os episódios vão do documentário (ou, se preferirem, da observação particular) à piada, da reflexão à imersão na imaginação, da biografia à confissão.Cada um poderá - e certamente assim o fará - encontrar os que mais lhe tocam, embora seja inegável que haverá sempre evidências dos que entre eles sobressaiem, para o bem e para o mal.Polanski a filmar uma velha piada é desapontante, mais pelo que deixou por fazer do que pelo falhanço do riso.Jane Campion a tentar ser inventiva e poética sem conseguir mais do que irritar o espectador com o seu insecto é um falhanço monumental.Amos Gitai e o seu oco experimentalismo de simbólicas ressonâncias temporais destoa do resto do que se vê.Mas a forma como os irmãos Dardenne e Gus Van Sant traduzem em imagens a pura magia do feitiço do cinema, a forma como Cronenberg ironiza com as modernas considerações sobre o cinema contra outros meios visuais ou a simples demanda pelo olhar feminino que é a de Abbas Kiarostami compensam tudo isso.E entre o muito bom e o muito mau há ainda tanto a descobrir.Para quem gosta de cinema e para quem gosta de salas de cinema, este é um filme a ver.

marcar artigo