É fodido ser poeta,necessária, irreprimivelmente poeta,ir à caça das palavras,amá-lase vê-las raras,extintasou em pleno cio, sono,a copularem, adversativas, poeta,com a verdade verae a verdade não ser o simnem o não, mas qualquer coisa de além,muito além-poeta mais perto de ela.Fica ao teu critério, leitor-vampiro, leitor-rato, leitor-pulga, do poetajulgares-me excessivo.Dir-te-ei que sou excessivo, sim, que tenho arroubos furibundos, arrancos de touro,que vou bramindo e bradando como que de longesons ingénuos e sentimentos como zangas infantis,dir-te-ei que crucifico e que redimonum mesmo verso-poeta, que evoco e vivo nele só, no verso.Se eu fosse a postar a pequena prosa jornalística mordaz ou o ensaiozinho literário verboroso, em vez de isto-poeta,pereceria em texto e o meu leite segregadonão seria esta aspiração a perenidade.A sensibilidade, a puta da sensibilidade, faz das suas, fecunda, liga-nos e isola-nos poeta.Vida de pescador é ser poeta,num mar acanzoado de vagas...´É ir todos os dias muitas vezes ao matadouro frioe matar e ser rês emocionada,escorrer desmanchado, comestível, num fio rubrovaporoso,esgoto em poça.Esgoto inesgotável de vida-poeta.
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É fodido ser poeta,necessária, irreprimivelmente poeta,ir à caça das palavras,amá-lase vê-las raras,extintasou em pleno cio, sono,a copularem, adversativas, poeta,com a verdade verae a verdade não ser o simnem o não, mas qualquer coisa de além,muito além-poeta mais perto de ela.Fica ao teu critério, leitor-vampiro, leitor-rato, leitor-pulga, do poetajulgares-me excessivo.Dir-te-ei que sou excessivo, sim, que tenho arroubos furibundos, arrancos de touro,que vou bramindo e bradando como que de longesons ingénuos e sentimentos como zangas infantis,dir-te-ei que crucifico e que redimonum mesmo verso-poeta, que evoco e vivo nele só, no verso.Se eu fosse a postar a pequena prosa jornalística mordaz ou o ensaiozinho literário verboroso, em vez de isto-poeta,pereceria em texto e o meu leite segregadonão seria esta aspiração a perenidade.A sensibilidade, a puta da sensibilidade, faz das suas, fecunda, liga-nos e isola-nos poeta.Vida de pescador é ser poeta,num mar acanzoado de vagas...´É ir todos os dias muitas vezes ao matadouro frioe matar e ser rês emocionada,escorrer desmanchado, comestível, num fio rubrovaporoso,esgoto em poça.Esgoto inesgotável de vida-poeta.