O Quatro: O conflito com o terror

04-10-2009
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Custam-me os debates em que se pretende saber quem tem razão no conflito, se os judeus ou os palestinianos. Primeiro porque para mim não existe razão em qualquer conflito onde morra gente, segundo porque não vejo o que se passa em Gaza como conflito entre judeus e palestinianos, mesmo que ele exista, depois porque estes assuntos já são maus por si e pior ficam quando alguém se aproveita deles para defender a boa e velha militância anti-semita e o gosto por tudo o que representa o mal ao bloco ocidental.Tanto o Hamas, na Faixa de Gaza, como o Hezbolah, a partir do Líbano, são grupos fanáticos de terroristas, financiados por um Irão que não reconhece aos judeus o direito a viver, quanto mais a ter um Estado. Apostados em arrasar do mapa Israel, a expressão é habitualmente sua, merecem-me tanta tolerância quanto a que têm ao mundo democrático e a toda a sua cultura laica.Há contudo uma névoa que me impressiona na aceitação comum de que Israel é a grande e poderosa hegemonia que exerce a sua força e o seu capricho sobre indefesos e inocentes. Comovo-me com as imagens de crianças e gente morta, os olhares desesperados dos que ainda estão vivos, com a falta de futuro evidente nos semblantes carregados, com os olhares mortiços e baços dos que vagueiam no meio do caos, sejam elas resultado de mísseis balísticos, bombardeamentos aéreos, foguetes ou homens bomba.E fico com a sensação de que nunca ouvimos quem realmente interessa, as vítimas.É certo que dum lado existe um exército poderoso, com equipamento mortífero e de última tecnologia. Choca-me contudo que figuras como Saramago, digno representante da nossa cultura, ainda se refira ao conflito mordazmente, atribuindo a Israel o papel de Golias e, passando por cima da existência dos que cultivam a morte, como muito boa gente faz, coloca do outro lado o David que só tem pedras para se defender.Só falta esclarecer se se refere ao David palestiniano que não tem por onde fugir, o que faz disparar incessantemente foguetes sobre civis judeus ou o que morre às mãos do compatriota porque pertence à Fatah e não ao grupo dominante.E é também esta imagem que se distribui pela opinião. Como referiu Helena Matos num artigo esclarecedor, de um lado existe um exército, do outro, líderes espirituais, activistas, militantes, mártires e, quanto muito, combatentes. Nenhum é militar.O que, á luz do código de condutas destes, também é verdade. Que militar se colocaria à defesa dentro de escolas, edifícios públicos, hospitais ou bairros residenciais? Que militar se esconderia entre os civis, usando-os como escudos humanos? Nenhum. Porque efectivamente não se trata de actos militares mas de puro terror, que ainda se torna mais inconcebível porque sacrifica o próprio povo de quem se diz protector.Como se vê há muito pouca razoabilidade nesta violência.O que falta a Israel, à Palestina e ao mundo é livrar-se dos seus radicais.Independentemente das teorias estapafúrdias que é habitual ouvir acerca de quem ocupou o quê, a verdade é que judeus e palestinianos estão condenados a conviver uns com os outros. E até acredito que o acabarão por fazer, tenhamos fé na humanidade. Mas antes de se poder sonhar com tão grande dia é preciso que os próprios palestinianos recusem a estratégia de violência do Hamas. Quando isso acontecer e se calarem as armas, quando o sucesso ou o insucesso do progresso depender dos palestinianos, aí sim, com eles já só estarão os verdadeiros solidários.


Custam-me os debates em que se pretende saber quem tem razão no conflito, se os judeus ou os palestinianos. Primeiro porque para mim não existe razão em qualquer conflito onde morra gente, segundo porque não vejo o que se passa em Gaza como conflito entre judeus e palestinianos, mesmo que ele exista, depois porque estes assuntos já são maus por si e pior ficam quando alguém se aproveita deles para defender a boa e velha militância anti-semita e o gosto por tudo o que representa o mal ao bloco ocidental.Tanto o Hamas, na Faixa de Gaza, como o Hezbolah, a partir do Líbano, são grupos fanáticos de terroristas, financiados por um Irão que não reconhece aos judeus o direito a viver, quanto mais a ter um Estado. Apostados em arrasar do mapa Israel, a expressão é habitualmente sua, merecem-me tanta tolerância quanto a que têm ao mundo democrático e a toda a sua cultura laica.Há contudo uma névoa que me impressiona na aceitação comum de que Israel é a grande e poderosa hegemonia que exerce a sua força e o seu capricho sobre indefesos e inocentes. Comovo-me com as imagens de crianças e gente morta, os olhares desesperados dos que ainda estão vivos, com a falta de futuro evidente nos semblantes carregados, com os olhares mortiços e baços dos que vagueiam no meio do caos, sejam elas resultado de mísseis balísticos, bombardeamentos aéreos, foguetes ou homens bomba.E fico com a sensação de que nunca ouvimos quem realmente interessa, as vítimas.É certo que dum lado existe um exército poderoso, com equipamento mortífero e de última tecnologia. Choca-me contudo que figuras como Saramago, digno representante da nossa cultura, ainda se refira ao conflito mordazmente, atribuindo a Israel o papel de Golias e, passando por cima da existência dos que cultivam a morte, como muito boa gente faz, coloca do outro lado o David que só tem pedras para se defender.Só falta esclarecer se se refere ao David palestiniano que não tem por onde fugir, o que faz disparar incessantemente foguetes sobre civis judeus ou o que morre às mãos do compatriota porque pertence à Fatah e não ao grupo dominante.E é também esta imagem que se distribui pela opinião. Como referiu Helena Matos num artigo esclarecedor, de um lado existe um exército, do outro, líderes espirituais, activistas, militantes, mártires e, quanto muito, combatentes. Nenhum é militar.O que, á luz do código de condutas destes, também é verdade. Que militar se colocaria à defesa dentro de escolas, edifícios públicos, hospitais ou bairros residenciais? Que militar se esconderia entre os civis, usando-os como escudos humanos? Nenhum. Porque efectivamente não se trata de actos militares mas de puro terror, que ainda se torna mais inconcebível porque sacrifica o próprio povo de quem se diz protector.Como se vê há muito pouca razoabilidade nesta violência.O que falta a Israel, à Palestina e ao mundo é livrar-se dos seus radicais.Independentemente das teorias estapafúrdias que é habitual ouvir acerca de quem ocupou o quê, a verdade é que judeus e palestinianos estão condenados a conviver uns com os outros. E até acredito que o acabarão por fazer, tenhamos fé na humanidade. Mas antes de se poder sonhar com tão grande dia é preciso que os próprios palestinianos recusem a estratégia de violência do Hamas. Quando isso acontecer e se calarem as armas, quando o sucesso ou o insucesso do progresso depender dos palestinianos, aí sim, com eles já só estarão os verdadeiros solidários.

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