O Quatro: Terrorismo político

05-10-2009
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Os tempos são difíceis e nada garante que não piorarão.A economia vive da confiança e, no momento, falta confiança ao mundo. O problema, complexo de resolver, precisa de ser tratado com clareza. Ora, num ano de eleições onde a maioria dos comportamentos políticos aponta para a conquista ou reconquista do poder, temos tido mais ruído que compreensibilidade.Á habitual insinuação e calúnia, que serve de arma de combate na política mas que não deixa nem o agressor nem a vítima incólume (os brasileiros usam uma expressão muito apropriada que é a de jogar porcaria para cima da ventoinha), somamos o bota-abaixismo, o sectarismo e a cegueira política que habitualmente impede que se reconheça no opositor qualquer característica positiva ou capacidade de execução. Chega a parecer que estes comportamentos negativos resumem o contributo que muitos têm para dar à democracia. Nada o impede e existe liberdade para que seja uma forma de estar na sociedade (apesar de haver quem defenda livremente que essa liberdade não existe), mas mina-a.Quando numa conversa com populares simpáticos a outras forças políticas que não o Partido Socialista se argumenta que o nosso Primeiro-Ministro não serve porque é corrupto e mentiroso fica tudo dito. Eis o que uma boa parte das pessoas absorve da calúnia nacional.E pouco se pode fazer quando a atitude se generaliza independentemente do atingido.Há pouco tempo vi um filme que, não sendo extraordinário, me fez compreender, pela singeleza da ideia, o verdadeiro impacto de uma mentira. Chamava-se “A dúvida”e, em determinada altura, é contada a história que tentarei reproduzir: uma mulher caluniou alguém, contando uma mentira a algumas pessoas. Essa mentira multiplicou-se pela quantidade de vezes que esse pequeno grupo de pessoas a repetiu a outros grupos de pessoas.Muito rapidamente a mentira passou a facto que todos já conheciam. O visado ficou com a sua reputação arruinada.Perante o impacto da mentira a mulher que a lançou ficou consternada. O peso na consciência levou-a a contar a verdade a um padre e a pedir alívio. O padre pediu-lhe então que subisse ao telhado da sua casa, rasgasse uma almofada de penas e as soltasse ao vento. Foi o que fez. Voltou ao padre e contou-lhe que tinha feito o que lhe havia sido sugerido, espalhando milhares de penas pelo céu da sua rua. Mas acrescentou não ter sentido alívio nem compreendido de que forma o acto podia apagar o erro cometido.O padre pediu-lhe então que voltasse à rua e recolhesse todas as penas que a mulher havia espalhado pelo vento. A mulher respondeu-lhe aflitivamente que isso era absolutamente impossível de conseguir. O padre disse-lhe então que cada uma das minúsculas penas representava cada uma das pessoas a quem a mentira havia sido transmitida. Recolher todas as penas era tão impossível quanto apagar o efeito da mentira que se generalizou.Eis o efeito da calúnia. Essa tão útil e fácil destruidora de reputações.Se não consegues destruir uma ideia destrói o homem que a teve.Assim e não sendo possível impedir que as penas se espalhem pelo vento ou que alguém se arrependa do mal feito importa manter o rumo que foi traçado e que se continue a defender o mais importante, a verdade da ideia. É assim que se combate o terrorismo político.


Os tempos são difíceis e nada garante que não piorarão.A economia vive da confiança e, no momento, falta confiança ao mundo. O problema, complexo de resolver, precisa de ser tratado com clareza. Ora, num ano de eleições onde a maioria dos comportamentos políticos aponta para a conquista ou reconquista do poder, temos tido mais ruído que compreensibilidade.Á habitual insinuação e calúnia, que serve de arma de combate na política mas que não deixa nem o agressor nem a vítima incólume (os brasileiros usam uma expressão muito apropriada que é a de jogar porcaria para cima da ventoinha), somamos o bota-abaixismo, o sectarismo e a cegueira política que habitualmente impede que se reconheça no opositor qualquer característica positiva ou capacidade de execução. Chega a parecer que estes comportamentos negativos resumem o contributo que muitos têm para dar à democracia. Nada o impede e existe liberdade para que seja uma forma de estar na sociedade (apesar de haver quem defenda livremente que essa liberdade não existe), mas mina-a.Quando numa conversa com populares simpáticos a outras forças políticas que não o Partido Socialista se argumenta que o nosso Primeiro-Ministro não serve porque é corrupto e mentiroso fica tudo dito. Eis o que uma boa parte das pessoas absorve da calúnia nacional.E pouco se pode fazer quando a atitude se generaliza independentemente do atingido.Há pouco tempo vi um filme que, não sendo extraordinário, me fez compreender, pela singeleza da ideia, o verdadeiro impacto de uma mentira. Chamava-se “A dúvida”e, em determinada altura, é contada a história que tentarei reproduzir: uma mulher caluniou alguém, contando uma mentira a algumas pessoas. Essa mentira multiplicou-se pela quantidade de vezes que esse pequeno grupo de pessoas a repetiu a outros grupos de pessoas.Muito rapidamente a mentira passou a facto que todos já conheciam. O visado ficou com a sua reputação arruinada.Perante o impacto da mentira a mulher que a lançou ficou consternada. O peso na consciência levou-a a contar a verdade a um padre e a pedir alívio. O padre pediu-lhe então que subisse ao telhado da sua casa, rasgasse uma almofada de penas e as soltasse ao vento. Foi o que fez. Voltou ao padre e contou-lhe que tinha feito o que lhe havia sido sugerido, espalhando milhares de penas pelo céu da sua rua. Mas acrescentou não ter sentido alívio nem compreendido de que forma o acto podia apagar o erro cometido.O padre pediu-lhe então que voltasse à rua e recolhesse todas as penas que a mulher havia espalhado pelo vento. A mulher respondeu-lhe aflitivamente que isso era absolutamente impossível de conseguir. O padre disse-lhe então que cada uma das minúsculas penas representava cada uma das pessoas a quem a mentira havia sido transmitida. Recolher todas as penas era tão impossível quanto apagar o efeito da mentira que se generalizou.Eis o efeito da calúnia. Essa tão útil e fácil destruidora de reputações.Se não consegues destruir uma ideia destrói o homem que a teve.Assim e não sendo possível impedir que as penas se espalhem pelo vento ou que alguém se arrependa do mal feito importa manter o rumo que foi traçado e que se continue a defender o mais importante, a verdade da ideia. É assim que se combate o terrorismo político.

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