Alunos alentejanos que estudam espanhol duplicamFamílias preferem que os filhos vão para a universidade em Badajoz e SalamancaMais de 1500 alunos estão inscritos nas aulas de Espanhol nas escolas públicas do Alentejo, o que traduz uma duplicação face ao último ano lectivo, passando de 48 para 108 o número de turmas, num total de 21 escolas com esta oferta pedagógica na região. O fenómeno surge associado às intenções dos jovens de procurarem entrar nas universidades de Badajoz ou Salamanca, sobretudo por causa dos cursos de Medicina.Segundo o próprio director regional de Educação do Alentejo, Bravo Nico, não é por isso de admirar que o distrito de Portalegre - o mais próximo da raia - tenha inscritos em Espanhol 867 alunos, seguindo-se Évora (427) e Beja (217), o que demonstra, diz, "uma maior preocupação das famílias pelo percurso académico e profissional dos seus filhos, optando por formatar este percurso a partir do básico".Com base nesta tendência crescente da aprendizagem do Espanhol, os responsáveis escolares estimam que, dentro de cinco ou seis anos, o castelhano seja a segunda língua estrangeira mais estudada e falada nos estabelecimentos de ensino alentejanos, até porque se trata de um idioma em expansão a nível nacional, contrastando com a queda do Francês.Na Universidade de Badajoz já é possível encontrar as diferenças entre os portugueses que frequentaram o espanhol do lado de cá e os que chegaram ao ensino superior apenas com umas "luzes" de castelhano. Fátima Godinho é um desses exemplos. Há dois anos em Medicina, admite que só agora se está a "sentir à vontade" com o espanhol. Natural de Campo Maior, habitual frequentadora de Badajoz e telespectadora dos canais do país vizinho, nunca imaginou que iria enfrentar tantas dificuldades em escrever. "Falar e perceber é fácil, o problema é passar isso tudo para o papel e constatar que os erros são seguidos, o que me deixa em desvantagem", lamenta, assumindo que ainda vai demorar algum tempo até ficar em pé de igualdade com os colegas que dominam a língua.Já Clara Borges, de Portalegre, entrou em Medicina no ano passado e garante que a adaptação à escrita foi feita "quase na hora". Desde os 16 anos que a família tinha assumido que a jovem iria para o ensino superior de Badajoz ou Salamanca, pelo que cedo começou a frequentar as aulas de Espanhol. "É muito fácil escrever. É mais fácil que o inglês, porque tem muitas semelhanças com o português", refere a jovem, revelando que muitos colegas e compatriotas estão a braços com dificuldades de integração justamente porque a língua continua a ser uma barreira, mesmo para quem julgava dominar bem o castelhano.Entretanto, na Extremadura espanhola, os mais de nove mil alunos que este ano estão inscritos nos cursos de Português nas escolas oficiais fazem com que, pela primeira vez, o nosso idioma seja a segunda língua estrangeira mais falada naquela região.A crescente procura já vai muito para lá dos concelhos próximos da fronteira, numa altura em que as empresas locais - unidades de saúde, hoteleiras, ou comerciais - colocam como uma das principais condições para admitir ou promover funcionários a apresentação de um currículo em que conste o domínio do Português, falado e escrito. Os 92 cursos de Português que vão ser leccionados este ano lectivo, naquela região, levaram o Gabinete de Iniciativas Transfronteiriças a investir 210 mil euros, por forma a favorecer a realização de cursos em maior número de localidades. É levado em linha de conta o número de pessoas abrangidas e a valorização dos projectos, designadamente em função do professor, da especialização do curso ou do seu co-financiamento por outras entidades.( In DN de hoje )
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Alunos alentejanos que estudam espanhol duplicamFamílias preferem que os filhos vão para a universidade em Badajoz e SalamancaMais de 1500 alunos estão inscritos nas aulas de Espanhol nas escolas públicas do Alentejo, o que traduz uma duplicação face ao último ano lectivo, passando de 48 para 108 o número de turmas, num total de 21 escolas com esta oferta pedagógica na região. O fenómeno surge associado às intenções dos jovens de procurarem entrar nas universidades de Badajoz ou Salamanca, sobretudo por causa dos cursos de Medicina.Segundo o próprio director regional de Educação do Alentejo, Bravo Nico, não é por isso de admirar que o distrito de Portalegre - o mais próximo da raia - tenha inscritos em Espanhol 867 alunos, seguindo-se Évora (427) e Beja (217), o que demonstra, diz, "uma maior preocupação das famílias pelo percurso académico e profissional dos seus filhos, optando por formatar este percurso a partir do básico".Com base nesta tendência crescente da aprendizagem do Espanhol, os responsáveis escolares estimam que, dentro de cinco ou seis anos, o castelhano seja a segunda língua estrangeira mais estudada e falada nos estabelecimentos de ensino alentejanos, até porque se trata de um idioma em expansão a nível nacional, contrastando com a queda do Francês.Na Universidade de Badajoz já é possível encontrar as diferenças entre os portugueses que frequentaram o espanhol do lado de cá e os que chegaram ao ensino superior apenas com umas "luzes" de castelhano. Fátima Godinho é um desses exemplos. Há dois anos em Medicina, admite que só agora se está a "sentir à vontade" com o espanhol. Natural de Campo Maior, habitual frequentadora de Badajoz e telespectadora dos canais do país vizinho, nunca imaginou que iria enfrentar tantas dificuldades em escrever. "Falar e perceber é fácil, o problema é passar isso tudo para o papel e constatar que os erros são seguidos, o que me deixa em desvantagem", lamenta, assumindo que ainda vai demorar algum tempo até ficar em pé de igualdade com os colegas que dominam a língua.Já Clara Borges, de Portalegre, entrou em Medicina no ano passado e garante que a adaptação à escrita foi feita "quase na hora". Desde os 16 anos que a família tinha assumido que a jovem iria para o ensino superior de Badajoz ou Salamanca, pelo que cedo começou a frequentar as aulas de Espanhol. "É muito fácil escrever. É mais fácil que o inglês, porque tem muitas semelhanças com o português", refere a jovem, revelando que muitos colegas e compatriotas estão a braços com dificuldades de integração justamente porque a língua continua a ser uma barreira, mesmo para quem julgava dominar bem o castelhano.Entretanto, na Extremadura espanhola, os mais de nove mil alunos que este ano estão inscritos nos cursos de Português nas escolas oficiais fazem com que, pela primeira vez, o nosso idioma seja a segunda língua estrangeira mais falada naquela região.A crescente procura já vai muito para lá dos concelhos próximos da fronteira, numa altura em que as empresas locais - unidades de saúde, hoteleiras, ou comerciais - colocam como uma das principais condições para admitir ou promover funcionários a apresentação de um currículo em que conste o domínio do Português, falado e escrito. Os 92 cursos de Português que vão ser leccionados este ano lectivo, naquela região, levaram o Gabinete de Iniciativas Transfronteiriças a investir 210 mil euros, por forma a favorecer a realização de cursos em maior número de localidades. É levado em linha de conta o número de pessoas abrangidas e a valorização dos projectos, designadamente em função do professor, da especialização do curso ou do seu co-financiamento por outras entidades.( In DN de hoje )