O Quatro: Sinais

04-10-2009
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Sou um ouvinte da TSF e um admirador de Fernando Alves.A sua crónica diária "Sinais", antes das 9, acompanha-me no percurso de autocarro para o trabalho.O tom é quase sempre crítico mas tem a genialidade da isenção (nos dias que correm ela é difícil)e uma capacidade quase poética de nos atrair com as palavras e nos deixar a pensar com a limpidez da exposição.Hoje referia, porque entendeu que merecia atenção, o facto de Marques Mendes, no calor da refrega democrática, ter chamado autista a José Sócrates quando este alegava que a situação do emprego estaria melhor. E sustentava que Marques Mendes fez o que fazem os políticos de argumento como arma de arremesso. Marques Mendes atirou em Sócrates, ignorando que o autismo afecta, só nos Estados Unidos, uma em cada 150 crianças. Um deslize.Não o fez, claro, por maldade. Mas mostrou o preconceito. Parece pouco mas o alerta é sério. Num mundo onde o ruído ocupa o lugar da comunicação e onde as pessoas se entendem cada vez menos, num mundo de dificuldades banalizadas a ofensa pesa tanto como as bombas e a morte que vem com elas. Num mundo rotinado com a devastação e com a injustiça ouvimos cada vez menos o outro. Mais depressa ofendemos.Os autistas somos nós.


Sou um ouvinte da TSF e um admirador de Fernando Alves.A sua crónica diária "Sinais", antes das 9, acompanha-me no percurso de autocarro para o trabalho.O tom é quase sempre crítico mas tem a genialidade da isenção (nos dias que correm ela é difícil)e uma capacidade quase poética de nos atrair com as palavras e nos deixar a pensar com a limpidez da exposição.Hoje referia, porque entendeu que merecia atenção, o facto de Marques Mendes, no calor da refrega democrática, ter chamado autista a José Sócrates quando este alegava que a situação do emprego estaria melhor. E sustentava que Marques Mendes fez o que fazem os políticos de argumento como arma de arremesso. Marques Mendes atirou em Sócrates, ignorando que o autismo afecta, só nos Estados Unidos, uma em cada 150 crianças. Um deslize.Não o fez, claro, por maldade. Mas mostrou o preconceito. Parece pouco mas o alerta é sério. Num mundo onde o ruído ocupa o lugar da comunicação e onde as pessoas se entendem cada vez menos, num mundo de dificuldades banalizadas a ofensa pesa tanto como as bombas e a morte que vem com elas. Num mundo rotinado com a devastação e com a injustiça ouvimos cada vez menos o outro. Mais depressa ofendemos.Os autistas somos nós.

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