O Quatro: A perda de qualidades

04-10-2009
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Numa conversa entre Abdool Vakil, Presidente do Banco Efisa e Abílio Fernandes, membro da Assembleia Municipal de Évora, no Diário Económico:“Tive uma fase em que fui escuteiro! Fui escuteiro católico!”Abdool lembra-se bem: “Isso nos anos 60 e qualquer coisa, ainda na rua Castilho, quando morávamos lá. Depois, tu, de repente, mudaste outra vez e deixaste de acreditar”.“Nessa altura não foi uma opção do Partido Comunista”, lembra o amigo deputado, “foi uma opção natural da vida, porque eu só sou comunista desde 1976”.O que era antes?”, pergunto-lhe.“Era democrata”, responde o comunista.“Ainda és democrata!”, emenda-o rapidamente o amigo banqueiro.“Pois… era ‘só’ democrata”.“Ah, bom!”, Abdool faz um ar aliviado, entre risos…Enternecedor e respeitável, com o respeito que merecem todos os homens com vidas dedicados à causa pública, mesmo que com correntes de pensamento diferentes.Mas há também constrangimento quando escuto o esbracejar verbal do Dr. Abílio Fernandes nas sessões de Assembleia Municipal, sobretudo quando é grosseiro com quem não partilha da sua opinião, ultrapassando os limites do razoável.Ouço o desembrulhar de uma cartilha sem qualquer alcance político, a protestar verdades inverosímeis.Quem ouve cala por compaixão. Dos seus colegas de bancada reparo nos olhos baixos, noutros a incredulidade.O Dr. Abílio Fernandes não é um democrata. Pode já ter sido.


Numa conversa entre Abdool Vakil, Presidente do Banco Efisa e Abílio Fernandes, membro da Assembleia Municipal de Évora, no Diário Económico:“Tive uma fase em que fui escuteiro! Fui escuteiro católico!”Abdool lembra-se bem: “Isso nos anos 60 e qualquer coisa, ainda na rua Castilho, quando morávamos lá. Depois, tu, de repente, mudaste outra vez e deixaste de acreditar”.“Nessa altura não foi uma opção do Partido Comunista”, lembra o amigo deputado, “foi uma opção natural da vida, porque eu só sou comunista desde 1976”.O que era antes?”, pergunto-lhe.“Era democrata”, responde o comunista.“Ainda és democrata!”, emenda-o rapidamente o amigo banqueiro.“Pois… era ‘só’ democrata”.“Ah, bom!”, Abdool faz um ar aliviado, entre risos…Enternecedor e respeitável, com o respeito que merecem todos os homens com vidas dedicados à causa pública, mesmo que com correntes de pensamento diferentes.Mas há também constrangimento quando escuto o esbracejar verbal do Dr. Abílio Fernandes nas sessões de Assembleia Municipal, sobretudo quando é grosseiro com quem não partilha da sua opinião, ultrapassando os limites do razoável.Ouço o desembrulhar de uma cartilha sem qualquer alcance político, a protestar verdades inverosímeis.Quem ouve cala por compaixão. Dos seus colegas de bancada reparo nos olhos baixos, noutros a incredulidade.O Dr. Abílio Fernandes não é um democrata. Pode já ter sido.

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