Há um país em cujo parlamento têm assento vários partidos.Há um assunto em que todos estão de acordo e, apesar disso, nesse mesmo parlamento uma proposta sobre o assunto foi chumbada pelo partido com maior número de votos.Confusos?Deslinde-se, pois.Teresa Caeiro, do PP, partido que avançou com a proposta de prescrição de medicamentos em unidose, defendeu que “é inconcebível que, por falta de vontade política, uma medida justa que não penaliza ninguém e permite poupar dinheiro ao Estado e aos utentes” continue por concretizar.“Se os médicos passassem a prescrever em unidose seria um sucesso a todos os níveis: os consumidores só comprariam os medicamentos de que precisam e o Estado só comparticiparia o estritamente necessário para a cura”, sustentou.O PSD concorda mas realça que é necessário salvaguardar a segurança e informação dos doentes.Já o dirigente comunista, Bernardino Soares, asseverou que a dispensa de fármacos em unidoses "é um compromisso antigo que está por concretizar" face à "subserviência aos interesses da venda de medicamentos em excesso", protagonizados pela indústria.O Bloco de Esquerda só quer saber quais as razões políticas que impedem a aplicação efectiva de medidas já como esta.O socialista Manuel Pizarro lá foi replicando com a questão da “pura demagogia” porque antes de tudo aquilo era necessário experimentar e avaliar os resultados.O problema é que um estudo feito a meias pela Associação Nacional de Farmácias e Instituto da Qualidade em Saúde concluiu, por exemplo, que 21,7% dos comprimidos receitados não foram tomados e, em metade desses casos, por inadequação da dimensão das embalagens.A VALORMED, por seu turno, revelou que em 2006, graças a tudo isto, foram recuperadas 576 toneladas de fármacos fora de prazo; 82.000 contentores.São 5,83€ de desperdício em medicamentos por ano e por utente.Curioso é que o Governo de José Sócrates e Correia de Campos, em 2006, no “Compromisso para a Saúde”, se comprometeu a avançar com a promessa da distribuição de medicamentos em unidose.Governo esse nado e criado no seio de um PS que há um ano apresentou um projecto de resolução semelhante ao que ontem reprovou. Pondo-se aparentemente ao lado da APIFARMA.Os amigos do NOTAS que me desculpem, mas a gente vê isto e não pode deixar de se perguntar:- Anda tudo doido ou quê? Então em 2006 e 2007 o PS e o Governo comprometem-se com a distribuição de remédios em unidose e em 2008 votam contra? Porquê? Só por vir da oposição a proposta?- E, de facto, quando uma caixa traz 100 comprimidos e o clínico estima que o paciente só vai precisar de 40, porque se há-de estar a pagar e comparticipar os restantes 60?Já lá cantava o falecido António Variações, “ … toma o comprimido, toma o comprimido que isso passa …”.
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Há um país em cujo parlamento têm assento vários partidos.Há um assunto em que todos estão de acordo e, apesar disso, nesse mesmo parlamento uma proposta sobre o assunto foi chumbada pelo partido com maior número de votos.Confusos?Deslinde-se, pois.Teresa Caeiro, do PP, partido que avançou com a proposta de prescrição de medicamentos em unidose, defendeu que “é inconcebível que, por falta de vontade política, uma medida justa que não penaliza ninguém e permite poupar dinheiro ao Estado e aos utentes” continue por concretizar.“Se os médicos passassem a prescrever em unidose seria um sucesso a todos os níveis: os consumidores só comprariam os medicamentos de que precisam e o Estado só comparticiparia o estritamente necessário para a cura”, sustentou.O PSD concorda mas realça que é necessário salvaguardar a segurança e informação dos doentes.Já o dirigente comunista, Bernardino Soares, asseverou que a dispensa de fármacos em unidoses "é um compromisso antigo que está por concretizar" face à "subserviência aos interesses da venda de medicamentos em excesso", protagonizados pela indústria.O Bloco de Esquerda só quer saber quais as razões políticas que impedem a aplicação efectiva de medidas já como esta.O socialista Manuel Pizarro lá foi replicando com a questão da “pura demagogia” porque antes de tudo aquilo era necessário experimentar e avaliar os resultados.O problema é que um estudo feito a meias pela Associação Nacional de Farmácias e Instituto da Qualidade em Saúde concluiu, por exemplo, que 21,7% dos comprimidos receitados não foram tomados e, em metade desses casos, por inadequação da dimensão das embalagens.A VALORMED, por seu turno, revelou que em 2006, graças a tudo isto, foram recuperadas 576 toneladas de fármacos fora de prazo; 82.000 contentores.São 5,83€ de desperdício em medicamentos por ano e por utente.Curioso é que o Governo de José Sócrates e Correia de Campos, em 2006, no “Compromisso para a Saúde”, se comprometeu a avançar com a promessa da distribuição de medicamentos em unidose.Governo esse nado e criado no seio de um PS que há um ano apresentou um projecto de resolução semelhante ao que ontem reprovou. Pondo-se aparentemente ao lado da APIFARMA.Os amigos do NOTAS que me desculpem, mas a gente vê isto e não pode deixar de se perguntar:- Anda tudo doido ou quê? Então em 2006 e 2007 o PS e o Governo comprometem-se com a distribuição de remédios em unidose e em 2008 votam contra? Porquê? Só por vir da oposição a proposta?- E, de facto, quando uma caixa traz 100 comprimidos e o clínico estima que o paciente só vai precisar de 40, porque se há-de estar a pagar e comparticipar os restantes 60?Já lá cantava o falecido António Variações, “ … toma o comprimido, toma o comprimido que isso passa …”.