Manuel Pinho nunca foi conhecido por ser uma pessoa ponderada, ou por medir bem as suas palavras, por isso a sua atitude irreflectida nem destoa assim tanto do resto das suas intervenções como Ministro.Demite-se depois de uma cena "triste", "lamentável", "injustificável", "desprestigiante para o Parlamento". Mas acho que talvez mais triste tenha sido o aproveitamento político da situação que se seguiu, com o desfile de notável dos vários partidos da oposição a verem aqui um sinal de desnorte "dos membros do governo", diziam uns, outros menos "do governo", "reflectindo uma atitude de crispação típica do Primeiro-Ministro"*. Na minha opinião mais "triste", "lamentável", "injustificável" e "desprestigiante para o Parlamento" são estas afirmações, estas extrapolações, estas afirmações demagógicas que tentam vender gato por lebre, embrulhando tudo em psicologismo e dramatização.Aquilo que eu vi foi um Ministro a ter uma atitude de uma infantilidade ridícula. Quem é que se pode sentir ofendido quando alguém faz de touro à sua frente? Ele só se humilhou perante os deputados presentes e perante todos os portugueses! Isto merecia uma gargalhada geral, o Ministro corava, percebia o que tinha feito, o vídeo corria o Youtube e acabava aqui. Queremos mesmo dar cabo da vida de uma pessoa, que o Ministério da Economia fique a ter um Teixeira dos Santos em part-time, numa altura de crise como esta, por uma questão tão lateral como esta? Eu não gosto do Manuel Pinho, já não gostava, nunca me pareceu que ele estivesse à altura do que lhe era pedido, mas o senhor esforçava-se, andava a correr o país a tentar fazer com que as empresas não fechassem, a negociar com toda a gente, às vezes a prometer mais do que devia, outras a fazer declarações um pouco bizarras, mas nunca apareceu como uma pessoa perguiçosa, mal intencionada, desonesta ou mesmo totalmente incompetente. Se calhar estou a ser injusto, mas pareceu-me ser simplesmente um mediocre esforçado para um tempo em que isso não chegava.Erros todos os cometemos. Infantilidades todos as temos. Muitas vezes a única diferença é que não estão lá câmeras para nos apanhar e ser-se ou não Ministro parece-me aqui secundário. Se um executivo faz isto numa empresa a outro é despedido ou demite-se? Tenhamos a decência de tomar as coisas pelo que elas são e não pelo que gostariamos de fazer delas.*As palavras não pretendem ser exactas, mas a formulação foi mais ou menos esta.
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Manuel Pinho nunca foi conhecido por ser uma pessoa ponderada, ou por medir bem as suas palavras, por isso a sua atitude irreflectida nem destoa assim tanto do resto das suas intervenções como Ministro.Demite-se depois de uma cena "triste", "lamentável", "injustificável", "desprestigiante para o Parlamento". Mas acho que talvez mais triste tenha sido o aproveitamento político da situação que se seguiu, com o desfile de notável dos vários partidos da oposição a verem aqui um sinal de desnorte "dos membros do governo", diziam uns, outros menos "do governo", "reflectindo uma atitude de crispação típica do Primeiro-Ministro"*. Na minha opinião mais "triste", "lamentável", "injustificável" e "desprestigiante para o Parlamento" são estas afirmações, estas extrapolações, estas afirmações demagógicas que tentam vender gato por lebre, embrulhando tudo em psicologismo e dramatização.Aquilo que eu vi foi um Ministro a ter uma atitude de uma infantilidade ridícula. Quem é que se pode sentir ofendido quando alguém faz de touro à sua frente? Ele só se humilhou perante os deputados presentes e perante todos os portugueses! Isto merecia uma gargalhada geral, o Ministro corava, percebia o que tinha feito, o vídeo corria o Youtube e acabava aqui. Queremos mesmo dar cabo da vida de uma pessoa, que o Ministério da Economia fique a ter um Teixeira dos Santos em part-time, numa altura de crise como esta, por uma questão tão lateral como esta? Eu não gosto do Manuel Pinho, já não gostava, nunca me pareceu que ele estivesse à altura do que lhe era pedido, mas o senhor esforçava-se, andava a correr o país a tentar fazer com que as empresas não fechassem, a negociar com toda a gente, às vezes a prometer mais do que devia, outras a fazer declarações um pouco bizarras, mas nunca apareceu como uma pessoa perguiçosa, mal intencionada, desonesta ou mesmo totalmente incompetente. Se calhar estou a ser injusto, mas pareceu-me ser simplesmente um mediocre esforçado para um tempo em que isso não chegava.Erros todos os cometemos. Infantilidades todos as temos. Muitas vezes a única diferença é que não estão lá câmeras para nos apanhar e ser-se ou não Ministro parece-me aqui secundário. Se um executivo faz isto numa empresa a outro é despedido ou demite-se? Tenhamos a decência de tomar as coisas pelo que elas são e não pelo que gostariamos de fazer delas.*As palavras não pretendem ser exactas, mas a formulação foi mais ou menos esta.