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24-07-2005
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Julgo não proceder de forma incorrecta ao tornar públicas algumas das nossas discussões privadas. No caso vertente, da destruição, porque é de destruição que se trata, do Convento dos Inglesinhos, penso até que pode ter algum proveito para quem nos lê a exposição das nossas razões.Não pretendo, nem nunca pretendi, fazer da defesa daquela peça arquitectónica cavalo de batalha ideológico. Bem sabes que me é indiferente se alguém é de esquerda ou de direita. Não me é indiferente é a medida de barbárie ou ignorância que exibam. Esta tem sido a regra dos meus afectos, se é que para isso existe regra.Pretendes que a defesa do Convento dos Inglesinhos seja um capricho de “designers, artistas, arquitectos e malta fashion, que quer viver no Bairro Alto” e defendes que a prossecução das obras promovidas pelo Grupo Amorim fará com que mais gente habite o Bairro Alto. A tua argumentação é quase refúgio de Valentins Loureiros e sumidades afins. Confundes Cidade com Ideologia. E neste caso é manifestamente errado essa lógica.Tal como tu também defendo as pessoas. As pessoas em primeiro lugar.Tal como tu também me estou a borrifar para as gravuras do Côa e para a casa do Almeida Garrett. Apenas porque num deve e haver, as pessoas ficam a perder mais do que a ganhar com a preservação destas, que não ostentam particular interesse.A questão do Convento dos Inglesinhos completamente diferente. Insere-se num contexto de cidade, onde é, de há séculos, presença marcante. Traço forte daquela zona da cidade. Incomparável ao exemplo que dás da casa onde habitou Almeida Garrett na Rua Saraiva de Carvalho.Não sou particular defensor da preservação de tudo o que seja pedra a todo o custo. Bem pelo contrário, apoio-me numa perspectiva de que o património é coisa viva e mais viva é se for mexido, habitado, utilizado. Amado.Não discuto estéticas. Sei que o projecto de arquitectura elaborado para ali contempla a destruição de tudo, excepto da Igreja. Talvez num acesso de piedade cristã o arquitecto e o promotor tenham deixado ficar a Igreja.A boçalidade ostensiva desta forma de fazer cidade é o que mais choca.Também estou de acordo quando dizes que “só agora é que acordaram para este problema”. Basta passearmos por este país fora para verificarmos e sofrermos com as porcarias que se vão fazendo por aí. Mas não é pela acção da política autárquica que lá vamos. É pela nossa acção. De todos os cidadãos.Interrogas-te porque é que um transmontano terá de pagar com o dinheiro dos seu impostos a recuperação do Convento dos Inglesinhos, dentro da famosa lógica do utilizador/pagador. Mas porque é que será que não compreendes que há inúmeras formas de encontrar soluções (programáticas e financeiras) para aquele lugar? (É bem verdade que as engenharias financeiras dão sempre em contabilidade criativa neste torrão, nesse ponto encostamo-nos à sombra do mesmo cepticismo.)Mas o que importa, para a defesa daquele bocado de cidade, é que ela seja recuperada para todos. Para nós todos. E tanto me faz que sejam ricos ou pobres. Isso não é argumento. Ou é apenas a tua tentativa de colocar deste lado os argumentos da esquerda mais labrega á la Jerónimo de Sousa ou Bernardino Soares. Não quero que se repita o nojo exemplar que foi feito no Palácio Sottomayor na Av. Fontes Pereira de Melo, (ou concordas com aquilo?!). Quero lá saber de direita ou esquerda, de ricos ou pobres... o que importa é a cidade. Um pouco à laia daquele naïve cooperante da herdade da Torre que me pleno PREC afirmou que a enxada não era dele nem do outro. Era da cooperativa. Era de todos.Não é essa utopia, porque não dou para o saco de esmola da utopia. É apenas desejo que a Cidade seja de todos. Que continue o seu movimento complexo, teia de vidas e existências, pelo tempo fora.

Julgo não proceder de forma incorrecta ao tornar públicas algumas das nossas discussões privadas. No caso vertente, da destruição, porque é de destruição que se trata, do Convento dos Inglesinhos, penso até que pode ter algum proveito para quem nos lê a exposição das nossas razões.Não pretendo, nem nunca pretendi, fazer da defesa daquela peça arquitectónica cavalo de batalha ideológico. Bem sabes que me é indiferente se alguém é de esquerda ou de direita. Não me é indiferente é a medida de barbárie ou ignorância que exibam. Esta tem sido a regra dos meus afectos, se é que para isso existe regra.Pretendes que a defesa do Convento dos Inglesinhos seja um capricho de “designers, artistas, arquitectos e malta fashion, que quer viver no Bairro Alto” e defendes que a prossecução das obras promovidas pelo Grupo Amorim fará com que mais gente habite o Bairro Alto. A tua argumentação é quase refúgio de Valentins Loureiros e sumidades afins. Confundes Cidade com Ideologia. E neste caso é manifestamente errado essa lógica.Tal como tu também defendo as pessoas. As pessoas em primeiro lugar.Tal como tu também me estou a borrifar para as gravuras do Côa e para a casa do Almeida Garrett. Apenas porque num deve e haver, as pessoas ficam a perder mais do que a ganhar com a preservação destas, que não ostentam particular interesse.A questão do Convento dos Inglesinhos completamente diferente. Insere-se num contexto de cidade, onde é, de há séculos, presença marcante. Traço forte daquela zona da cidade. Incomparável ao exemplo que dás da casa onde habitou Almeida Garrett na Rua Saraiva de Carvalho.Não sou particular defensor da preservação de tudo o que seja pedra a todo o custo. Bem pelo contrário, apoio-me numa perspectiva de que o património é coisa viva e mais viva é se for mexido, habitado, utilizado. Amado.Não discuto estéticas. Sei que o projecto de arquitectura elaborado para ali contempla a destruição de tudo, excepto da Igreja. Talvez num acesso de piedade cristã o arquitecto e o promotor tenham deixado ficar a Igreja.A boçalidade ostensiva desta forma de fazer cidade é o que mais choca.Também estou de acordo quando dizes que “só agora é que acordaram para este problema”. Basta passearmos por este país fora para verificarmos e sofrermos com as porcarias que se vão fazendo por aí. Mas não é pela acção da política autárquica que lá vamos. É pela nossa acção. De todos os cidadãos.Interrogas-te porque é que um transmontano terá de pagar com o dinheiro dos seu impostos a recuperação do Convento dos Inglesinhos, dentro da famosa lógica do utilizador/pagador. Mas porque é que será que não compreendes que há inúmeras formas de encontrar soluções (programáticas e financeiras) para aquele lugar? (É bem verdade que as engenharias financeiras dão sempre em contabilidade criativa neste torrão, nesse ponto encostamo-nos à sombra do mesmo cepticismo.)Mas o que importa, para a defesa daquele bocado de cidade, é que ela seja recuperada para todos. Para nós todos. E tanto me faz que sejam ricos ou pobres. Isso não é argumento. Ou é apenas a tua tentativa de colocar deste lado os argumentos da esquerda mais labrega á la Jerónimo de Sousa ou Bernardino Soares. Não quero que se repita o nojo exemplar que foi feito no Palácio Sottomayor na Av. Fontes Pereira de Melo, (ou concordas com aquilo?!). Quero lá saber de direita ou esquerda, de ricos ou pobres... o que importa é a cidade. Um pouco à laia daquele naïve cooperante da herdade da Torre que me pleno PREC afirmou que a enxada não era dele nem do outro. Era da cooperativa. Era de todos.Não é essa utopia, porque não dou para o saco de esmola da utopia. É apenas desejo que a Cidade seja de todos. Que continue o seu movimento complexo, teia de vidas e existências, pelo tempo fora.

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