O Aprendiz: Onde estão as ideologias?

24-05-2005
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O Público de hoje fez-me reflectir na questão da aparente (ou talvez não!) inexistência de ideologias na politica, principalmente entre os partidos que alternam no poder. O artigo da Historiadora Maria Filomena Mónica merece várias considerações da minha parte.Primeiro que tudo, eu não vivi o 25 de Abril (só tenho 20 anos), não senti o fervor ao ver as tropas no Largo do Carmo e as pessoas a festejar, com uma verdadeira liberdade de expressão e de opinião. No entanto tenho lido alguns livros acerca disso e as mudanças trazidas pela Revolução foram muitas. Nessa altura estava na moda por assim dizer a adesão a partidos de Esquerda, pois o Estado Novo tinha gerado essas clivagens. Imagine-se pois Durão Barroso como acérrimo apoiante do MRPP, um partido de extrema esquerda, a retirar mobilia da Faculdade de Direito de Lisboa para a sede do partido, essa eu gostava de ter visto, quem tiver fotos envie!Mas enfim, também foram cometidos excessos após a Revolução, como por exemplo o excessivo movimento de nacionalizações que tornou muitissimo pesado o Sector Público do Estado. Também não nos podemos esquecer dos numerososo produtores que foram autenticamente expulsos das suas terras, só porque eram proprietários (legitimos). Fico então bastante satisfeito com a alteração legislativa que aboliu a norma em que se admitia a irreversibilidade das nacionalizações, foram tempos quentes, sem duvida nenhuma.Mas após este salto ao passado, é importante analisar o que se passa hoje, como são escolhidos os candidatos, será que se apoia uma ideologia ou antes o aspecto fisico, a aura emanada do candidato? Temo que a segunda se sobreponha à primeira. Quem tem melhor relação com as câmeras de televisão, quem tem melhor ar, fica com o lugar. Por isso não me admira nada ver Paulo Portas no sitio onde está, bem como Santana Lopes, são dois exemplos de pessoas que sabem piscar o olho para a câmera. Hoje em dia é portanto fundamental que isso aconteça, Sócrates ganhará sem duvida no PS, O BE tem Louçã à cabeça dando a ideia de intelectual, aquele que tem resposta para todos os problemas, muitissmo culto, o moralista e que merecia estar na chefia do barco e o PCP nem com Bernardino Soares lá vai, a imagem do Partido Comunista está muito gasta, talvez uma mudança de fundo resolvesse alguns problemas mais prementes...E no meio disto tudo, onde está a ideologia? Onde estão aqueles ideais que eram transmitidos ao eleitorado? Na minha opinião perderam-se, ou melhor, não se perderam, as pessoas têm é receio de os transmitirem. Todos sabemos que o PP é um partido firme de Direita, mas não anda a dizer isso em todas as intervenções. O segredo é este: ganha-se as eleições, instalam-se no poder e esquece-se parte do programa, cede-se a pressões vindas de todas as partes, pratica-se o politicamente correcto, o discurso cinzento e vazio de ideias e pronto, aí temos um partido moderno no poder! O importante é garantir o apoio dos votantes do centro, aqueles que se assustam quando se fala em partidos de Direita ou de Esquerda, de Centro é que é! Mas não deveria ser assim. Já vivemos numa era em que quando alguém vai votar diz assim para a outra: Olha lá, sempre vais votar naquele que costumavas ver nas festas? e a outra: Não, nem pensar! vou votar naquele que diz que é um animal feroz, e já agora, ele veste-se tão bem, que charme...A ignorância reina, as pessoas não têm vontade nenhuma de procurar mais além, ficam-se por aquilo que vêem, seja bom ou mau. Se calhar é só impressão minha, mas será que a RTP não arranjava ninguém mais capaz para comentar os assuntos do dia do que Sócrates e Santana Lopes? Estavam muitas vezes de acordo e quando não estavam variavam em pequenissimos pormenores, não aguentava e tinha que mudar de canal...e já agora um pormenor, eles são de partidos diferentes (para o caso de não terem reparado). Este país anda mal. E estou apenas a ser realista, se quisesse ser alarmista diria algo muito pior, mas não faz o meu género.

O Público de hoje fez-me reflectir na questão da aparente (ou talvez não!) inexistência de ideologias na politica, principalmente entre os partidos que alternam no poder. O artigo da Historiadora Maria Filomena Mónica merece várias considerações da minha parte.Primeiro que tudo, eu não vivi o 25 de Abril (só tenho 20 anos), não senti o fervor ao ver as tropas no Largo do Carmo e as pessoas a festejar, com uma verdadeira liberdade de expressão e de opinião. No entanto tenho lido alguns livros acerca disso e as mudanças trazidas pela Revolução foram muitas. Nessa altura estava na moda por assim dizer a adesão a partidos de Esquerda, pois o Estado Novo tinha gerado essas clivagens. Imagine-se pois Durão Barroso como acérrimo apoiante do MRPP, um partido de extrema esquerda, a retirar mobilia da Faculdade de Direito de Lisboa para a sede do partido, essa eu gostava de ter visto, quem tiver fotos envie!Mas enfim, também foram cometidos excessos após a Revolução, como por exemplo o excessivo movimento de nacionalizações que tornou muitissimo pesado o Sector Público do Estado. Também não nos podemos esquecer dos numerososo produtores que foram autenticamente expulsos das suas terras, só porque eram proprietários (legitimos). Fico então bastante satisfeito com a alteração legislativa que aboliu a norma em que se admitia a irreversibilidade das nacionalizações, foram tempos quentes, sem duvida nenhuma.Mas após este salto ao passado, é importante analisar o que se passa hoje, como são escolhidos os candidatos, será que se apoia uma ideologia ou antes o aspecto fisico, a aura emanada do candidato? Temo que a segunda se sobreponha à primeira. Quem tem melhor relação com as câmeras de televisão, quem tem melhor ar, fica com o lugar. Por isso não me admira nada ver Paulo Portas no sitio onde está, bem como Santana Lopes, são dois exemplos de pessoas que sabem piscar o olho para a câmera. Hoje em dia é portanto fundamental que isso aconteça, Sócrates ganhará sem duvida no PS, O BE tem Louçã à cabeça dando a ideia de intelectual, aquele que tem resposta para todos os problemas, muitissmo culto, o moralista e que merecia estar na chefia do barco e o PCP nem com Bernardino Soares lá vai, a imagem do Partido Comunista está muito gasta, talvez uma mudança de fundo resolvesse alguns problemas mais prementes...E no meio disto tudo, onde está a ideologia? Onde estão aqueles ideais que eram transmitidos ao eleitorado? Na minha opinião perderam-se, ou melhor, não se perderam, as pessoas têm é receio de os transmitirem. Todos sabemos que o PP é um partido firme de Direita, mas não anda a dizer isso em todas as intervenções. O segredo é este: ganha-se as eleições, instalam-se no poder e esquece-se parte do programa, cede-se a pressões vindas de todas as partes, pratica-se o politicamente correcto, o discurso cinzento e vazio de ideias e pronto, aí temos um partido moderno no poder! O importante é garantir o apoio dos votantes do centro, aqueles que se assustam quando se fala em partidos de Direita ou de Esquerda, de Centro é que é! Mas não deveria ser assim. Já vivemos numa era em que quando alguém vai votar diz assim para a outra: Olha lá, sempre vais votar naquele que costumavas ver nas festas? e a outra: Não, nem pensar! vou votar naquele que diz que é um animal feroz, e já agora, ele veste-se tão bem, que charme...A ignorância reina, as pessoas não têm vontade nenhuma de procurar mais além, ficam-se por aquilo que vêem, seja bom ou mau. Se calhar é só impressão minha, mas será que a RTP não arranjava ninguém mais capaz para comentar os assuntos do dia do que Sócrates e Santana Lopes? Estavam muitas vezes de acordo e quando não estavam variavam em pequenissimos pormenores, não aguentava e tinha que mudar de canal...e já agora um pormenor, eles são de partidos diferentes (para o caso de não terem reparado). Este país anda mal. E estou apenas a ser realista, se quisesse ser alarmista diria algo muito pior, mas não faz o meu género.

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