O nascer do Sol: pieguice fatela

01-10-2009
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Os Beatles meditaram em Rishikesh e cantaram a apelar à paz mundial com letras bonitas. O próprio John Lennon podia fazer letras em que se repetia à exaustão "all we are saying, is guive peace a chance", da mesma forma que Zeca Afonso podia fazer letras assim, ingénuas e boas. Contudo, é muito fácil desmascarar quaisquer boas intenções e encher mais um pouco o Inferno.A estética nazi apaixonou muito fugazmente personagens como David Bowie porque era politicamente incorrecta e desafiadora. A suástica fez parte do vestuário punk de Sid Vicious ou dos Stooges.Aqui, Vivianne Westwood, a estilista inglesa que criou a estética punk dos Sex PistolsA linguagem pop não nos exige qualquer tipo de compromisso e por isso é tão boa e digo-o como apaixonado da pop. Quando alguém escolhe apresentar-se como um niilista que quer que a própria vida se foda, é impossível apontar-lhe as incoerências das boas intenções, torna-se um super-homem e isso é extraordinariamente tentador. E fixe quando é uma estrela pop (menos fixe quando é um bombista suicida)O intelectual-politicamente-incorrecto-anglófilo contemporâneo de Portugal (face à velha norma intelectual de esquerda) tem como arquétipos o Miguel Esteves Cardoso e o Vasco Pulido Valente e depois, uma seita de seguidores. Talvez o mais extremo e mau seja João Pereira Coutinho, personagem que para mim, desde o primeiro texto ao último, é absolutamente sinistra e desprovida de qualquer tipo de interesse.Os descendentes mostram cagufa de serem tomados por piegas e fatelas. Abusam da ironia e do estoicismo. Na política, tomam quase sempre o partido da necessidade que as circunstâncias exigem em deterimento de uma atitude que os possa confundir com pessoas banais, feridas de moral, que se preocupam com as mesmas coisas banais e estúpidas de sempre, como pobreza, guerra ou a ecologia. E onde o Miguel ou o Vasco podem criticar as boas intenções abstractas (defendendo o agir localmente e o concreto) os outros querem que tudo isto se foda porque essas são as velhas causas, os clichés patuscos e batidos e a causa deles é combater o velho Portugal sorumbático, importar um novo mais moderno, vindo direitinho de inglaterra.Já é sobejamente conhecida a minha medida de qualidade sobre um texto de alguém: Quanto, numa escala de 0 a 10, é que me apetece tomar um copo e conversar com o gajo que escreveu isto? O Miguel e o Vasco teriam 10 pelo simples facto de gostarem de beber. Pelo meio, oscilam muitos, às vezes gosto, às vezes não, tal como nos outros, os de esquerda. Mas que nota dar, no fim, a quem nunca parece pedir para trazer um amigo eu também? Resume-se a isto, o meu sentido crítico*: uma pieguice fatela e um desejo de comunhão com os meus semelhantes.*Tinha dito aqui "de esquerda" mas corrigi, porque não consigo ainda generalizar tanto a esquerda e a direita. Basta-me pensar em certas personagens de esquerda, como Fernando Rosas e Daniel Oliveira. Aliás, exceptuando Miguel Portas e a Joana Amaral (esta por outros motivos) não conseguia pensar num grupo de pessoas com quem tivesse menos vontade de beber um copo. Bom, talvez aquele tipo do PCP que nunca foi criança, o Bernardino Soares, brrr e também o outro do PS, o António José Seguro e o outro do...

Os Beatles meditaram em Rishikesh e cantaram a apelar à paz mundial com letras bonitas. O próprio John Lennon podia fazer letras em que se repetia à exaustão "all we are saying, is guive peace a chance", da mesma forma que Zeca Afonso podia fazer letras assim, ingénuas e boas. Contudo, é muito fácil desmascarar quaisquer boas intenções e encher mais um pouco o Inferno.A estética nazi apaixonou muito fugazmente personagens como David Bowie porque era politicamente incorrecta e desafiadora. A suástica fez parte do vestuário punk de Sid Vicious ou dos Stooges.Aqui, Vivianne Westwood, a estilista inglesa que criou a estética punk dos Sex PistolsA linguagem pop não nos exige qualquer tipo de compromisso e por isso é tão boa e digo-o como apaixonado da pop. Quando alguém escolhe apresentar-se como um niilista que quer que a própria vida se foda, é impossível apontar-lhe as incoerências das boas intenções, torna-se um super-homem e isso é extraordinariamente tentador. E fixe quando é uma estrela pop (menos fixe quando é um bombista suicida)O intelectual-politicamente-incorrecto-anglófilo contemporâneo de Portugal (face à velha norma intelectual de esquerda) tem como arquétipos o Miguel Esteves Cardoso e o Vasco Pulido Valente e depois, uma seita de seguidores. Talvez o mais extremo e mau seja João Pereira Coutinho, personagem que para mim, desde o primeiro texto ao último, é absolutamente sinistra e desprovida de qualquer tipo de interesse.Os descendentes mostram cagufa de serem tomados por piegas e fatelas. Abusam da ironia e do estoicismo. Na política, tomam quase sempre o partido da necessidade que as circunstâncias exigem em deterimento de uma atitude que os possa confundir com pessoas banais, feridas de moral, que se preocupam com as mesmas coisas banais e estúpidas de sempre, como pobreza, guerra ou a ecologia. E onde o Miguel ou o Vasco podem criticar as boas intenções abstractas (defendendo o agir localmente e o concreto) os outros querem que tudo isto se foda porque essas são as velhas causas, os clichés patuscos e batidos e a causa deles é combater o velho Portugal sorumbático, importar um novo mais moderno, vindo direitinho de inglaterra.Já é sobejamente conhecida a minha medida de qualidade sobre um texto de alguém: Quanto, numa escala de 0 a 10, é que me apetece tomar um copo e conversar com o gajo que escreveu isto? O Miguel e o Vasco teriam 10 pelo simples facto de gostarem de beber. Pelo meio, oscilam muitos, às vezes gosto, às vezes não, tal como nos outros, os de esquerda. Mas que nota dar, no fim, a quem nunca parece pedir para trazer um amigo eu também? Resume-se a isto, o meu sentido crítico*: uma pieguice fatela e um desejo de comunhão com os meus semelhantes.*Tinha dito aqui "de esquerda" mas corrigi, porque não consigo ainda generalizar tanto a esquerda e a direita. Basta-me pensar em certas personagens de esquerda, como Fernando Rosas e Daniel Oliveira. Aliás, exceptuando Miguel Portas e a Joana Amaral (esta por outros motivos) não conseguia pensar num grupo de pessoas com quem tivesse menos vontade de beber um copo. Bom, talvez aquele tipo do PCP que nunca foi criança, o Bernardino Soares, brrr e também o outro do PS, o António José Seguro e o outro do...

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