Aqui ha uns tempos estive a beber umas minis com dois professores do meu tempo.'E daquelas vantagens das terras pequenas. A professora Ilda ensinou-me portugues por volta do nono ano , ja nao me lembro durante quantos, o prof Fatal dava portugues e latim e era um sindicalista militante , ate guiava uma carrinha de 9 lugares , dizia-se, para poder levar pessoal para as manifs e reunioes sindicais .Ambos claramente de esquerda , que por exemplo pararam as aulas na nossa escola no dia em que morreu o Zeca Afonso e fizeram-nos todos passar umas horas a ver videos e a tentar fazer-nos perceber que aquele homem foi importante.20 anos depois eles sao os primeiros a admitir que estao cada vez mais e mais conservadores .'E daqueles fenomenos reconhecidos, aos 20 e aos 30 pode-se ser "revolucionario" , mas depois cresce-se...nao sei. Quis saber a opiniao deles , primeiro sobre a nossa escola , que felizmente continua "boa".Isto para mim quer dizer que 'e uma escola sem grandes problemas nem dramas , uma comunidade que se entende e professores , alunos e outros funcionarios que em geral vao fazendo o seu trabalho , bem dentro ou ate talvez um pouco acima da media nacional. E a questao principal , ja em Novembro , que punha os sindicatos em transe , era a da avaliacao dos professores. Estes meus dois ex professores , que ha 20 anos e cheios de sangue na guelra seriam contra, hoje , com 30 anos de educacao e 50 de experiencia das coisas, acham que esta avaliacao 'e fundamental e desesperam por ninguem se entender sobre isto. Andei a ver a imprensa e alguns blogs sobre as actuais manifs.Infelizmente os pormenores da discussao nunca nos chegam , porque os manifestantes dizem e reclamam coisas tao ambiguas como "Pela dignidade da carreira docente" ou pedem a demissao da ministra.E sem surpresas,a "marcha da indignacao" parou frente a sede do PCP para receber a bencao . Ah, a independencia dos sindicatos , podemos sempre contar com ela.Do lado do governo , Augusto Santos Silva , figura que nas ultimas presidenciais nos avisava que o Cavaco ia dar um golpe de estado constitucional e que a propria democracia estava em perigo , agora perante estas manifs vem dizer que quem as promove "nao distingue entre Salazar e os democratas" e dizer como se fosse uma acusacao seria que "nem lutaram contra o fascismo".Este homem nao existe. E eu pensava que professores seriam capazes de expor melhor o problema sem cair em vacuidades ou dogmatismos e que seriam capazes de clarificar as reivindicacoes e criticas que fazem ao governo e apresentar alternativas crediveis.E parece-me que se nao se resolvia o no' da educacao em Portugal pelo menos podia-se dar um passo nesse sentido se os sindicatos e outras organizacoes reconhecessem que 'e fundamental avaliar os professores e o governo reconhecesse que sem acabar com a precaridade e instabilidade da posicao de milhares de professores estes nunca vao poder fazer um bom trabalho. Nao sei como 'e possivel um governo nao esclarecer e explicar se esta ou nao a trabalhar para acabar com a incongruencia de colocar um professor em Mogadouro este ano e em Ponta Delgada no proximo , um contrato de cada vez, e nao sei como 'e possivel as agremiacoes de professores nao admitirem que o desempenho precisa de ser avaliado , e com consequencias.Podia dizer que nao sendo professor nem tendo filhos isto 'e guerra que nao me interessa , mas toda a gente sabe que 'e na educacao que se ganha ou perde o futuro dos paises. Com o atraso de decadas que ainda levamos , ou esta confusao e acrimonia toda da' finalmente num plano e num consenso para melhorar as coisas , ou mais vale abandonarmos de vez toda e qualquer esperanca de futura convergencia com o resto do mundo desenvolvido.
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Aqui ha uns tempos estive a beber umas minis com dois professores do meu tempo.'E daquelas vantagens das terras pequenas. A professora Ilda ensinou-me portugues por volta do nono ano , ja nao me lembro durante quantos, o prof Fatal dava portugues e latim e era um sindicalista militante , ate guiava uma carrinha de 9 lugares , dizia-se, para poder levar pessoal para as manifs e reunioes sindicais .Ambos claramente de esquerda , que por exemplo pararam as aulas na nossa escola no dia em que morreu o Zeca Afonso e fizeram-nos todos passar umas horas a ver videos e a tentar fazer-nos perceber que aquele homem foi importante.20 anos depois eles sao os primeiros a admitir que estao cada vez mais e mais conservadores .'E daqueles fenomenos reconhecidos, aos 20 e aos 30 pode-se ser "revolucionario" , mas depois cresce-se...nao sei. Quis saber a opiniao deles , primeiro sobre a nossa escola , que felizmente continua "boa".Isto para mim quer dizer que 'e uma escola sem grandes problemas nem dramas , uma comunidade que se entende e professores , alunos e outros funcionarios que em geral vao fazendo o seu trabalho , bem dentro ou ate talvez um pouco acima da media nacional. E a questao principal , ja em Novembro , que punha os sindicatos em transe , era a da avaliacao dos professores. Estes meus dois ex professores , que ha 20 anos e cheios de sangue na guelra seriam contra, hoje , com 30 anos de educacao e 50 de experiencia das coisas, acham que esta avaliacao 'e fundamental e desesperam por ninguem se entender sobre isto. Andei a ver a imprensa e alguns blogs sobre as actuais manifs.Infelizmente os pormenores da discussao nunca nos chegam , porque os manifestantes dizem e reclamam coisas tao ambiguas como "Pela dignidade da carreira docente" ou pedem a demissao da ministra.E sem surpresas,a "marcha da indignacao" parou frente a sede do PCP para receber a bencao . Ah, a independencia dos sindicatos , podemos sempre contar com ela.Do lado do governo , Augusto Santos Silva , figura que nas ultimas presidenciais nos avisava que o Cavaco ia dar um golpe de estado constitucional e que a propria democracia estava em perigo , agora perante estas manifs vem dizer que quem as promove "nao distingue entre Salazar e os democratas" e dizer como se fosse uma acusacao seria que "nem lutaram contra o fascismo".Este homem nao existe. E eu pensava que professores seriam capazes de expor melhor o problema sem cair em vacuidades ou dogmatismos e que seriam capazes de clarificar as reivindicacoes e criticas que fazem ao governo e apresentar alternativas crediveis.E parece-me que se nao se resolvia o no' da educacao em Portugal pelo menos podia-se dar um passo nesse sentido se os sindicatos e outras organizacoes reconhecessem que 'e fundamental avaliar os professores e o governo reconhecesse que sem acabar com a precaridade e instabilidade da posicao de milhares de professores estes nunca vao poder fazer um bom trabalho. Nao sei como 'e possivel um governo nao esclarecer e explicar se esta ou nao a trabalhar para acabar com a incongruencia de colocar um professor em Mogadouro este ano e em Ponta Delgada no proximo , um contrato de cada vez, e nao sei como 'e possivel as agremiacoes de professores nao admitirem que o desempenho precisa de ser avaliado , e com consequencias.Podia dizer que nao sendo professor nem tendo filhos isto 'e guerra que nao me interessa , mas toda a gente sabe que 'e na educacao que se ganha ou perde o futuro dos paises. Com o atraso de decadas que ainda levamos , ou esta confusao e acrimonia toda da' finalmente num plano e num consenso para melhorar as coisas , ou mais vale abandonarmos de vez toda e qualquer esperanca de futura convergencia com o resto do mundo desenvolvido.