O Cachimbo de Magritte: God bless you, camaradas (once more)

30-09-2009
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Uma coisa tenho que reconhecer: se não fossem Sarah Palin e Palmira Silva, as eleições americanas seriam uma seca. Antes de ambas chegarem, o frisson limitava-se ao passado heróico de McCain e às viagens europeias de Obama. Depois, eis que temos de repente adolescentes grávidas, filhos secretos, perseguições a inimigos, favores a amigos, Deus e o Iraque, a Criação em sete dias, obstrução da justiça, superstição, obscurantismo, guerra com a Rússia, emails violados - e muito mais. Tanto que a Dra. Palmira Silva, quase sempre recluída às frias alturas da ciência, se sentiu obrigada a descer a este mundo para iluminar os cafres sobre a infernal essência dos republicanos. Ainda que os cafres, ingratos, teimem em não fazer penitência por adorarem ídolos com pés de gelo. A Dra. Palmira, munida da sua fé na redenção dos cafres, não desiste. Acumula provas da existência, não de Deus, mas do mal encarnado no Fausto McCain e na Sarah Mefistófeles que fariam a inveja de um inquisidor alemão. Agora descobriu que o candidato republicano não sabe quem é Zapatero. Valha-nos Deus...Eu podia lembrar-lhe que Bush também não sabia quem era o Presidente do Paquistão alguns meses antes de chegar à Casa Branca. O que não o impediu de ganhar as eleições e de ser reeleito para um segundo mandato. Os americanos, apesar da estranha mania de chumbar políticos com mais de uma cama, são notoriamente pouco exigentes em matéria de geografia. O Luís já deu o nome certo a esta indignação: provincianismo. A Dra. Palmira, sempre tão atenta aos pecados da "direita religiosa", talvez não saiba afinal de que religião está a falar. A da "evangélica" Palin não é a do metodista Bush. A da presbiteriana Condoleezza Rice não é a do mórmon Mitt Romney. Tanto faz. Para a Dra. Palmira, vão todos para o inferno. Onde provavelmente nunca se cruzarão com o Sr. Zapatero.


Uma coisa tenho que reconhecer: se não fossem Sarah Palin e Palmira Silva, as eleições americanas seriam uma seca. Antes de ambas chegarem, o frisson limitava-se ao passado heróico de McCain e às viagens europeias de Obama. Depois, eis que temos de repente adolescentes grávidas, filhos secretos, perseguições a inimigos, favores a amigos, Deus e o Iraque, a Criação em sete dias, obstrução da justiça, superstição, obscurantismo, guerra com a Rússia, emails violados - e muito mais. Tanto que a Dra. Palmira Silva, quase sempre recluída às frias alturas da ciência, se sentiu obrigada a descer a este mundo para iluminar os cafres sobre a infernal essência dos republicanos. Ainda que os cafres, ingratos, teimem em não fazer penitência por adorarem ídolos com pés de gelo. A Dra. Palmira, munida da sua fé na redenção dos cafres, não desiste. Acumula provas da existência, não de Deus, mas do mal encarnado no Fausto McCain e na Sarah Mefistófeles que fariam a inveja de um inquisidor alemão. Agora descobriu que o candidato republicano não sabe quem é Zapatero. Valha-nos Deus...Eu podia lembrar-lhe que Bush também não sabia quem era o Presidente do Paquistão alguns meses antes de chegar à Casa Branca. O que não o impediu de ganhar as eleições e de ser reeleito para um segundo mandato. Os americanos, apesar da estranha mania de chumbar políticos com mais de uma cama, são notoriamente pouco exigentes em matéria de geografia. O Luís já deu o nome certo a esta indignação: provincianismo. A Dra. Palmira, sempre tão atenta aos pecados da "direita religiosa", talvez não saiba afinal de que religião está a falar. A da "evangélica" Palin não é a do metodista Bush. A da presbiteriana Condoleezza Rice não é a do mórmon Mitt Romney. Tanto faz. Para a Dra. Palmira, vão todos para o inferno. Onde provavelmente nunca se cruzarão com o Sr. Zapatero.

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