Bem Comum

07-10-2009
marcar artigo

Exmo. Senhor Ministro dos Assuntos Parlamentares Dr. Augusto Santos Silva, Em declarações feitas na televisão e na imprensa, o Senhor Ministro tem defendido que o serviço público de rádio e de televisão deve contar com a intervenção crítica dos cidadãos. Ora é justamente isso que eu e outros ouvintes da rádio pública temos feito mas, infelizmente, tanto a direcção de programas da Antena 1 como a administração da RDP parecem não estar de acordo com o Senhor Ministro, já que as sugestões e propostas construtivas que vimos apresentando não têm obtido a menor receptividade. Nesta conformidade, não me resta outra alternativa que vir mais uma vez interceder junto de V. Exa., aproveitando o ensejo para lhe fornecer elementos que complementem a carta que lhe enviei em 03 de Junho de 2005. Dos escassos programas da Antena 1 que se podem considerar serviço público, o “Lugar ao Sul” é indubitavelmente um deles. Mas apesar desta evidência a que acresce o facto do programa ter uma audiência vasta e heterogénea em todo o país e em diversos estratos sócio-culturais, o programa foi inexplicavelmente relegado para um horário esconso que torna impraticável a sua audição por muitos ouvintes interessados. De acordo com o que consta no site da Rádio e Televisão de Portugal, e depois de um interregno para férias, o programa voltará à antena no dia 03 de Setembro, a partir das 07 horas da manhã. Com efeito, trata-se de um horário inconcebível para um programa de autor com a qualidade que lhe é reconhecida. Quando tal alteração foi arbitrariamente praticada, foram muitas as reclamações e protestos, quer por telefone quer por escrito, que chegaram à Antena 1, mas a verdade é que a direcção da Antena 1 bem como a administração da RDP primaram (e continuam a primar) por uma prepotência e autismo de todo inadmissíveis numa rádio pública. Friso bem a expressão ‘rádio pública’ porque se trata de uma estação que é financiada por todos os portugueses através da taxa de radiodifusão (agora denominada contribuição do audiovisual) cobrada mensalmente na factura da electricidade e também através dos impostos pois a Rádio e Televisão de Portugal recebe anualmente uma dotação do Orçamento de Estado ao abrigo do contrato de concessão de serviço público. Sendo ouvinte assíduo do programa, escusado será dizer que fiquei imensamente revoltado e indignado com a descabida e desajustada decisão da direcção da RDP-Antena 1, e que revela não só uma grande má-fé para com o grande profissional que é Rafael Correia mas também – e ainda pior - um inadmissível falta de respeito e de consideração pelos ouvintes que são afinal quem lhes paga o salário que recebem no final de cada mês. Entre os ouvintes do programa que têm escrito textos eloquentes sobre o mesmo contam-se o jornalista Adelino Gomes (nas páginas do “Público”) e o professor Manuel Pinto, docente do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho. Este último, não deixou de condenar a infeliz e absurda decisão da direcção da Antena 1, no seu blogue “Jornalismo e Comunicação” (http://www.webjornal.blogspot.com/): «Acabou há pouco mais uma edição do programa da Antena 1 Lugar ao Sul. Começa depois das notícias das 7 e vai até cerca das 9, em cada sábado. É um clássico da RDP que tem muitos ouvintes em segmentos diversificados da audiência. Colocar um programa destes ao sábado e a uma hora destas é, de algum modo, liquidá-lo para muitos interessados em o ouvir» (05-03-2005). Também o blogger Rogério Santos (http://industrias-culturais.blogspot.com/) saiu em apoio do Prof. Manuel Pinto acrescentando: «No programa, desenrolam-se conversas amenas, diria de recolha antropológica, com pessoas velhas (ou menos velhas), que falam das suas memórias e das músicas que ouve(ia)m, canta(va)m e toca(va)m. O Lugar ao sul é uma marca fundamental do registo da cultura nomeadamente alentejana, de uma fantástica riqueza em termos de repertório musical. A par de selecção invejável de música portuguesa de todo o país (e não a dos tops ou da linha pimba). A cultura e o património de um país também precisam de gritos de alerta, como o que aqui fizemos o ano passado acerca do Museu da Rádio, exactamente pertencente à mesma entidade pública.» Do mesmo modo, João Paulo Meneses (http://ouve-se.blogspot.com/) não deixou de manifestar a sua opinião: «Ouço o Lugar ao Sul quase todos os sábados ... e não tenho dúvidas - até já o escrevi aqui, há uns meses - que é uma espécie de programa-modelo daquilo que é a minha concepção de rádio pública* (mas desejável, também, numa rádio com o perfil da TSF). Por isso subscrevo aquilo que Manuel Pinto e Rogério Santos escreveram - sete da manhã de sábado é um castigo absolutamente incompreensível - para Rafael Correia? Não, para os seus ouvintes! * A RDP deveria incentivar o aparecimento de outros programas deste género, que potenciam a cultura de Portugal, noutras regiões do país». Por último, Jorge Guimarães Silva (http://telefonia.weblogger.terra.com.br/) veio subscrever as opiniões anteriores rematando: «A rádio pública é paga por todos e se um programa é reconhecido por ser um verdadeiro serviço público então estas vozes, às quais junto a minha, deviam de ser escutadas pela direcção de programas». Num comentário a este ‘post’, o radialista António Cardoso Pinto escreveria em 08-04-2005: «O Manuel Pinto, o Rogério Santos, o João Paulo Meneses e o Álvaro José Ferreira têm toda a razão nas opiniões que expressaram. É, de facto, lamentável o que estão a fazer ao programa do Rafael Correia. O "Lugar ao Sul" é o programa mais antigo da Antena 1 e com bom nível de audiência. Programa único no seu estilo. É, pelas opiniões já manifestadas neste blog, totalmente errado alterar o seu horário. Porque o conheço e o respeito e sempre admirei o seu trabalho, quero enviar um forte abraço ao Rafael Correia. Força, Companheiro!» A marginalização a que o programa “Lugar ao Sul” foi votado insere-se na estratégia que vem sendo implementada na Antena 1, alegadamente para rejuvenescer o auditório e conquistar públicos mais urbanos, isto de acordo com uma entrevista dada ao “Público”, em 09-02-2004, pelo então director-geral da Antena 1 (actual director de informação da RTP), António Luís Marinho. Aproveito para recomendar a leitura de um comentário pertinente e certeiro a essa entrevista que Jorge Guimarães Silva escreveu no seu blogue (http://telefonia.weblogger.terra.com.br/) e que junto em anexo. O sucessor de António Luís Marinho na direcção de programas, o jornalista Tiago Alves, que aquele fora buscar à TSF para o coadjuvar, em meados de 2003, vem dando continuidade a essa filosofia totalmente errada e criminosa numa rádio que deve, por obrigação contratual, prestar serviço público a toda a população portuguesa. Com o anunciado propósito de captar audiências jovens nas zonas urbanas (eu diria antes suburbanas), os conteúdos musicais da Antena 1 foram completamente alterados passando a ser privilegiadas as músicas que são supostamente do agrado desses jovens e as que alegadamente eles não apreciam – o fado e a música de raiz ou inspiração tradicional – foram completamente banidas. Assim, os alinhamentos passaram a ser preenchidos exclusivamente por música pop internacional entremeada por meia-dúzia de canções (sempre as mesmas) da pop portuguesa que são repetidas até à exaustão. Obrigar os habitantes de um país com 92 000 Km2 (que, apesar de tudo, ainda preserva uma razoável diversidade cultural) a ouvir as músicas do agrado dos jovens da cintura suburbana de Lisboa é um completo disparate. O que não falta são rádios dedicadas aos jovens urbanos e suburbanos. A própria RDP, em 1994, criou um canal a eles dedicado – a Antena 3. Escusado será dizer que os segmentos da população portuguesa que tinham na Antena 1 uma alternativa à mediocridade que reina na generalidade das privadas deixaram de poder ouvir rádio, a não ser que gostem de música clássica e não se importem de prescindir da música de qualidade de outros géneros. No meu caso particular, não tive outro remédio que passar a refugiar-me na Antena 2, e se quiser ouvir música não clássica sou mesmo obrigado a recorrer à minha discoteca pessoal. Não é razoável que, com o argumento de um alegado rejuvenescimento do auditório da Antena 1, se esteja pura e simplesmente a desrespeitar os outros segmentos do auditório que são, afinal de contas, quem paga para um serviço que lhes está a ser negado. Como nasci em 1974, ainda me considero jovem (além de urbano) e, a apesar de também gostar de música anglo-americana, não consigo tragar a que passou a predominar na Antena 1, porque a acho de terceira categoria. A melhor música anglo-americana está completamente arredada, presumo que por ser menos comercial e não fazer parte dos tops de vendas. Mas isto é completamente absurdo, porque a Antena 1, enquanto concessionária de serviço público de rádio, não deve servir para satisfazer os interesses comerciais das editoras discográficas, designadamente as ‘majors’ norte-americanas. Para isso existem as privadas que vivem da publicidade e têm forçosamente de lutar pelo bolo publicitário. No entanto, a rádio pública está a comportar-se como se fizesse parte dessa guerra, atirando às urtigas o serviço público, mas vangloriando-se por ter conquistado umas míseras décimas percentuais nas audiências. A que preço?! Cabe-me perguntar: vale a pena os contribuintes estarem a suportar uma rádio igual às outras? A resposta é obvia. A rádio pública só faz sentido se, para além de uma informação isenta e plural, oferecer uma programação musical diversificada e de qualidade que eleve o nível de exigência dos ouvintes e, por arrastamento, contribua para a subida do patamar de qualidade do panorama radiofónico em Portugal. Tal como está a acontecer na Antena 1, também o canal 1 da RTP teve durante alguns anos uma idêntica estratégia de mimetização das estações privadas, mas desde que Emídio Rangel foi dispensado da televisão pública tem-se registado uma notória e crescente melhoria na programação. E comparando as audiências de então com as de agora, teremos de concluir, em abono da verdade, que o aumento de qualidade não acarretou uma diminuição das audiências. É urgente que seja feito o mesmo na RDP-Antena 1! Senhor Ministro, de que é que está à espera? Com os mais respeitosos cumprimentos, Álvaro José Ferreira

Exmo. Senhor Ministro dos Assuntos Parlamentares Dr. Augusto Santos Silva, Em declarações feitas na televisão e na imprensa, o Senhor Ministro tem defendido que o serviço público de rádio e de televisão deve contar com a intervenção crítica dos cidadãos. Ora é justamente isso que eu e outros ouvintes da rádio pública temos feito mas, infelizmente, tanto a direcção de programas da Antena 1 como a administração da RDP parecem não estar de acordo com o Senhor Ministro, já que as sugestões e propostas construtivas que vimos apresentando não têm obtido a menor receptividade. Nesta conformidade, não me resta outra alternativa que vir mais uma vez interceder junto de V. Exa., aproveitando o ensejo para lhe fornecer elementos que complementem a carta que lhe enviei em 03 de Junho de 2005. Dos escassos programas da Antena 1 que se podem considerar serviço público, o “Lugar ao Sul” é indubitavelmente um deles. Mas apesar desta evidência a que acresce o facto do programa ter uma audiência vasta e heterogénea em todo o país e em diversos estratos sócio-culturais, o programa foi inexplicavelmente relegado para um horário esconso que torna impraticável a sua audição por muitos ouvintes interessados. De acordo com o que consta no site da Rádio e Televisão de Portugal, e depois de um interregno para férias, o programa voltará à antena no dia 03 de Setembro, a partir das 07 horas da manhã. Com efeito, trata-se de um horário inconcebível para um programa de autor com a qualidade que lhe é reconhecida. Quando tal alteração foi arbitrariamente praticada, foram muitas as reclamações e protestos, quer por telefone quer por escrito, que chegaram à Antena 1, mas a verdade é que a direcção da Antena 1 bem como a administração da RDP primaram (e continuam a primar) por uma prepotência e autismo de todo inadmissíveis numa rádio pública. Friso bem a expressão ‘rádio pública’ porque se trata de uma estação que é financiada por todos os portugueses através da taxa de radiodifusão (agora denominada contribuição do audiovisual) cobrada mensalmente na factura da electricidade e também através dos impostos pois a Rádio e Televisão de Portugal recebe anualmente uma dotação do Orçamento de Estado ao abrigo do contrato de concessão de serviço público. Sendo ouvinte assíduo do programa, escusado será dizer que fiquei imensamente revoltado e indignado com a descabida e desajustada decisão da direcção da RDP-Antena 1, e que revela não só uma grande má-fé para com o grande profissional que é Rafael Correia mas também – e ainda pior - um inadmissível falta de respeito e de consideração pelos ouvintes que são afinal quem lhes paga o salário que recebem no final de cada mês. Entre os ouvintes do programa que têm escrito textos eloquentes sobre o mesmo contam-se o jornalista Adelino Gomes (nas páginas do “Público”) e o professor Manuel Pinto, docente do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho. Este último, não deixou de condenar a infeliz e absurda decisão da direcção da Antena 1, no seu blogue “Jornalismo e Comunicação” (http://www.webjornal.blogspot.com/): «Acabou há pouco mais uma edição do programa da Antena 1 Lugar ao Sul. Começa depois das notícias das 7 e vai até cerca das 9, em cada sábado. É um clássico da RDP que tem muitos ouvintes em segmentos diversificados da audiência. Colocar um programa destes ao sábado e a uma hora destas é, de algum modo, liquidá-lo para muitos interessados em o ouvir» (05-03-2005). Também o blogger Rogério Santos (http://industrias-culturais.blogspot.com/) saiu em apoio do Prof. Manuel Pinto acrescentando: «No programa, desenrolam-se conversas amenas, diria de recolha antropológica, com pessoas velhas (ou menos velhas), que falam das suas memórias e das músicas que ouve(ia)m, canta(va)m e toca(va)m. O Lugar ao sul é uma marca fundamental do registo da cultura nomeadamente alentejana, de uma fantástica riqueza em termos de repertório musical. A par de selecção invejável de música portuguesa de todo o país (e não a dos tops ou da linha pimba). A cultura e o património de um país também precisam de gritos de alerta, como o que aqui fizemos o ano passado acerca do Museu da Rádio, exactamente pertencente à mesma entidade pública.» Do mesmo modo, João Paulo Meneses (http://ouve-se.blogspot.com/) não deixou de manifestar a sua opinião: «Ouço o Lugar ao Sul quase todos os sábados ... e não tenho dúvidas - até já o escrevi aqui, há uns meses - que é uma espécie de programa-modelo daquilo que é a minha concepção de rádio pública* (mas desejável, também, numa rádio com o perfil da TSF). Por isso subscrevo aquilo que Manuel Pinto e Rogério Santos escreveram - sete da manhã de sábado é um castigo absolutamente incompreensível - para Rafael Correia? Não, para os seus ouvintes! * A RDP deveria incentivar o aparecimento de outros programas deste género, que potenciam a cultura de Portugal, noutras regiões do país». Por último, Jorge Guimarães Silva (http://telefonia.weblogger.terra.com.br/) veio subscrever as opiniões anteriores rematando: «A rádio pública é paga por todos e se um programa é reconhecido por ser um verdadeiro serviço público então estas vozes, às quais junto a minha, deviam de ser escutadas pela direcção de programas». Num comentário a este ‘post’, o radialista António Cardoso Pinto escreveria em 08-04-2005: «O Manuel Pinto, o Rogério Santos, o João Paulo Meneses e o Álvaro José Ferreira têm toda a razão nas opiniões que expressaram. É, de facto, lamentável o que estão a fazer ao programa do Rafael Correia. O "Lugar ao Sul" é o programa mais antigo da Antena 1 e com bom nível de audiência. Programa único no seu estilo. É, pelas opiniões já manifestadas neste blog, totalmente errado alterar o seu horário. Porque o conheço e o respeito e sempre admirei o seu trabalho, quero enviar um forte abraço ao Rafael Correia. Força, Companheiro!» A marginalização a que o programa “Lugar ao Sul” foi votado insere-se na estratégia que vem sendo implementada na Antena 1, alegadamente para rejuvenescer o auditório e conquistar públicos mais urbanos, isto de acordo com uma entrevista dada ao “Público”, em 09-02-2004, pelo então director-geral da Antena 1 (actual director de informação da RTP), António Luís Marinho. Aproveito para recomendar a leitura de um comentário pertinente e certeiro a essa entrevista que Jorge Guimarães Silva escreveu no seu blogue (http://telefonia.weblogger.terra.com.br/) e que junto em anexo. O sucessor de António Luís Marinho na direcção de programas, o jornalista Tiago Alves, que aquele fora buscar à TSF para o coadjuvar, em meados de 2003, vem dando continuidade a essa filosofia totalmente errada e criminosa numa rádio que deve, por obrigação contratual, prestar serviço público a toda a população portuguesa. Com o anunciado propósito de captar audiências jovens nas zonas urbanas (eu diria antes suburbanas), os conteúdos musicais da Antena 1 foram completamente alterados passando a ser privilegiadas as músicas que são supostamente do agrado desses jovens e as que alegadamente eles não apreciam – o fado e a música de raiz ou inspiração tradicional – foram completamente banidas. Assim, os alinhamentos passaram a ser preenchidos exclusivamente por música pop internacional entremeada por meia-dúzia de canções (sempre as mesmas) da pop portuguesa que são repetidas até à exaustão. Obrigar os habitantes de um país com 92 000 Km2 (que, apesar de tudo, ainda preserva uma razoável diversidade cultural) a ouvir as músicas do agrado dos jovens da cintura suburbana de Lisboa é um completo disparate. O que não falta são rádios dedicadas aos jovens urbanos e suburbanos. A própria RDP, em 1994, criou um canal a eles dedicado – a Antena 3. Escusado será dizer que os segmentos da população portuguesa que tinham na Antena 1 uma alternativa à mediocridade que reina na generalidade das privadas deixaram de poder ouvir rádio, a não ser que gostem de música clássica e não se importem de prescindir da música de qualidade de outros géneros. No meu caso particular, não tive outro remédio que passar a refugiar-me na Antena 2, e se quiser ouvir música não clássica sou mesmo obrigado a recorrer à minha discoteca pessoal. Não é razoável que, com o argumento de um alegado rejuvenescimento do auditório da Antena 1, se esteja pura e simplesmente a desrespeitar os outros segmentos do auditório que são, afinal de contas, quem paga para um serviço que lhes está a ser negado. Como nasci em 1974, ainda me considero jovem (além de urbano) e, a apesar de também gostar de música anglo-americana, não consigo tragar a que passou a predominar na Antena 1, porque a acho de terceira categoria. A melhor música anglo-americana está completamente arredada, presumo que por ser menos comercial e não fazer parte dos tops de vendas. Mas isto é completamente absurdo, porque a Antena 1, enquanto concessionária de serviço público de rádio, não deve servir para satisfazer os interesses comerciais das editoras discográficas, designadamente as ‘majors’ norte-americanas. Para isso existem as privadas que vivem da publicidade e têm forçosamente de lutar pelo bolo publicitário. No entanto, a rádio pública está a comportar-se como se fizesse parte dessa guerra, atirando às urtigas o serviço público, mas vangloriando-se por ter conquistado umas míseras décimas percentuais nas audiências. A que preço?! Cabe-me perguntar: vale a pena os contribuintes estarem a suportar uma rádio igual às outras? A resposta é obvia. A rádio pública só faz sentido se, para além de uma informação isenta e plural, oferecer uma programação musical diversificada e de qualidade que eleve o nível de exigência dos ouvintes e, por arrastamento, contribua para a subida do patamar de qualidade do panorama radiofónico em Portugal. Tal como está a acontecer na Antena 1, também o canal 1 da RTP teve durante alguns anos uma idêntica estratégia de mimetização das estações privadas, mas desde que Emídio Rangel foi dispensado da televisão pública tem-se registado uma notória e crescente melhoria na programação. E comparando as audiências de então com as de agora, teremos de concluir, em abono da verdade, que o aumento de qualidade não acarretou uma diminuição das audiências. É urgente que seja feito o mesmo na RDP-Antena 1! Senhor Ministro, de que é que está à espera? Com os mais respeitosos cumprimentos, Álvaro José Ferreira

marcar artigo