Cow-Parade neo-liberal.A conveniência em se marcar o trabalho… para os intervalos dos jogos faz-me lembrar um professor que tive no Liceu em Luanda e que se irritava por também sermos assim.Ainda não se tinha extinguido o toque para o intervalo, e já a turma disparava em direcção ao campo de jogos. As “linhas”, como chamávamos às equipas, já estavam escolhidas para não se perder tempo com isso.Bola no meio campo… e, vamos a isto.O jogo interrompia-se com o toque da campainha, para recomeçar no intervalo seguinte no mesmo ponto em que aquele apito desagradável o tinha feito parar. Normalmente durava todos os intervalos da manhã.Ao toque do fim do intervalo a corrida fazia-se na direcção oposta, com o tropel a terminar em aterragens nas carteiras, onde, durante os seguintes cinquenta minutos íamos evaporar o suor que nos ensopava as camisas.Quando calhava ser aula de português, o professor Almeida costumava atirar-nos a evidência: “o Liceu é para se jogar à bola, e as aulas servem para descansar”.Passados todos estes anos, há semelhanças que trazem à boca uma sensação de regresso.Havendo um parlamento em que o futebol também conta muito, as sessões poderiam servir para digerir a ginguba, quando a falta mal assinalada ao Figo a fizer deglutir mal mastigada, e o gole da imperial der um nó nas gargantas a desviar para canto o golo que parecia certo mas seria injusto se tivesso sido.A grande diferença é que eram dos exames as dores de estômago que naquela altura assinalavam o pouco estudo e muita bola, e agora serão apenas de ginguba mal mastigada. Também agora, graças (também) à providência do ar condicionado, não se sentem vestígios de suor nas camisas dos senhores deputados.A semelhança está no jogo também se fazer à volta das borlas, como dizem os jornais.
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Cow-Parade neo-liberal.A conveniência em se marcar o trabalho… para os intervalos dos jogos faz-me lembrar um professor que tive no Liceu em Luanda e que se irritava por também sermos assim.Ainda não se tinha extinguido o toque para o intervalo, e já a turma disparava em direcção ao campo de jogos. As “linhas”, como chamávamos às equipas, já estavam escolhidas para não se perder tempo com isso.Bola no meio campo… e, vamos a isto.O jogo interrompia-se com o toque da campainha, para recomeçar no intervalo seguinte no mesmo ponto em que aquele apito desagradável o tinha feito parar. Normalmente durava todos os intervalos da manhã.Ao toque do fim do intervalo a corrida fazia-se na direcção oposta, com o tropel a terminar em aterragens nas carteiras, onde, durante os seguintes cinquenta minutos íamos evaporar o suor que nos ensopava as camisas.Quando calhava ser aula de português, o professor Almeida costumava atirar-nos a evidência: “o Liceu é para se jogar à bola, e as aulas servem para descansar”.Passados todos estes anos, há semelhanças que trazem à boca uma sensação de regresso.Havendo um parlamento em que o futebol também conta muito, as sessões poderiam servir para digerir a ginguba, quando a falta mal assinalada ao Figo a fizer deglutir mal mastigada, e o gole da imperial der um nó nas gargantas a desviar para canto o golo que parecia certo mas seria injusto se tivesso sido.A grande diferença é que eram dos exames as dores de estômago que naquela altura assinalavam o pouco estudo e muita bola, e agora serão apenas de ginguba mal mastigada. Também agora, graças (também) à providência do ar condicionado, não se sentem vestígios de suor nas camisas dos senhores deputados.A semelhança está no jogo também se fazer à volta das borlas, como dizem os jornais.