Praias

17-03-2008
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Quem a viu e quem a vê Por Ana Peixoto Fernandes Quarta Feira, 18 de Julho de 2001 Da fileira de bares que outrora se formava na praia, alguns dos quais a funcionar noite dentro, pouco resta. Quanto às dezenas de barracas de lona que ainda não há muitos anos se perfilavam no areal, quase não há sinal e, como a Câmara de Caminha não apresentou candidatura, este ano nem a bandeira azul se encontra hasteada. Sem esquecer a bola gigante com publicidade, que também foi um ar que lhe deu. Sentado na areal, Henrique Porto, 20 anos, não tira os olhos do mar. É o seu segundo Verão como nadador-salvador em Moledo e não se conforma com as transformações ocorridas de há um ano para cá. "O mar levou a areia toda", lamenta. "Que me lembre, a praia nunca esteve assim." E, entre o desolado e o surpreso, desabafa: "Nunca se sabe, de uma semana para outra, se ainda se vai encontrar a praia como estava..."

Do ano passado para este, o areal de Moledo ficou reduzido a praticamente metade, devido ao avanço do mar, que agora, na maré cheia, quase embate no paredão. Daí que Henrique Porto, contratado pelo concessionário do único apoio de praia existente, seja sozinho, ou quase (talvez se lhe junte um companheiro, com a instalação de um segundo bar), na tarefa de vigilância da praia.

Também Abílio Barros, de 44 anos, residente em Moledo há três mas conhecedor da zona de longa data, estranha a transformação e não esconde uma ponta de consternação. "A praia é uma delícia, mas neste momento as condições que apresenta são mínimas para que as pessoas possam aqui desfrutar de um bom Verão." E como que a comprovar o que diz, acrescenta: "Já só temos mais dois meses de praia e a afluência tem sido muito pouca."

Mais optimista quanto ao futuro da zona balnear parece estar Maria da Conceição Palma, de 52 anos, metade dos quais à frente de um dos mais antigos e conceituados bares-restaurantes da beira da praia. Apesar de ter bem presente que há dez anos, em Julho, "mal se conseguia passar" no areal, tantas eram as toalhas estendidas, e que, em hoje em dia, "no mês de Agosto se pode passear tranquilamente", sem nada nem ninguém onde se tropece, não desanima. "Esta história toda, de que o mar subiu, as águas perderam qualidade, não há bandeira azul, veio dar publicidade à praia", nota. Só lamenta uma coisa: que tenham desaparecido os apoios de praia, porque "agora ela está nua, nem é selvagem nem é civilizada".

No mês de Agosto, o bar de que é proprietária há 22 anos é, na hora da paparoca, o poiso predilecto de figuras públicas nacionais como Jorge Sampaio, Durão Barroso, Augusto Santos Silva ou Manuel Monteiro - do mundo da política -, o futebolista Sá Pinto e, na esfera das artes, o cantor Carlos Mendes ou o maestro Vitorino de Almeida. Sobre elas, Conceição Palma tem um rol de histórias para contar. E é nelas que continua a depositar esperanças para darem continuidade ao que a natureza teima em eliminar e o homem não ousa contrariar.

"Para o 'jet-set' isto não vai perder", assegura confiante. "Eles têm aqui muitos amigos e alguns até têm cá casa. Vai ser muito difícil debandarem para outros lados."

Quem a viu e quem a vê Por Ana Peixoto Fernandes Quarta Feira, 18 de Julho de 2001 Da fileira de bares que outrora se formava na praia, alguns dos quais a funcionar noite dentro, pouco resta. Quanto às dezenas de barracas de lona que ainda não há muitos anos se perfilavam no areal, quase não há sinal e, como a Câmara de Caminha não apresentou candidatura, este ano nem a bandeira azul se encontra hasteada. Sem esquecer a bola gigante com publicidade, que também foi um ar que lhe deu. Sentado na areal, Henrique Porto, 20 anos, não tira os olhos do mar. É o seu segundo Verão como nadador-salvador em Moledo e não se conforma com as transformações ocorridas de há um ano para cá. "O mar levou a areia toda", lamenta. "Que me lembre, a praia nunca esteve assim." E, entre o desolado e o surpreso, desabafa: "Nunca se sabe, de uma semana para outra, se ainda se vai encontrar a praia como estava..."

Do ano passado para este, o areal de Moledo ficou reduzido a praticamente metade, devido ao avanço do mar, que agora, na maré cheia, quase embate no paredão. Daí que Henrique Porto, contratado pelo concessionário do único apoio de praia existente, seja sozinho, ou quase (talvez se lhe junte um companheiro, com a instalação de um segundo bar), na tarefa de vigilância da praia.

Também Abílio Barros, de 44 anos, residente em Moledo há três mas conhecedor da zona de longa data, estranha a transformação e não esconde uma ponta de consternação. "A praia é uma delícia, mas neste momento as condições que apresenta são mínimas para que as pessoas possam aqui desfrutar de um bom Verão." E como que a comprovar o que diz, acrescenta: "Já só temos mais dois meses de praia e a afluência tem sido muito pouca."

Mais optimista quanto ao futuro da zona balnear parece estar Maria da Conceição Palma, de 52 anos, metade dos quais à frente de um dos mais antigos e conceituados bares-restaurantes da beira da praia. Apesar de ter bem presente que há dez anos, em Julho, "mal se conseguia passar" no areal, tantas eram as toalhas estendidas, e que, em hoje em dia, "no mês de Agosto se pode passear tranquilamente", sem nada nem ninguém onde se tropece, não desanima. "Esta história toda, de que o mar subiu, as águas perderam qualidade, não há bandeira azul, veio dar publicidade à praia", nota. Só lamenta uma coisa: que tenham desaparecido os apoios de praia, porque "agora ela está nua, nem é selvagem nem é civilizada".

No mês de Agosto, o bar de que é proprietária há 22 anos é, na hora da paparoca, o poiso predilecto de figuras públicas nacionais como Jorge Sampaio, Durão Barroso, Augusto Santos Silva ou Manuel Monteiro - do mundo da política -, o futebolista Sá Pinto e, na esfera das artes, o cantor Carlos Mendes ou o maestro Vitorino de Almeida. Sobre elas, Conceição Palma tem um rol de histórias para contar. E é nelas que continua a depositar esperanças para darem continuidade ao que a natureza teima em eliminar e o homem não ousa contrariar.

"Para o 'jet-set' isto não vai perder", assegura confiante. "Eles têm aqui muitos amigos e alguns até têm cá casa. Vai ser muito difícil debandarem para outros lados."

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