Um prego no sapato

22-03-2005
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Há sinais evidentes que nos dizem que a Lei de Bases da Educação foi mesmo aprovada com os votos favoráveis da maioria governativa. E digo que há sinais evidentes, apenas porque não se fala no assunto, nem é fácil (eu não consegui) mirar o texto final de tão misterioso diploma. Pelo que dizem alguns dos que a viram (v.g. Augusto Santos Silva ) uma das medidas que contém é a alteração da orgânica do ensino básico e secundário no que diz respeito à definição de um e de outro. A extensão da escolaridade obrigatória para 12 anos, levou a que o que era 3º ciclo do ensino básico passasse a ser 1º ciclo do secundário. Não sei que consequências directas terá esta medida, e compreendo as apreensões de Santos Silva no que diz respeito à possibilidade de implicar uma definição precoce entre uma via de acesso ao Ensino Superior e outra com um sentido de “formação útil” imediata (a via profissionalizante). Neste assunto falo como pai de um aluno do 8º ano, desesperado com a apatia dos docentes que ali estão para cumprir uma espécie de penitência: nem ensinam, nem gerem, nem acreditam, não respeitam os alunos e não se interessam seja pelo que for (salvaguardo e saúdo as excepções que existem). Já aqui defendi que era urgente reintroduzir as avaliações (pelo menos) no 9º ano e volto a insistir nesta medida, por mais que ela possa ser considerada politicamente incorrecta. O 3º ciclo do básico corresponde a uma idade decisiva da formação da juventude, funcionando, positivamente, ao “Deus dará”. E não vou entrar em pormenores sobre as supinas razões de desmotivação profissional dos professores, porque as grandes vítimas são os alunos e isso devia merecer outra atenção de todos os participantes no processo educativo (recordo e corroboro uma recente afirmação de António Barreto sobre a expulsão dos pais das escolas). Não há nenhuma justificação plausível para o que está ser feito. E a culpa não é só do Ministério. A responsabilidade dos professores é enorme, e o persistente desleixo conta, sobretudo, com a não existência de avaliação adequada. A mediocridade cinzenta esbate-se numa corporativa intimidade de que ninguém quer sair. Por isso me parece que a passagem do 3º ciclo do Básico a 1º ciclo do Secundário pode ser uma medida positiva se implicar uma nova forma de encarar aqueles três anos decisivos da formação dos jovens.Que nem tudo se perca desta misteriosa Lei de Bases.

Há sinais evidentes que nos dizem que a Lei de Bases da Educação foi mesmo aprovada com os votos favoráveis da maioria governativa. E digo que há sinais evidentes, apenas porque não se fala no assunto, nem é fácil (eu não consegui) mirar o texto final de tão misterioso diploma. Pelo que dizem alguns dos que a viram (v.g. Augusto Santos Silva ) uma das medidas que contém é a alteração da orgânica do ensino básico e secundário no que diz respeito à definição de um e de outro. A extensão da escolaridade obrigatória para 12 anos, levou a que o que era 3º ciclo do ensino básico passasse a ser 1º ciclo do secundário. Não sei que consequências directas terá esta medida, e compreendo as apreensões de Santos Silva no que diz respeito à possibilidade de implicar uma definição precoce entre uma via de acesso ao Ensino Superior e outra com um sentido de “formação útil” imediata (a via profissionalizante). Neste assunto falo como pai de um aluno do 8º ano, desesperado com a apatia dos docentes que ali estão para cumprir uma espécie de penitência: nem ensinam, nem gerem, nem acreditam, não respeitam os alunos e não se interessam seja pelo que for (salvaguardo e saúdo as excepções que existem). Já aqui defendi que era urgente reintroduzir as avaliações (pelo menos) no 9º ano e volto a insistir nesta medida, por mais que ela possa ser considerada politicamente incorrecta. O 3º ciclo do básico corresponde a uma idade decisiva da formação da juventude, funcionando, positivamente, ao “Deus dará”. E não vou entrar em pormenores sobre as supinas razões de desmotivação profissional dos professores, porque as grandes vítimas são os alunos e isso devia merecer outra atenção de todos os participantes no processo educativo (recordo e corroboro uma recente afirmação de António Barreto sobre a expulsão dos pais das escolas). Não há nenhuma justificação plausível para o que está ser feito. E a culpa não é só do Ministério. A responsabilidade dos professores é enorme, e o persistente desleixo conta, sobretudo, com a não existência de avaliação adequada. A mediocridade cinzenta esbate-se numa corporativa intimidade de que ninguém quer sair. Por isso me parece que a passagem do 3º ciclo do Básico a 1º ciclo do Secundário pode ser uma medida positiva se implicar uma nova forma de encarar aqueles três anos decisivos da formação dos jovens.Que nem tudo se perca desta misteriosa Lei de Bases.

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