Sátira Direita

19-07-2005
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O 'top' dos rendimentos Freitas do Amaral 570.757,14Manuel Pinho 413.870,57Campos e Cunha 216.300,98Mário Lino 158.517,42Nunes Correia 123.858,95Correia de Campos 110.092,98Luís Amado 106.518,10Alberto Costa 96.883,47Jaime Silva 82.648,24António Costa 78.443,09Mariano Gago 73.078,94Augusto Santos Silva 72.024,38Isabel Pires de Lima 86.153,68Pedro Silva Pereira 57.612,16José Sócrates 55.837Vieira da Silva 52.424,38Lurdes Rodrigues 47.980,01(De acordo com a última declaração de IRS, valores ilíquidos, em euros)O AVARENTO ROUBADOHarpagão(Vindo a gritar desde o quintal até entrar em cena, com as feições desconcertadas, e no auge do terror) Aqui de el-rei, ladrões! Ladrões, aqui de el-rei! Querem-me assassinar. Mataram-me. Acabei. Justiça, Deus do céu! Ó da ronda! Ó da guarda! Estou perdido e morto! um chuço! uma espingarda! Roubaram-me o meu sangue, os meus dez mil cruzados! Quem seria? Quem foi? Persigam-me os malvados! Quem mos trouxer co roubo of'reço-lhe um quartinho... meia moeda... mais, que eu nunca fui mesquinho. Para onde fugiu? Onde está ele? Aonde? Corram, vasculhem tudo, a ver onde se esconde. Ali não!... Aqui não!.. Agarra o bandoleiro! Vê-lo cá vai... Agarra, agarra o meu dinheiro!(Agita-se bracejando à doida, e agarra com a mão direita o braço esquerdo)Filei-te, mariolão! Larga o que não é teu!... Estou perdido e doido: o que apanhei fui eu. E eu quem sou? Onde estou? Que hei-de fazer? Que posso? Ah, meus ricos dobrões, se eu era todo vosso, como pudestes vós deixar-me só no mundo? Que situação! Que horror! Que inferno tão profundo! Ninguém tem dó de mim; sou Lázaro; sou Job. (Chora e soluça despropositadamente)Perdi tudo, e ninguém de mim tem dó.(Numa explosão de delírio)Enforcar tudo a esmo, até que surda alguém co meu cofre; aliás enforco-me eu também. ............................... De que me hei-de valer? Demónio, eu te requeiro: leva-me um olho... e as dois, mas dá-me o meu dinheiro! (Tradução de O Avarento de Molière, final do acto IV - Feliciano de Castilho)

O 'top' dos rendimentos Freitas do Amaral 570.757,14Manuel Pinho 413.870,57Campos e Cunha 216.300,98Mário Lino 158.517,42Nunes Correia 123.858,95Correia de Campos 110.092,98Luís Amado 106.518,10Alberto Costa 96.883,47Jaime Silva 82.648,24António Costa 78.443,09Mariano Gago 73.078,94Augusto Santos Silva 72.024,38Isabel Pires de Lima 86.153,68Pedro Silva Pereira 57.612,16José Sócrates 55.837Vieira da Silva 52.424,38Lurdes Rodrigues 47.980,01(De acordo com a última declaração de IRS, valores ilíquidos, em euros)O AVARENTO ROUBADOHarpagão(Vindo a gritar desde o quintal até entrar em cena, com as feições desconcertadas, e no auge do terror) Aqui de el-rei, ladrões! Ladrões, aqui de el-rei! Querem-me assassinar. Mataram-me. Acabei. Justiça, Deus do céu! Ó da ronda! Ó da guarda! Estou perdido e morto! um chuço! uma espingarda! Roubaram-me o meu sangue, os meus dez mil cruzados! Quem seria? Quem foi? Persigam-me os malvados! Quem mos trouxer co roubo of'reço-lhe um quartinho... meia moeda... mais, que eu nunca fui mesquinho. Para onde fugiu? Onde está ele? Aonde? Corram, vasculhem tudo, a ver onde se esconde. Ali não!... Aqui não!.. Agarra o bandoleiro! Vê-lo cá vai... Agarra, agarra o meu dinheiro!(Agita-se bracejando à doida, e agarra com a mão direita o braço esquerdo)Filei-te, mariolão! Larga o que não é teu!... Estou perdido e doido: o que apanhei fui eu. E eu quem sou? Onde estou? Que hei-de fazer? Que posso? Ah, meus ricos dobrões, se eu era todo vosso, como pudestes vós deixar-me só no mundo? Que situação! Que horror! Que inferno tão profundo! Ninguém tem dó de mim; sou Lázaro; sou Job. (Chora e soluça despropositadamente)Perdi tudo, e ninguém de mim tem dó.(Numa explosão de delírio)Enforcar tudo a esmo, até que surda alguém co meu cofre; aliás enforco-me eu também. ............................... De que me hei-de valer? Demónio, eu te requeiro: leva-me um olho... e as dois, mas dá-me o meu dinheiro! (Tradução de O Avarento de Molière, final do acto IV - Feliciano de Castilho)

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