Funes, el memorioso: Bons pensamentos, antes de ir para a cama

30-09-2009
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Fosse eu primeiro-ministro, e a primeira medida que tomava era mandar alcatroar as praias todas. A seguir aos telemóveis, não há nada mais odioso no mundo do que a areia. A não ser, talvez, a fotografia de John Lennon nu com o ogre japonês que lhe deu cabo do talento; ou a Fátima Lopes, modista, a rir-se seminua; ou o José Lello; ou o Guterres com borbulhas na cara a choramingar pieguices; ou a Manuela Moura Guedes de boca aberta a confraternizar com a moral e a ética; ou o marido a armar-se em tipo que percebe de televisão; ou o Luís Filipe Vieira a dizer que foi roubado; ou o Durão Barroso a tentar articular uma frase com nexo; ou o Herman José a fingir que está vivo; ou o tipo do talho que há três dias se passeia pela Ilha Terceira e pelos noticiários da SIC, porque ganhou o totoloto canadiano; ou o Sócrates a aparecer na televisão, sem ser a levar chapadas; ou os palhaços no circo; ou os médicos do Hospital de S. João que todos os dias dão entrevistas ao "Bom Dia, Portugal" da RTP1, explicando a terrível febre do parasita hemíptero escondido na unha do dedo grande do pé, de que sofrem 25.000.000 de portugueses sem o saber; ou o Ascenso Simões; ou o "im-pe-cá-vel, Jorge!", no anúncio da Barbearia do BCP; ou os livros de Raul Brandão; ou os místicos que praticam yoga, são vegetalianos e acreditam nas profecias de Nostradamus; ou o circo, mesmo sem palhaços e com o Luís de Matos; ou o "minuto verde" e os informativos de trânsito; ou os abomináveis "Xutos e Pontapés", quase tão maus como os "UHF"; ou o Luís Filipe Menezes, na Madeira, a dizer que tem um curso de medicina; ou o Luís Filipe Menezes no continente, a dizer o que quer que seja; ou o Marco António Costa; ou as estações dos CTT, onde agora se vendem faqueiros; ou os que dizem com orgulho que para lá do Marão mandam os que lá estão; ou o inacreditável patarata Telmo Correia; ou os estádios de Leiria e de Aveiro; ou a arquitectura de Alcino Soutinho; ou um senhor que é meu vizinho; ou a enjoativa expressão "dois pesos e duas medidas"; ou um par de sapatos apertados; ou o menino guerreiro; ou Mário Viegas sem graça absolutamente nenhuma, em "Kilas, o mau da fita"; ou a ASAE à procura da mafia dos furos dos chocolates "Regina"; ou o empregado de um restaurante em Évora, onde jantei numa noite de Agosto de 2000; ou Eunice Muñoz a falar como uma grande senhora do teatro português; ou a Simone de Oliveira a olhar-nos como se lhe devêssemos estar gratos por qualquer coisa que ela fez; ou o grupo PT; ou o antigo reitor do santuário de Fátima a louvaminhar o aborrecidíssimo papa João Paulo II; ou os azulejos do Portugal merdoso, com os dizeres "se vens por bem, entra a casa é tua, mas se vens por mal, também te digo que é melhor ficares na rua"; ou os filhos de Jesus Cristo e Maria Madalena, de Dan Brown; ou o Diário de Ann Frank; ou a nova lei da contratação pública; ou a para-cerveja "tango"; ou marisqueiras com lagostas e sapateiras a nadar num aquário; ou o secretário de Estado José Magalhães a dizer "é fabuloso", referindo-se à possibilidade de encomendar uma pizza pela internet; ou as t-shirts com a fronha do Che Guevara; ou os artigos sobre anorexia nos suplementos de fim-de-semana dos diários de referência; ou a top model Naomi Campbell; ou os catálogos do Lidl que me põem na caixa do correio...Ou um tipo da Praceta 25 de Abril em Gaia, chamado Damião.


Fosse eu primeiro-ministro, e a primeira medida que tomava era mandar alcatroar as praias todas. A seguir aos telemóveis, não há nada mais odioso no mundo do que a areia. A não ser, talvez, a fotografia de John Lennon nu com o ogre japonês que lhe deu cabo do talento; ou a Fátima Lopes, modista, a rir-se seminua; ou o José Lello; ou o Guterres com borbulhas na cara a choramingar pieguices; ou a Manuela Moura Guedes de boca aberta a confraternizar com a moral e a ética; ou o marido a armar-se em tipo que percebe de televisão; ou o Luís Filipe Vieira a dizer que foi roubado; ou o Durão Barroso a tentar articular uma frase com nexo; ou o Herman José a fingir que está vivo; ou o tipo do talho que há três dias se passeia pela Ilha Terceira e pelos noticiários da SIC, porque ganhou o totoloto canadiano; ou o Sócrates a aparecer na televisão, sem ser a levar chapadas; ou os palhaços no circo; ou os médicos do Hospital de S. João que todos os dias dão entrevistas ao "Bom Dia, Portugal" da RTP1, explicando a terrível febre do parasita hemíptero escondido na unha do dedo grande do pé, de que sofrem 25.000.000 de portugueses sem o saber; ou o Ascenso Simões; ou o "im-pe-cá-vel, Jorge!", no anúncio da Barbearia do BCP; ou os livros de Raul Brandão; ou os místicos que praticam yoga, são vegetalianos e acreditam nas profecias de Nostradamus; ou o circo, mesmo sem palhaços e com o Luís de Matos; ou o "minuto verde" e os informativos de trânsito; ou os abomináveis "Xutos e Pontapés", quase tão maus como os "UHF"; ou o Luís Filipe Menezes, na Madeira, a dizer que tem um curso de medicina; ou o Luís Filipe Menezes no continente, a dizer o que quer que seja; ou o Marco António Costa; ou as estações dos CTT, onde agora se vendem faqueiros; ou os que dizem com orgulho que para lá do Marão mandam os que lá estão; ou o inacreditável patarata Telmo Correia; ou os estádios de Leiria e de Aveiro; ou a arquitectura de Alcino Soutinho; ou um senhor que é meu vizinho; ou a enjoativa expressão "dois pesos e duas medidas"; ou um par de sapatos apertados; ou o menino guerreiro; ou Mário Viegas sem graça absolutamente nenhuma, em "Kilas, o mau da fita"; ou a ASAE à procura da mafia dos furos dos chocolates "Regina"; ou o empregado de um restaurante em Évora, onde jantei numa noite de Agosto de 2000; ou Eunice Muñoz a falar como uma grande senhora do teatro português; ou a Simone de Oliveira a olhar-nos como se lhe devêssemos estar gratos por qualquer coisa que ela fez; ou o grupo PT; ou o antigo reitor do santuário de Fátima a louvaminhar o aborrecidíssimo papa João Paulo II; ou os azulejos do Portugal merdoso, com os dizeres "se vens por bem, entra a casa é tua, mas se vens por mal, também te digo que é melhor ficares na rua"; ou os filhos de Jesus Cristo e Maria Madalena, de Dan Brown; ou o Diário de Ann Frank; ou a nova lei da contratação pública; ou a para-cerveja "tango"; ou marisqueiras com lagostas e sapateiras a nadar num aquário; ou o secretário de Estado José Magalhães a dizer "é fabuloso", referindo-se à possibilidade de encomendar uma pizza pela internet; ou as t-shirts com a fronha do Che Guevara; ou os artigos sobre anorexia nos suplementos de fim-de-semana dos diários de referência; ou a top model Naomi Campbell; ou os catálogos do Lidl que me põem na caixa do correio...Ou um tipo da Praceta 25 de Abril em Gaia, chamado Damião.

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